Cuiabá, Domingo, 13 de Julho de 2025
VICENTE VUOLO
27.04.2017 | 08h06 Tamanho do texto A- A+

Educação Política (II)

É difícil entender que o eleito para administrar o Estado, tenha se voltado ostensivamente contra o cidadão

É difícil entender que o eleito, escolhido pelo povo, para administrar o Estado, tenha se voltado ostensivamente contra o cidadão.

                   

É paradoxo complicado de compreender e decifrar. Tentar interpretar o que leva o político a saquear os cofres públicos, destruir credibilidade e terminar na prisão.

                   

O especialista em direito tributário e professor emérito da Universidade Mackenzie, Ives Gandra Martins Filho, em entrevista ao programa “Correio Braziliense Poder” demonstrou preocupação com a atual crise ética e política do Brasil, mas, otimista.

 

Para Gandra “não existe um maniqueísmo entre uma pessoa boa e uma pessoa má. Mas nós podemos nos deixar corromper quando não temos a coragem de enfrentar esta situação, vendo o que é certo, o que poderíamos fazer. Hoje, eu vejo o Brasil falando da crise, não estamos numa crise econômica, estamos em uma crise ética, de valores éticos”.

 

É necessário mudar isso, envolver mais as universidades e os movimentos de cultura nesse processo             

Essa crise ética decorre, em grande parte, pela carência de educação política no país com problemas graves na educação básica. A não previsão de disciplinas escolares que abordam o Sistema Político Brasileiro ou a Constituição Federal agrava a situação. Não menos importante é a Educação Moral e Cívica, inclusive extraclasse, com a participação mais ativa dos pais no acompanhamento dos atos praticados pelos filhos. Os pais e as autoridades precisam falar a mesma língua. Quando fala uma coisa e praticam outra, não há como vencer o vício.

                   

Houve um tempo em que os bens públicos e o interesse público se confundiam com os bens do Rei e do interesse do Rei. Isso abria oportunidade para aqueles que estavam próximos ao Rei para roubarem e saquearem os cofres do reino.

                   

Na República, especialmente esta que vivemos, originária da Revolução Francesa, o bem público e o interesse público já não pertencem a uma pessoa ou família real. São bens de toda a nação e do interesse público, é fruto da interação, por consenso ou conflitos intermediados, dos interesses dos grupos sociais.

                   

O processo eleitoral é importante para que os candidatos se apresentem com propostas que eles acreditam interpretem o interesse público quer como manifestação de consenso, como um pacto de todos, quer como manifestação da posição de um grupo que acha ter soluções para vários problemas sociais.

                   

Quando votamos deveríamos olhar essa essência, aquilo que está em discussão. Infelizmente, o que tem atraído mais os eleitores é a aparência, a figura do candidato e não o que ele prega.

                   

Para podermos voltar a olhar a essência, precisamos nos educar. A educação política faz parte do receituário moderno para a democracia. Precisa estar presente nas escolas, desde a tenra infância, nos locais de trabalho, nas ruas, nos meios de comunicação. É um meio de ajudar as pessoas a pensarem e a agirem com responsabilidade. A liberdade de pensamento só existe quando as pessoas sabem exercer sua autonomia, sabem raciocinar, questionar, procurar a verdade.

                   

Iniciativas várias devem ser reconhecidas. Igrejas cristãs têm mostrado preocupação sobre essa questão e incentivado os leigos à reflexão política. Entidades representativas de trabalhadores e de empresários têm seguido o mesmo caminho. As críticas mais contundentes se expressam em relação aos meios de comunicação, que muitos dizem despolitizar e alienar o povo.

                     

É necessário mudar isso, envolver mais as universidades e os movimentos de cultura nesse processo. Afinal, como disse o escritor carioca Ivan Santana; “Uma nação consciente, é o maior medo de um Governo mal-intencionado”.

 

Vicente Vuolo é economista, cientista político e analista legislativo do Senado Federal. 

E-MAIL: [email protected]  

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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