Cuiabá, Domingo, 20 de Julho de 2025
ALFREDO DA MOTA MENEZES
16.06.2017 | 08h03 Tamanho do texto A- A+

Morrinhos, a nova batalha

Com o estudo que chegou e mais a ZPE em Cáceres, é tempo de retomar a discussão sobre a hidrovia e o novo porto

Depois de dois anos de trabalho foi concluído o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evtea) de trecho da Hidrovia Paraguai-Paraná, feito pela Universidade do Paraná em convênio com o Dnit.

            

O estudo é entre Cáceres e Porto Murtinho ou 1.270 km da hidrovia que tem, no total, 3.440 até Nova Palmira na saída para o Atlântico. Foram feitas duas apresentações do Evtea, uma em Cáceres, outra em Corumbá.

             

A conclusão do estudo é que há viabilidade técnica, econômica e ambiental da hidrovia e também do Porto em Morrinhos que chamam de Santo Antonio das Lendas. Se, claro, forem, obedecidas certas ponderações do grupo que fez o estudo. Com o estudo que chegou e mais a ZPE em Cáceres é tempo de retomar a discussão sobre a hidrovia e o novo porto.

           

Revitalizaram recentemente o porto no rio Paraguai na cidade de Cáceres. Trabalho importante, mas o porto é pequeno para o que vem por aí. Só um exemplo ilustra isso.

Partindo de Cáceres se tem uma ZPE com muitas vantagens em isenções fiscais, mais matéria prima para agroindústria pertinho

          

MT e os estados da Amazônia consomem, arredondando os números, 800 mil toneladas de trigo por ano. Toda a região produz metade disso. O restante poderá vir da Argentina pela hidrovia. O porto em Cáceres é para 300 mil toneladas, não comportaria nem a importação do trigo da Argentina. A batalha agora é pelo porto em Morrinhos que pode levar também soja e milho do estado para o Atlântico.

           

Não esquecer que essa hidrovia sempre existiu. Não está sendo inventada agora. Ela foi o caminho para a conquista de MT. O inicio imediato da Guerra do Paraguai, como um exemplo, se deu quando os paraguaios prenderam em Assunção o vapor Marquês de Olinda que trazia para Cuiabá o novo governador de MT, engenheiro Frederico Campos. Interessantemente, entre 1979-1983, MT teve um governador chamado Frederico Campos e também engenheiro. Outra coincidência é que ambos foram governadores nomeados.

           

Voltando ao atual momento histórico. A ZPE em Cáceres terá vantagens tarifárias federal, estadual e municipal, além de matéria prima para industrialização praticamente no quintal. A hidrovia Paraguai-Paraná passa nos países do Mercosul, Paraguai, Argentina, Uruguai e sai no Atlântico.

             

Hidrovia é o meio de transporte mais barato que existe e levaria produtos (traria também, claro) para os países do Mercosul que é uma integração econômica. Numa integração os países membros tem que abaixar tarifas de importação dos parceiros integrados.

             

Se o sonho permitir, tem ainda produtos da Zona Franca de Manaus que poderão ir por água até portos do Pará, descer pela rodovia 163 até Morrinhos e pela hidrovia chegar ao Mercosul sem precisar percorrer milhares de quilômetros pelo mar, como hoje. 

            

Portanto, partindo de Cáceres se tem uma ZPE com muitas vantagens em isenções fiscais, mais matéria prima para agroindústria pertinho, tem ainda transporte por água que é o mais barato de todos e a integração econômica do Mercosul. Se tudo isso junto não der certo é melhor meter a viola no saco e ir cantar em outro lugar.

 

Alfredo da Mota Menezes é professor universitário e analista político  e-mail: [email protected]   site: www.alfredomenezes.com

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Débora Fernandes Calheiros  19.06.17 13h21
O brilhante professor se esquece que o Pantanal é Patrimônio Nacional pela Constituição Federal, Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, ambos pela UNESCO, e que, portanto, temos o dever de conservar; que o trecho Cáceres até a foz do Cuiabá é um dos mais frágeis do sistema Paraguai-Paraná de áreas úmidas por ser extremamente sinuoso (cheio de curvas ou meandros) e estreito (50 m de largura apenas!!!), mas que mesmo assim querem passar com comboios relativamente grandes no arranjo 2x3 = 6 barcaças (duas a duas) onde só poderia passar 1 barcaça (!!!); que este trecho atravessa duas Unidades de Conservação federais (Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e estação ecológica Taiamã) e uma estadual (Parque Estadual do Guirá), além da terra indígena Guató; que há alternativas de transporte hidroviário pela hidrovia do rio Madeira e pelas ferrovias Ferronorte e a ainda prevista Transoceânica via Peru; que em 1996 no governo do FHC, ou seja, em plena vigência do neoliberalismo, a navegação industrial neste trecho foi negada justamente pela fragilidade do sistema comprovada tecnicamente por estudos que analisaram o Estudo de Impacto Ambiental...; que quando Procurador da República o agora governador Pedro Taques levou à justiça questionamentos técnicos da viabilidade ambiental exatamente deste mesmo Porto de Morrinhos!!! Quanta incoerência, não?!! Ou seja, apenas interesses particulares de alguns setores econômicos e políticos estão em jogo... O bem público, a conservação do bioma Pantanal, a conservação da hidrodinâmica natural do rio Paraguai (que se alterada pode afetar o funcionamento hidro-ecológico do Pantanal Sul, mais uma vez não...
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