Cuiabá, Quarta-Feira, 12 de Novembro de 2025
ARNO SCHNEIDER
12.11.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Método atrasado

Por métricas mais justas na pegada de carbono da pecuária bovina

Para o cálculo da pegada de carbono da atividade bovina ainda é utilizado e recomendado pelo Painel do Clima o índice GWP-100, que mede o potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa (GEE) em relação ao CO2.

 

Este método desconsidera a biogenicidade do carbono emitido pela fermentação entérica dos ruminantes, que é capturado pelas pastagens via fotossíntese e retornado para a atmosfera em um ciclo de curto prazo, diferentemente do carbono fóssil (petróleo, carvão) que emitem carbono novo e se acumulam na atmosfera por séculos.

 

Também tratam o metano como se tivesse o mesmo efeito cumulativo do CO2. O metano é um gás de vida curta, permanecendo ativo por apenas 12 anos.

 

O GWP-100 desconsidera essas características do metano bovino, resultando em interpretações distorcidas sobre a contribuição da pecuária para o clima.

 

Como o rebanho mundial e nacional permanece estável por mais de 12 anos, o balanço do metano emitido também se estabiliza, não adicionando gás novo na atmosfera e portanto se mantendo estável e na neutralidade climática.

 

As métricas atuais ainda atribuem à pecuária as emissões oriundas de desmatamentos ilegais, que devem ser tratadas como problemas de governança e não como responsabilidade direta da produção pecuária. Isso penaliza injustamente o setor produtivo, que na maioria dos casos atua dentro de padrões ambientais rigorosos.

 

Por outro lado, também não se computam devidamente os avanços tecnológicos e ambientais da atividade, entre eles:

 

- Reforma e manejo de pastagens, que promovem sequestro de carbono;

 

- Uso de ionóforos e aditivos nutricionais que reduzem a produção do metano;

 

- Sistemas intensivos e confinamentos que reduzem a idade do abate e a emissão por animal pela passagem mais rápida do alimento no rúmen;

 

- Melhoramento genético, resultando em carcaças mais pesadas e com maior rendimento;

 

- Integração Lavoura/Pecuária/Floresta que combina maior utilização do solo com regeneração ambiental.

 

Toda essa evolução tecnológica ocorrida nessas últimas décadas promoveram uma drástica redução das emissões por quilograma de carne produzida.

             

Com a incorporação de novas tecnologias mitigadoras de metano e o reconhecimento de seu caráter cíclico e de curta duração, a pecuária pode se tornar parte essencial da solução climática.

             

Estudos recentes de diversos cientistas e entidades científicas já contestam essas métricas e estão propondo correções que ofereçam um retrato mais fiel do impacto climático da pecuária.

Conclui-se, portanto, que a pecuária bovina merece e exige métricas mais justas e atualizadas, que considerem o ciclo biogênico do carbono, o tempo de vida do metano e os ganhos tecnológicos e ambientais já consolidados no campo.

 

A neutralidade climática do setor pecuário é tecnicamente e cientificamente, defensável, desde que medidas com critérios corretos.

 

Um reforço desses argumentos pelos representantes do setor agropecuário na COP-30, com certeza ajudaria a sensibilizar o Painel do Clima a dimensionar com métricas justas a pegada do carbono da pecuária.

PS: Enviei o artigo para o Chat GPT e Deep Seek solicitando uma análise crítica, científica e ambiental.

 

Ambos comentaram e concordaram com o conteúdo de todo o artigo, o que me tranquiliza sobre a sua veracidade.

 

Arno Schneider é pecuarista e diretor Acrimat.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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