Cuiabá, Segunda-Feira, 7 de Julho de 2025
EDUARDO GOMES
29.05.2017 | 08h41 Tamanho do texto A- A+

De trajetória

O salto de 1960 para 2017 na área de produção de alimentos foi grande graças ao agronegócio

Quem passou ou está perto dos 60 anos e foi aluno de grupo escolar no Brasil, se tiver o mínimo de memória se lembrará do leite em pó que a “Aliança para o Progresso” nos mandava para garantir a merenda escolar no nosso país gigante, mas então importador de arroz, feijão, carne, lácteos e frutas.

 

Essa Aliança foi um tratado de colaboração social firmado pelos Estados Unidos com o Brasil. 

 

Em Alpercata, Minas, fui aluno do Grupo Escolar São José, onde entrava na fila com uma caneca branca, grande, esmaltada, para receber minha merenda made in USA. O tempo é mestre na arte de sepultar o passado, mas nem ele consegue impedir que nossa memória, quando provocada, ressuscite fatos com riqueza de detalhes. 

 

Na quinta-feira, 25, em Cuiabá, cobrindo um seminário promovido pelo Banco Santander, sobre agronegócio, ouvi atentamente a palestra proferida pelo ministro da Agricultura Blairo Maggi, que focalizou o Brasil importador na década de 1960 e o gigante agrícola de agora. 

 

Para exemplificar o Brasil dos anos 1960 Blairo disse que foi aluno de escola pública em São Miguel do Iguaçu (PR), onde a merenda era feita com o leite em pó da Aliança para o Progresso, porque a pecuária leiteira do Paraná não conseguia atender à demanda da rede escolar; o ministro acrescentou que tão logo a notícia do assassinato do presidente americano John Kennedy chegou àquela cidade, a escola inteira temeu que aquele crime pudesse resultar na suspensão da doação por parte daquele tratado de colaboração social.

 

Saltando para o momento atual, o palestrante detalhou que seu país colhe mais de 220 milhões de toneladas de grãos. 

 

O salto de 1960 para 2017 na área de produção de alimentos foi grande graças ao agronegócio. Com isso nosso país desponta no cenário internacional como estratégico à política de segurança alimentar mundial. Mais: sem necessidade de expandir territorialmente sua fronteira agrícola, o Brasil pode praticamente dobrar sua safra. 

 

Mesmo diante da realidade agrícola nacional, vejo figuras ditas formadoras de opinião satanizando o agronegócio e em alguns casos até mesmo tentando provocar uma luta de classe botando de um lado os produtores e, de outro, o grupo que sabe e tem solução para tudo desde que isso não exija algum tipo de trabalho na acepção da palavra. 

 

Sou do tempo do leite em pó da Aliança para o Progresso distribuído gratuitamente nas escolas, e da manzana argentina, do aceite espanhol, do macarrão e do arroz italianos, todos caríssimos, porque não tinham similares nacionais em escala para disputar o mercado com eles. 

 

Sofro o efeito do tempo, é inevitável, por isso às vezes esqueço algo, mas esse mesmo tempo é paciente conselheiro, mestre educador e sábio magistrado a mostrar a diferença entre o real e o radical, e entre o ontem e o hoje da minha trajetória de vida. Produza sempre mais, Brasil! 

 

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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