Como advogada, vejo com esperança e responsabilidade a iniciativa do ministro Luís Roberto Barroso ao promover visitas e diálogos com Instituições, Poderes e sociedade, mas especificamente ao visitar a OAB/MT, pois esse movimento não é apenas um gesto simbólico de aproximação; ele representa um compromisso institucional profundo com a democracia, o respeito às prerrogativas e a valorização da advocacia.
Ao longo de minha trajetória profissional, testemunhei o quanto a distância entre magistrados e advogados pode gerar incompreensões, insegurança e, por vezes, até injustiças.
O processo judicial é vivo e humano, feito de argumentos, contrapontos e interpretações. Nesse cenário, o advogado não é um intruso, mas um parceiro indispensável para que o juiz possa enxergar todas as nuances de um caso. A advocacia, quando respeitada, amplia a qualidade das decisões judiciais e fortalece a legitimidade do próprio Judiciário.
Essa atuação do Ministro Luís Roberto Barroso vem justamente reafirmar essa premissa: juízes, advogados, defensores e membros do Ministério Público não são adversários institucionais, mas atores complementares na busca da justiça.
O diálogo franco e respeitoso entre esses papéis é o que mantém viva a essência do Estado de Direito. Quando Barroso diz que a Justiça é um “pacote completo”, ele reconhece que nenhum poder ou profissão se basta sozinho; todos são necessários para que a democracia se realize no cotidiano forense.
Em tempos de acelerada virtualização dos processos, a defesa do ministro pela sustentação oral presencial também merece destaque.
Como advogada, sei que a palavra dita no calor do julgamento não é apenas ritual: ela traduz emoção, transmite convicção e, muitas vezes, consegue iluminar aspectos que os autos silenciam. Preservar esse espaço de oralidade é garantir que o direito seja exercido de forma plena, com humanidade e respeito.
Mais que uma agenda institucional, essa campanha de Diálogos com a OAB, Magistratura e Sociedade é um chamado à maturidade democrática.
É a reafirmação de que divergência não é inimiga da harmonia; ao contrário, quando mediada pelo respeito, ela fortalece as instituições e amplia a confiança da sociedade na Justiça. E aqui reside a importância da valorização dos advogados: somos nós que levamos às cortes a voz dos cidadãos, transformando dores, angústias e demandas em argumentos técnicos que sustentam decisões justas.
Concluo reafirmando minha convicção de que aproximar magistratura e advocacia não é um favor, mas um dever democrático. E, como advogada, vejo no gesto do ministro Barroso não apenas um convite ao diálogo, mas um reconhecimento claro de que a Justiça só se torna efetiva quando construída coletivamente, com respeito, escuta e valorização mútua.
MICHELLE ZANGARINI DORILEO é advogada
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