Cuiabá, Quinta-Feira, 14 de Agosto de 2025
R$ 10 MIL; VEJA
14.08.2025 | 10h01 Tamanho do texto A- A+

Prints mostram falso desembargador negociando entrega no TJ

As conversas revelam diálogo para a entrega de quantia em dinheiro no Judiciário

Reprodução

O sargento da Rotam Edson Soares de Moraes (detalhe) foi preso pelo caso

O sargento da Rotam Edson Soares de Moraes (detalhe) foi preso pelo caso

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

Prints da tela do celular do motorista de aplicativo que teria sido contratado para levar R$ 10 mil ao Tribunal de Justiça mostram o diálogo dele com a pessoa que se passou pelo desembargador José Zuquim Nogueira, presidente do TJ. 

Que o declarante não entrou em contato com o referido número e, suspeitando do conteúdo do envelope, acionou a segurança do TJ-MT

 

O sargento da Rotam (Rondas Ostensivas Tático-Móvel) Eduardo Soares de Moraes, suspeito de entregar o dinheiro, foi preso por falsidade ideológica e associação criminosa.

 

Segundo a Polícia, o motorista foi contratado para uma corrida e, ao chegar ao local, foi informado de que deveria pegar um pacote com uma pessoa chamada Eduardo, que seria o sargento.

 

Os prints mostram um intenso diálogo entre o motorista e o contratante. Às 18h19, o motorista manda mensagem para o falso desembargador. “Estou aqui. Com quem tenho que falar?”. Em seguida, o homem que se passa por Zuquim responde: “Eduardo. Está no estacionamento”.

 

O motorista, então, segue até estacionamento no Fórum e encontra o sargento em um veículo Toyota Corolla de cor prata. Acompanhado de uma mulher, o policial entrega o pacote ao motorista.

 

As câmeras de segurança foram verificadas e o levantamento indicou que o responsável pelo envio era o sargento da Rotam, que se apresentou voluntariamente à companhia a qual pertence e foi encaminhado à delegacia no dia seguinte.

 

Pacote com dinheiro

 

A conversa prossegue minutos depois. Às 18h27, o motorista diz ao falso desembargador: "Estou com a encomenda. Estou a caminho. Com quem devo deixar?”. Em seguida, a pessoa que se passa por Zuquim manda que ele envie mensagem a um número, pois a localização da entrega estava errada.

 

“Fala para a pessoa sair. Não posso passar meu contato por motivo de segurança”, explica o motorista.

 

O motorista prestou depoimento à Polícia sobre o caso.

 

“Que o declarante não entrou em contato com o referido número e, suspeitando do conteúdo do envelope, acionou a segurança do TJ-MT e na presença do policial militar abriu o envelope, constatando se tratar em dinheiro em espécie”, disse o motorista em depoimento à Polícia.

 

“Que após acionamento da coordenação do segurança do Tribunal, tomou conhecimento de que o suspeito havia utilizado o nome do presidente do Tribunal de Justiça, porém não havia encomenda alguma a ser recebida pela autoridade; que acredita que alguém tinha a ciência da presença do declarante com os policiais, pois em mensagens via aplicativo, o suspeito disse que não era aquele local, que o endereço estava errado e que o declarante estaria arrumando uma confusão”, afirmou.

 

O motorista ainda afirmou ter sido ameaçado, horas depois, por não entregar o dinheiro.

  

“Que por volta de 20h16 recebeu ligações e mensagens do número com indicação do nome "Eduardo F", com a finalidade de saber a localização do declarante e se o dinheiro ainda estava com ele; Que as conversas foram apagadas do aplicativo Whatsapp pelo suspeito; Que se recorda que dentre as mensagens havia o conteúdo de ameaça, em outros termos, que era para devolver o dinheiro senão estaria ferrado, e que se sumisse, Mato Grosso inteiro estaria atrás do declarante”, disse.

 

Estarrecido 

 

A história veio à tona depois que o desembaragador José Zuquim Nogueira publicou um vídeo explicando o episódio.

 

Zuquim relatou que o pacote chegou à guarita por meio do motorista de aplicartivo. “Alguém procuraria esse pacote. Como não foi procurado, ele [o motorista] se dirigiu ao policial militar [da segurança do TJ], que se surpreendeu e comunicou a responsável pela entrada”, disse Zuquim no vídeo.

 

A major responsável pela segurança identificou que o pacote continha R$ 10 mil. No aplicativo do motorista, ela encontrou o nome e a foto do desembargador, como se ele fosse o remetente do dinheiro. "Isso me surpreendeu muito, me deixou estarrecido e pedi para que o fato fosse verificado", disse. 

     

O desembargador afirmou que o caso ainda exige uma investigação detalhada para que se esclareça a verdade dos fatos. 

 

“Ratifico minha posição e, principalmente, o sentimento de surpresa diante dos fatos. Confio nas instituições e nas investigações, que certamente esclarecerão o que realmente aconteceu e os motivos por trás disso. Oportunamente trarei mais informações", pontuou. 


Veja os prints:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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