As sublimíssimas palavras do prólogo do evangelho de João: “e a palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), constituem a essência do mistério do natal e ponto culminante da história da salvação. Celebramos a visita e inserção de Deus na história humana, trazendo gratuitamente a salvação, começando pelos últimos, que é a lógica do amor de Deus. Segundo a narrativa de Lucas, os primeiros adoradores de Jesus em sua manjedoura, foram os humildes pastores de Belém.
O filho de Deus nasce numa situação inusitada, num contexto de peregrinação, igual dos povos nômades do deserto e dos migrantes de hoje. Nasce numa estrebaria porque não havia lugar para Ele nas hospedarias. A revelação bíblica, nas palavras do profeta messiânico Isaias, nos apresenta Jesus como o “Emanuel”, isto é, o “Deus-conosco”.
Alguém que vem para ser nosso amigo, nosso companheiro de jornada e de história neste mundo. Jesus, o filho de Deus, não é uma saudosa memória do passado. Mas é uma pessoa viva, concreta e atuante em nossa história. A visita salvadora de Jesus ao mundo, pela encanação, é um gesto de profunda solidariedade de Deus com a humanidade pecadora. O mistério da encarnação é o maravilhoso encontro da vida divina com a vida humana.
Porquanto, Jesus é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. O “frenesim” das compras dos presentes e a ânsia de consumo, que aguçam os corações e mentes neste tempo, não devem ofuscar o brilho do verdadeiro natal: encontro pessoal com a adorável pessoa de Jesus Cristo. Nossa atenção maior no natal deve ser a alvissareira notícia comunicada pelo anjo aos pastores: “Eis que vos anuncio uma grande alegria: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor (Lc 2,10)”. A salvação prometida por Deus aos homens na mensagem dos profetas do antigo testamento, torna-se realidade concreta com a vinda de Jesus, o messias esperado.
O profeta Miqueias proclamou: “E Ele mesmo será nossa paz” (Mq 5,4). Jesus é o príncipe da paz! Por isso, para celebrarmos um natal de paz precisamos desarmar os espíritos, buscar a concórdia, a compreensão com as pessoas, a pacificação, a reconciliação familiar e social. Somente o Divino Salvador, o médico celestial, é capaz de curar as feridas de uma alma ressentida, magoada, machucada e ferida. Na força do menino-Deus construiremos a verdadeira e duradoura paz.
Este natal, de 2025 tem um colorido especial, pois é ano o Jubileu da encarnação, que encerrará no dia 28 de dezembro. Caminhamos neste ano jubilar sob o sinal da esperança: “peregrinos de esperança”. Ora, “a esperança não decepciona (Rm 5, 5).
Há tantas pessoas desanimadas, que olham o futuro com ceticismo e pessimismo, como se nada lhe pudesse proporcionar felicidade. Sejamos semeadores de esperança neste mundo: de esperança, em esperança, sempre na esperança. Somos peregrinos de esperança na construção de um mundo melhor na terra e na busca da pátria definitiva no céu. Desejamos que todos tenham um natal de paz com renovada esperança”!
Feliz, santo e renovador natal para todos!
Deusdédit de Almeida é padre da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus (Cuiabá).
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