Para o cálculo da pegada de carbono da atividade bovina ainda é utilizado e recomendado pelo Painel do Clima o índice GWP-100, que mede o potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa (GEE) em relação ao CO2.
Este método desconsidera a biogenicidade do carbono emitido pela fermentação entérica dos ruminantes, que é capturado pelas pastagens via fotossíntese e retornado para a atmosfera em um ciclo de curto prazo, diferentemente do carbono fóssil (petróleo, carvão) que emitem carbono novo e se acumulam na atmosfera por séculos.
Também tratam o metano como se tivesse o mesmo efeito cumulativo do CO2. O metano é um gás de vida curta, permanecendo ativo por apenas 12 anos.
O GWP-100 desconsidera essas características do metano bovino, resultando em interpretações distorcidas sobre a contribuição da pecuária para o clima.
Como o rebanho mundial e nacional permanece estável por mais de 12 anos, o balanço do metano emitido também se estabiliza, não adicionando gás novo na atmosfera e portanto se mantendo estável e na neutralidade climática.
As métricas atuais ainda atribuem à pecuária as emissões oriundas de desmatamentos ilegais, que devem ser tratadas como problemas de governança e não como responsabilidade direta da produção pecuária. Isso penaliza injustamente o setor produtivo, que na maioria dos casos atua dentro de padrões ambientais rigorosos.
Por outro lado, também não se computam devidamente os avanços tecnológicos e ambientais da atividade, entre eles:
- Reforma e manejo de pastagens, que promovem sequestro de carbono;
- Uso de ionóforos e aditivos nutricionais que reduzem a produção do metano;
- Sistemas intensivos e confinamentos que reduzem a idade do abate e a emissão por animal pela passagem mais rápida do alimento no rúmen;
- Melhoramento genético, resultando em carcaças mais pesadas e com maior rendimento;
- Integração Lavoura/Pecuária/Floresta que combina maior utilização do solo com regeneração ambiental.
Toda essa evolução tecnológica ocorrida nessas últimas décadas promoveram uma drástica redução das emissões por quilograma de carne produzida.
Com a incorporação de novas tecnologias mitigadoras de metano e o reconhecimento de seu caráter cíclico e de curta duração, a pecuária pode se tornar parte essencial da solução climática.
Estudos recentes de diversos cientistas e entidades científicas já contestam essas métricas e estão propondo correções que ofereçam um retrato mais fiel do impacto climático da pecuária.
Conclui-se, portanto, que a pecuária bovina merece e exige métricas mais justas e atualizadas, que considerem o ciclo biogênico do carbono, o tempo de vida do metano e os ganhos tecnológicos e ambientais já consolidados no campo.
A neutralidade climática do setor pecuário é tecnicamente e cientificamente, defensável, desde que medidas com critérios corretos.
Um reforço desses argumentos pelos representantes do setor agropecuário na COP-30, com certeza ajudaria a sensibilizar o Painel do Clima a dimensionar com métricas justas a pegada do carbono da pecuária.
PS: Enviei o artigo para o Chat GPT e Deep Seek solicitando uma análise crítica, científica e ambiental.
Ambos comentaram e concordaram com o conteúdo de todo o artigo, o que me tranquiliza sobre a sua veracidade.
Arno Schneider é pecuarista e diretor Acrimat.
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