Sempre fui dessas que olha pro céu depois da chuva. Não sei se por fé, costume ou poesia, mas há algo no instante em que o Sol reaparece que me faz buscar, com olhos de criança, o tal arco-íris. Já o vi muitas vezes, e em nenhuma delas ele pareceu comum.
Cientificamente, ele é só luz passando pelas gotas d’água: refração, dispersão, espectro de cores. Coisa da física. Mas gosto mais da explicação que vem do coração — aquela que diz que o arco-íris é sinal de promessa, de recomeço, de que Deus ainda sorri depois das tempestades.
Com o tempo, fui descobrindo que ele não é só bonito: ele é simbólico. Cada cor guarda um mundo inteiro. O vermelho me lembra paixão e coragem. O laranja, criatividade e alegria. O amarelo traz luz à mente e força pra seguir. O verde cura. O azul acalma. O índigo silencia. E o violeta transforma.
Não por acaso, essas cores se alinham aos chakras do corpo, como se dissesse: “você também é feito de luz”. E talvez sejamos mesmo. Carregamos em nós essa paleta vibrante, mesmo que às vezes nos esqueçamos das cores que temos, e o equilíbrio delas reflete nosso bem-estar interno.
O arco-íris também representa o amor livre. E eu entendo. Porque depois da dor, da confusão, da ausência de sol, ele surge inteiro e colorido, lembrando que amar é isso: aparecer inteiro. Sem medo, sem disfarce, sem rótulo.
A gente perde tempo demais tentando entender ou julgar o amor do outro. Põe caixinhas, regras, etiquetas. Enquanto isso, quem ama de verdade só ama. Porque o amor verdadeiro não tem forma definida — ele se molda à essência. E a essência, meu amigo, não se explica, se sente.
Cada um carrega sua própria tempestade e, depois dela, seu próprio arco-íris. E ninguém deveria ter o direito de apagar as cores do outro.
Respeitar as diferenças é, no fundo, respeitar a vida. Porque o que seria do céu se todo pôr do sol fosse igual? E o que seria do amor se só coubesse numa única cor?
No fim das contas, o arco-íris nos ensina mais do que pensamos. Ele nos lembra que existe beleza depois da dor, cor depois do cinza e amor — sim, amor — depois de todo vendaval.
Talvez, no fundo, ele só esteja ali pra nos lembrar do essencial: amar é divino. E amar o outro como ele é... é humano demais pra ser ignorado.
Kamila Garcia é bacharel em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, com pós-graduação em Psicanálise.
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