Os seres humanos não podem lidar com a morte. Por isso é necessário, de alguma forma, construirmos a imortalidade. Primeiramente vou estabelecer alguns pontos sobre como aproveitar a vida e entender a mente humana.
No final explicarei, de maneira poética, como lidar com luto e como as coisas construídas em vida serão levadas para a eternidade.
As pessoas não fazem ideia de como a vida após a morte afeta o bem-estar de uma sociedade e pode alterar a maneira que os indivíduos realizam escolhas. Uma sociedade é feita por indivíduos que por sua vez são construídos pela família.
A ideia de vida após a morte altera a política, economia, a segurança, a forma como fazemos sexo, as realizações da comunidade e os avanços sociais, científicos e culturais.
Preservar a vida é o primeiro objetivo natural do animal homem, controlado pela parte reptiliana, a mais primitiva área do cérebro. É por este motivo que -- saber da garantia da vida -- é requisito para a realização de qualquer coisa.

Há 200 mil anos atrás o homem se reunia em tribos, se refugiava em uma caverna decorada com desenhos de animais, afiava uma lança de madeira e aproveitava o couro das presas para se proteger do frio.
Pinturas e rituais de despedida aos mortos já eram feitos. Desde então houve um contínuo desenvolvimento do inconsciente ainda presente no homem atual.
Sobre o planejamento, é sabido que o coeficiente de inteligência é fator determinante para o controle dos impulsos, fazer boas escolhas e planejar o futuro.
Pessoas com uma baixa pontuação poderão ter maior tendência a se tornarem obesas, a utilizarem drogas, a agirem em tribos, a serem intolerantes, a serem pobres, a terem múltiplos parceiros sexuais, a terem filhos sem planejamento, a esperar muito dos governantes e também a praticarem crimes violentos.
Ter a capacidade de fazer planos a longo prazo é – necessário – para que possamos ter sucesso e – principalmente – ter realizações significativas.
Os psicólogos poderão explicar como o preenchimento da vida com realizações que importam muito para você vão influenciar a sua saúde mental.
O que talvez falte para o conhecimento popular, é como os ‘instintos primitivos’ interagem com a psique; a profundidade dos sentimentos, o entendimento da vida e a ‘justificativa’ para continuar a viver ao saber que o corpo tem uma data de validade.
Já disse Carl Jung, “temos de acreditar que vamos viver para sempre”. Ainda, "devemos esperar que a mente tenha se organizado de maneira similar às adaptações do corpo humano no decorrer da história".
Os nossos maiores feitos – dependem – da ideia de continuidade após a morte. A construção da família, a educação dos filhos, a herança tanto financeira quanto cultural, e mesmo a continuidade genética, o motivo para acordarmos todos os dias e trabalhar mais do que precisamos.
Se você tivesse dinheiro e poucos dias de vida, iria preferir gastar tudo ou deixar para os seus filhos, a fim de garantir que eles tenham melhores condições de vida? Esta pergunta é bastante clichê, mas é verdadeira.
Seres humanos jamais vão admitir a morte. O sacrifício e o trabalho duro com a expectativa de conseguir chegar ao pódio é elementar para continuarmos a navegar, pois “navegar é preciso, viver não é preciso”.
É também esta a razão pela qual os reis mandavam fazer construções que só ficariam prontas após 200 anos, muito tempo após a própria morte.
Um dos motivos pelo qual gostamos da arte e da competição esportiva, uma tentativa de chegar ao estado mais gracioso do ser humano, ir aos limites e estabelecer novas metas.
Não apreciamos ainda a música de Mozart, ou os quadros de Da Vinci, como se esses ainda existissem? E esses objetos artísticos nos servem como base daquilo que é bom, ou como a arte deveria ser…
E quanto às guerras, ao sacrifício do homem pela família e pela comunidade, não seriam esses gestos claros do compromisso inconsciente deles com a sociedade, mesmo sabendo que o corpo já os deixava?
Então não é óbvio e bastante direto que a moralidade e valores como liberdade e família são mais importantes que a própria vida? Algo dentro de nós simplesmente precisa disso!
Nós que estamos vivos devemos uma extraordinária gratidão aos indivíduos que deixaram grandes feitos para que pudéssemos aprender a melhorar a nossa qualidade de vida.
Deve existir uma intensa comunicação e um inconsciente compromisso entre as pessoas que já morreram, as que estão vivas e as que nem nasceram ainda.
Amar coisas que não existem no mundo físico, o que não é concreto, tangível, medido ou enumerado é o que nos faz ser humanos.
O materialismo e o niilismo devem ser encarados como ideologias destrutivas que desejam o fim da civilização.
Ao contrário encontro a arte, o casamento, o ato de conservar, o eterno (apesar do corpo ser efêmero), a escrita, a construção e a fotografia, que são ideias eternas e que garantem a transmissão de pensamento para as futuras gerações.
Somos imortais apesar da destruição da matéria; compomos aquilo que dura e resiste ao tempo.
O tempo jamais poderá servir para avaliar a qualidade; pois somos formados daquilo que nem sabemos que existe; somos muito mais do que conhecemos; e sabemos infinitamente mais do aquilo que aprendemos.
O tempo serve apenas para uma coisa: acabar. Não nascemos ontem; cada ser humano é milenar.
O que desejo deixar para os meus filhos e meus netos? Que tipo de satisfação posso ter depois da minha morte? A vida após a morte existe pois somos o resultado de todas as pessoas que já morreram.
A satisfação está em criar, não em ter prazer com o resultado. Quem se preocupa com a própria morte perde a essência graciosa da vida que é imortal.
Lousdembergue Rondon é jornalista em Cuiabá.
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