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GOLPES EM MT
09.02.2017 | 20h00 Tamanho do texto A- A+

"Tive R$ 2 milhões de prejuízo; estou arrebentado", diz vítima

Teilor Seidler contou como ocorreu golpe investigado pela Polícia Civil

Marcus Mesquita/MidiaNews

O empresário Teilor Seidler, que prestou depoimento no Fórum

O empresário Teilor Seidler, que prestou depoimento no Fórum

LUCAS RODRIGUES E ANDRÉ FAUST
DA REDAÇÃO

O empresário Teilor Seidler, que é uma das vítimas da suposta quadrilha de estelionatários investigados na Operação Castelo de Areia, disse que perdeu no mínimo R$ 2 milhões após investir na Soy Group, empresa usada para os golpes.

 

A declaração foi dada em audiência da ação penal derivada da operação, que ocorre nesta quarta-feira (08). Entre os réus da ação está o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Cuiabá, João Emanuel – atualmente preso.

 

"Além das viagens, cartório e estadia. Isso é no mínimo. Eu tive um prejuízo de 5 mil hectares de lavoura. Tive que demitir 18 funcionários fixos, que são cinco famílias. Fiquei arrebentado. Tô arrebentado até hoje. Fiquei sem crédito. Tive mais de 2 milhões de prejuízo, seguramente", contou.

 

Fiquei sem crédito. Tive mais de 2 milhões de prejuízo, seguramente

A audiência é conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital. Além de João Emanuel, são réus o irmão do ex-vereador, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima; os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, sua mulher Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, e Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.

 

Confira como foi a audiência:

 

Início do golpe (atualizado às 14h38)

 

Teilor Seidler contou que buscava recursos para o plantio de soja e, através de um conhecido, foi apresentado ao Marcelo de Melo Costa e ao Walter Magalhães.

"Ele me apresentou o pessoal porque tinha ouvido falar da empresa que tinha aporte financeiro. Eles [Marcelo e Walter] apresentaram uma linha de crédito bem atrativa, com juros baixo é pagamento a longo prazo"

"Eles confeccionaram as CPRs [espécie de garantia de grãos], meu jurídico olhou, tudo certo. Quando eu fui entregar as CPRs eles me falaram que precisaria abrir uma conta do Deutch Bank, sediado no Chile, e para isso precisaria de uma contrapartida por limite de crédito.

 

O empresário disse que depositou R$ 400 mil como garantia para conseguir o empréstimo.

"Eles criaram uma dificuldade para essa transferência do dinheiro pro exterior e me disseram que facilitariam isso. Eu depositei o dinheiro na conta deles. Parte na conta da Shirlei, parte na conta da empresa Kairos, que é uma empresa de construção".

 

Viagem com deputado (atualizado às 14h45)

 

Fui investigar o seguro e vi que era falso. E o dinheiro...nada

Teilor disse que chegou a ir ao Chile para abrir a conta exigida pelo grupo criminoso. O empresário afirmou que outros amigos também fizeram o mesmo e citou o deputado estadual Zeca Viana.

 

"Fui pro Chile uma segunda vez, com eles [Marcelo e Walter] e mais uns amigos que estavam fazendo isso também: Zeca Viana, Irineu Pirani[político de Barra do Garças]. Até então estava acreditando. Tentando acreditar".

 

Segundo ele, parte desses amigos também fizeram investimentos com o grupo criminoso, mas ele não citou nomes.

 

"Nessa hora a gente estava forçando pra acreditar porque já havia depositado R$ 400 mil".

 

Seguro falso (Atualizado às 14h58)

 

Após o depósito, segundo Teilor, Walter Magalhões pediu que se fizesse um seguro das transações. A vítima disse que as exigências requeridas serviam apenas para "enrolá-lo" e não repassar o valor do emréstimo.

 

"Fui investigar o seguro e vi que era falso. E o dinheiro...nada".

 

"Tive que dar baixa nas CPRs, porque o valor delas era muito maior que esses valores depositados. Bilhões em sacas de soja. Ele [Walter] pediu para eu abrir uma conta no Santander em São Paulo. Eu até abri. A gente estava desesperado porque era setembro. Estava no limite do plantio. E a gente estava desesperado para pagar os fertilizantes, então a gente estava fazendo tudo que eles pediam", relatou

 

Marcus Mesquita Imagens

Castelo de Areia

O empresário Teilor Seidler

Teilor disse que nunca teve contato com João Emanuel, Lázaro Moreira Lima, Irênio Lima, Evandro Goulart e com o chinês. A vítima afirmou que teve R$ 2 milhões de prejuízo, no mínimo.                 
                   
"Além das viagens, cartório e estadia. Isso é no mínimo. Eu tive um prejuízo de 5 mil hectares de lavoura. Tive que demitir 18 funcionários fixos, cinco famílias. Fiquei arrebentado. Tô arrebentado até hoje. Fiquei sem crédito. Tive mais de R$ 2 milhões de prejuízo, seguramente".

 

"Castelo de Areia"

 

A operação Castelo de Areia foi deflagrada no dia 26 de agosto pela Polícia Civil e apura crimes de estelionato supostamente praticados pela empresa SoyGroup em todo o Estado.

 

Foram presos pela suspeita de participação no esquema: Shirlei Aparecida Matsuoka, sócia majoritária da empresa (já solta); Walter Dias Magalhães Júnior (ainda preso preventivamente), presidente do Grupo Soy; Evandro Goulart, diretor financeiro do grupo (já solto) ; o empresário Marcelo de Melo Costa, suposto "lobista" do esquema (já solto) e, como citado anteriormente, o ex-vereador João Emanuel.

 

Segundo o delegado Luiz Henrique Damasceno da Delegacia Regional de Cuiabá, uma vítima do esquema afirmou que João Emanuel, vice-presidente da SoyGroup, teria utilizado um falso chinês para ludibriá-la em um suposto investimento com parceria com a China.

 

A vítima teria emitido 40 folhas de cheque que somam R$ 50 milhões nas tratativas, que eram “traduzidas” pelo próprio ex-vereador.

 

João Emanuel foi preso preventivamente pela Polícia Civil no dia 26 de agosto de 2016, mas por decisão do desembargador Pedro Sakamoto, do TJ-MT, cumpriu parte da pena em regime domiciliar.

 

No entanto, um laudo médico comprovou que o ex-vereador se encontrava em bom estado de saúde e ele foi detido em setembro de 2016 no Centro de Custódia da Capital, desta vez em decorrência da Operação Aprendiz.

 

Ainda, em setembro de 2016, a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, recebeu uma nova denúncia contra a suposta quadrilha.

 

Além dos envolvidos  já citados, se tornaram réus na ação o irmão e advogado do ex-vereador, Lázaro Roberto Moreira Lima e o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima.

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