Cuiabá, Sábado, 20 de Setembro de 2025
RUI PRADO
19.10.2011 | 15h56 Tamanho do texto A- A+

Aumento de carga tributária, basta!

Todo aumento na carga tributária sem um grande estudo prévio é arriscado e excessivo

A Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz-MT) publicou, recentemente, a portaria nº 251/2011, que elevou em 30% o valor da Unidade Padrão Fiscal (UPF) do Estado, passando de R$ 36,03 para R$ 46,83. A UPF é o parâmetro para correção de impostos, taxas e contribuições. Para nós, produtores rurais, estes aumentos são arbitrários, abusivos e devem ser repensados.

Entre os impostos que sofreram alterações com o novo reajuste da UPF está o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), cobrado no transporte de toda produção agrícola e pecuária, cujo objetivo é financiar o planejamento, execução e acompanhamento dos serviços nos setores de transporte e habitação de Mato Grosso.

Já pagávamos um preço alto para produzir alimentos para a população e transportá-los pelas rodovias de Mato Grosso. Com esta medida, o custo de produção de Mato Grosso, que já era o maior do país, ficou ainda mais pesado. Vale frisar que, mesmo com esta "contribuição" obrigatória, muitas estradas continuam em más condições de tráfego, apesar dos valores que desembolsamos e que, teoricamente, deveriam ser revertidos em obras públicas de qualidade.

Os produtores, mesmo tendo incorporado e aceito esta tão combatida contribuição, estão indignados com o percentual aplicado ao novo reajuste da UPF e com outros aumentos, como o preço de pauta do diesel - principal combustível utilizado no transporte dos produtos agropecuários -, as tarifas da energia elétrica e do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT). Constantemente somos bombardeados com notícias sobre aumento da carga tributária.

O Brasil possui mais de 60 tributos federais, estaduais e municipais, que consomem pouco mais de 30% do PIB nacional. A sociedade, o setor produtivo e os empreendedores que movem a atividade econômica deste Estado já pagam muito por serviços públicos com qualidade questionável.

Não podemos aceitar mais reajustes de impostos e continuar assistindo à má aplicação dos recursos arrecadados. Não podemos permanecer com este sentimento de que somos explorados - a quase exaustão - por um Estado inerte e ineficiente. Merecemos respeito e qualidade nos serviços essenciais e de responsabilidade do governo como transporte, saúde, educação e habitação.

Para reverter essa situação, o Sistema Famato está fazendo uma avaliação jurídica, a fim de levantar as ilegalidades desta ação do governo estadual. Também acionamos a Assembléia Legislativa, a Frente Parlamentar da Agropecuária de Mato Grosso (FPA-MT) e o governador do Estado, Silval da Cunha Barbosa.

Queremos entender o que está acontecendo e, ao mesmo, deixar claro nossa indignação. Ofícios foram enviados às bancadas estadual e federal e ao executivo, manifestando o descontentamento com estas medidas.

Basta! Para nós, produtores, todo e qualquer aumento na carga tributária sem um grande estudo prévio é arriscado e excessivo. Como porta-voz do setor produtivo rural, defendemos a revisão da portaria nº 251/2011. Não é mais possível assumirmos a responsabilidade de sustentar um Estado além de nossa capacidade produtiva. Precisamos discutir a lógica destes reajustes, caso contrário ficaremos mais uma vez à mercê da arbitrariedade do governo.

RUI PRADO é produtor rural e presidente do Sistema Famato

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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Fernando Capilé  19.10.11 21h22
Gostaria de parabenizar o produtor rural e presidente do Sistema FAMATO, Rui Prado. Ao mesmo tempo, quero expor minha indignação, sobretudo pelo escândalo que vai se transformar esse aumento. Não sei se isso procede, mas pelo que venho acompanhando, há um movimento para repassarem parte do Fethab afim de ser utilizado na SECOPA. Isso é um absurdo, pois isso é um desvio de finalidade. O FETHAB foi criado para garantir investimentos em transporte e incremento na produção do estado e está sendo mal gerenciado e, pelo que tudo indica, agora, desviado oficialmente. Ao defender a redução e/ou não aumento da carga tributária, Rui Prado está saindo em defesa de toda população matogrossense, e não só dos produtores. Aplausos para essa iniciativa! Precisamos de homens assim no Congresso Nacional.
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paulo gasparoto  19.10.11 20h58
Amigo Rui, voce esta coberto de razao. Ezauriu a capacidade contributiva das empresas e dos cidadaos.Os governo tem que entender que a sociedade nao suporta mais aumento de carga tributaria, nao deseja mais de nenhuma forma ver seu bolso violentado toda a semana com navos aumentos de imposto. Temos
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Gilmar Maldonado Roman  19.10.11 16h36
Excelente artigo Rui. As pessoas que geram divisas para o estado estão pagando alto demais para produzir. Além de que o valor do IPVA, consumo e ICMS sobre energia elétrica e telefonia são os maiores do Brasil. Insuportável. Isto tudo ajuda a aumentar o custo de vida de toda população.
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