Ele se apresenta como estudante de medicina, investidor e kitesurfista em perfis no Instagram, Tik Tok e aplicativos de relacionamento, ferramentas com as quais se aproxima de jovens belas e de famílias ricas.
Foi assim que Matheus Rodelo Monteiro Machado, 26, deixou um rastro de acusações de golpes em estados por onde passou nos últimos três anos.
As supostas vítimas têm o mesmo perfil: estudantes de medicina ou profissionais bem-sucedidas com idades entre 23 a 32 anos. Todas relatam ter caído na lábia do paulista de Fernandópolis (SP).
Os romances teriam nascido via redes sociais ou em círculos onde Matheus se inseria, segundo as ex-namoradas, como "estudante de medicina e membro de família abastada do interior de São Paulo".
O roteiro de sedução, enganos e golpes segue o mesmo script, incluindo pix falsos e uso de cartões clonados.
É o que relata um grupo de jovens com a condição de que suas identidades não fossem reveladas, numa ofensiva para alertar novas vítimas.
Uma atitude que remete à série "O Golpista do Tinder", na qual ex-namoradas enganadas desmascaram um israelense que se passava por bilionário.
Por aqui, as jovens também se uniram para se proteger e desmascarar o ex, à medida que se depararam com ações judiciais e boletins de ocorrência nos quais o playboy sedutor responde por estelionato e ameaças.
Os romances teriam nascido via redes sociais ou em círculos onde Matheus se inseria, segundo as ex-namoradas, como "estudante de medicina e membro de família abastada do interior de São Paulo".
O roteiro de sedução, enganos e golpes segue o mesmo script, incluindo pix falsos e uso de cartões clonados.
É o que relata um grupo de jovens com a condição de que suas identidades não fossem reveladas, numa ofensiva para alertar novas vítimas.
Uma atitude que remete à série "O Golpista do Tinder", na qual ex-namoradas enganadas desmascaram um israelense que se passava por bilionário.
Por aqui, as jovens também se uniram para se proteger e desmascarar o ex, à medida que se depararam com ações judiciais e boletins de ocorrência nos quais o playboy sedutor responde por estelionato e ameaças.
Ela move uma ação civil para tentar reaver R$ 104.576,56 de suas economias transferidas para o ex.
"É cada vez mais comum estelionato amoroso usando redes sociais. Se não deu certo com uma, passa para outra. O cara vai aumentando o nível de golpes para conseguir mais dinheiro. É um desvio criminoso com o intuito de enriquecer ilicitamente às custas de mulheres", explica o delegado Rodrigo Soares, da Delegacia de Caraguatatuba (SP).
Em 22 de maio, a ex de Matheus compareceu à delegacia para registrar um boletim de ocorrência. "Ele passou a oferecer à vitima a possibilidade de investimentos em criptomoedas e dólares, sempre salientando que seriam uma forma de estruturar um futuro juntos."
Segundo o boletim, foram realizadas 51 transações pela vítima, em transferências bancárias, Pix e cartão de crédito. O caso foi direcionado à Delegacia da Mulher, onde foi aberto inquérito.
Os dois se conheceram pelo Instagram. Ela diz ter estranhado o fato de ele ter várias mulheres da cidade entre as seguidoras. "Liguei o Tinder e muitas começaram a me seguir", justificou.
Logo no primeiro encontro, Matheus teria contado que família era dona de uma rede de postos de gasolina e mostrou pelo celular um print de um investimento com saldo de R$ 1 milhão.
Em seu perfil, @_mtmachaado aparece em points badalados do Nordeste, como a Praia da Pipa (RN) e Milagres (AL).
As jovens dizem que ele fazia questão de mostrar fotos com uma "ex belíssima, estudante de medicina e filha de milionário".
A hoje médica graduada soube pelas outras ex-namoradas que Matheus dizia que o pai dela era fazendeiro, com quem circulava de helicóptero. Após descobrir os golpes do jovem paulista, a médica pediu medida protetiva.
Já uma paulista de 23 anos, loira e de cabelos longos, que é estudante de medicina, diz não ter tomado medidas legais no primeiro momento por temer ameaças feitas à família.
"Quando comecei a ficar incomodada com a presença dele e por ter de pagar tudo, Matheus passou a jogar com meu psicológico e minha autoestima", relata a jovem, que o conheceu em sua cidade natal no interior de São Paulo.
Ela conta ter rompido com os pais, que logo desconfiaram do rapaz. "Meu pai ouviu de alguns moradores que Matheus era um tipo interesseiro, que tirava dinheiro da família."
Não deu ouvidos. "Ele foi passar uma semana no meu apartamento, o que virou quatro meses. Dizia que era uma pessoa de Deus e, meus pais, do demônio."
Matheus se apresentava como evangélico e teria admitido ser viciado em bets. "Estava cega", afirma a universitária. Ela conta que começou a dar por falta de notas na carteira e descobriu que R$ 1.000 que deixara para o supermercado foram perdidos em apostas. Fatos que se repetiram ao longo dos meses.
A dependência em jogos foi também a justificativa usada por Matheus para explicar como fez evaporar as economias da arquiteta.
Ela alega ter sido seduzida em jantares custeados com o cartão da estudante, conforme descobriria ao entrar em contato com a universitária quando reunia provas para a ação por estelionato.
"Demorei a descobrir um rombo de R$ 20 mil. Ele colocou meu cartão no iFood. Havia gastos de R$ 500 em restaurante, contas de farmácia e mercado", relata a estudante de medicina.
O pai da universitária interveio e exigiu que o moço se retirasse. Ela conseguiu reaver parte do prejuízo ao provar ao banco que nunca estivera em Caraguatatuba no período em que Matheus teria usado seu cartão para impressionar a nova namorada.
"Uma pessoa capaz de tudo isso só pode ser doente. Ele mentia de forma natural. Não fui a primeira nem a última vítima", diz a estudante.
Matheus se internou numa clínica quando foi denunciado pela arquiteta. Laudo médico relata que "há cerca de 6 anos iniciou realização de apostas, principalmente esportivas. Com o tempo foi aumentando frequência desse hábito e os aportes financeiros envolvidos".
Ele admite, conforme o laudo, ter causado prejuízos financeiros em relacionamentos amorosos e familiares e que pedia dinheiro emprestado na intenção de pagar com lucros em jogos de apostas.
"Não quero deixar impune. Tenho certeza de que está fazendo a mesma coisa com outras mulheres", afirma a arquiteta.
Ela conta ter desmascarado o então namorado quando Matheus foi flagrado por câmeras da casa da tia dela durante investigação do roubo de uma aliança, conforme boletim de ocorrência registrado em março.
Em uma das últimas trocas de mensagem, a arquiteta recebeu um aviso. "Sabe qual o maior risco de colocar o pé no pescoço do tigre? Você nunca mais pode tirar", escreveu Matheus.
"É uma pirâmide", avalia o dono de uma arena esportiva em Cabedelo, na região metropolitana de João Pessoa, que levou calote de R$ 800. "Matheus chegou aqui com pinta de galã e bem-educado, como a maioria dos estelionatários."
Segundo o empresário, ele namorou meninas das redondezas e bancava os gastos com Pix falso, como o usado para quitar mensalidade da academia. Ao descobrir o golpe do Pix, o dono de um quiosque na praia chamou a polícia.
Matheus afirma, em nota encaminhada por sua advogada, não ter dado "nenhum tipo de golpe financeiro a qualquer uma das supostas vítimas". Ele credita as acusações à uma resposta da arquiteta que não teria aceitado o fim do relacionamento.
"Quanto às denúncias feitas, irei averiguar cada uma delas, pelas informações infundadas, e com o meu direito de defesa, chamarei todos os envolvidos judicialmente", acrescenta, alegando não haver provas.
A advogada Clice Carvalho, do Grupo Justiceiras, alerta que, em casos de estelionato sentimental, golpistas vão ganhando a confiança das vítimas. "Eles não dão golpe no primeiro mês. É um namoro normal e se mostram atenciosos e presentes até conseguirem uma brecha para dar o bote."
Diante da frequência cada vez maior de golpes na internet e em aplicativos de namoro, o Justiceiras lançou, em parceria com o Tinder, uma cartilha com um guia para encontros seguros.
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