Cuiabá, Terça-Feira, 11 de Novembro de 2025
VALÉRIA LIMA
11.11.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Golpes virtuais

Golpe do falso advogado desafia a confiança na Justiça

O avanço dos golpes virtuais tem exposto novas vulnerabilidades em setores antes considerados mais protegidos. Entre eles, a advocacia. O chamado “golpe do falso advogado” tem se espalhado por todo o país e já ocupa o terceiro lugar no ranking de estelionatos em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT).
 
O esquema consiste em criminosos que se passam por advogados ou servidores do Judiciário, utilizam indevidamente nomes e marcas de escritórios e convencem vítimas a realizar transferências via PIX, sob o pretexto de pagamento de custas processuais ou taxas inexistentes. As abordagens ocorrem principalmente por aplicativos de mensagens, com o uso de logotipos falsos, documentos forjados e linguagem jurídica convincente.
 
Em nível nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estima que cerca de 17,5 mil pessoas já foram vítimas desse tipo de golpe, número acumulado até 2025. A gravidade do problema levou a entidade a lançar a plataforma ConfirmADV, que em apenas três semanas recebeu quase 10 mil solicitações de verificação de identidade de advogados, reflexo da preocupação crescente com a segurança digital e a integridade das relações jurídicas.
 
Em Mato Grosso, a OAB-MT e a Polícia Civil se reuniram com o Tribunal de Justiça (TJMT) para discutir ajustes no sistema eletrônico PJe, com o objetivo de reforçar a autenticação de usuários e reduzir as brechas exploradas por criminosos. As medidas buscam proteger tanto os cidadãos quanto os profissionais da advocacia, fortalecendo a confiança no sistema de Justiça e ampliando a prevenção contra fraudes.
 
Os efeitos desse tipo de golpe vão muito além das perdas financeiras. Eles atingem diretamente a credibilidade da advocacia e abalam a confiança nas instituições, pilares que sustentam o Estado Democrático de Direito. Escritórios sérios, como o Valéria Lima Advocacia, têm enfrentado o uso indevido de seus nomes por falsários. Diante disso, o escritório adotou medidas jurídicas e preventivas, comunicou as autoridades e reforçou seus canais oficiais de atendimento, em uma postura de transparência, ética e orientação pública.
 
Como parte das medidas de segurança, o escritório também tem reforçado junto aos clientes e à sociedade a importância de verificar sempre a origem de qualquer contato jurídico. É fundamental desconfiar de mensagens que solicitem pagamentos ou dados pessoais, não realizar transferências via PIX sem confirmação direta e registrar boletim de ocorrência em caso de suspeita de fraude. A atenção preventiva e a informação correta são as melhores formas de proteção.
 
Casos como esse evidenciam que a segurança jurídica também depende da educação digital. Confirmar sempre a inscrição do advogado na OAB, verificar se o contato parte de canais oficiais e nunca compartilhar dados pessoais com desconhecidos são práticas simples que podem evitar grandes prejuízos.
 
A advocacia tem papel essencial não apenas na defesa técnica dos direitos, mas também na educação e conscientização jurídica da sociedade. Em tempos de desinformação e criminalidade digital, informar é proteger. Cada orientação correta reduz o espaço para a fraude, fortalece a confiança entre advogado e cliente e reafirma o papel social da profissão.
 
Mais do que um desafio criminal, o golpe do falso advogado exige um esforço coletivo e institucional. A ética e a transparência continuam sendo as maiores garantias de justiça, mas precisam ser acompanhadas por ações firmes contra o crime digital. O fortalecimento das leis sobre estelionato e falsidade ideológica virtual, aliado à criação de mecanismos nacionais de verificação jurídica segura, pode reduzir o espaço para fraudes e proteger a sociedade.
 
A advocacia tem papel central nesse movimento: ser voz ativa na defesa de uma legislação moderna e na promoção de uma cultura de confiança e prevenção. Porque a informação, compartilhada com responsabilidade, é, e sempre será, a primeira forma de justiça.
 
Valéria Lima é advogada especialista em Direito Previdenciário.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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