Cuiabá, Quarta-Feira, 16 de Julho de 2025
ALFREDO DA MOTA MENEZES
26.03.2017 | 08h06 Tamanho do texto A- A+

Unemat e o novo momento

A alegação da reitoria, de que não há recursos para a instituição expandir, não é convincente

O Instituto de Ensino Superior de Cáceres foi criado em 1978. Transforma-se em Unemat ou universidade estadual em 1993.

 

Cresceu muito e hoje tem campus em Alta Floresta, Alto Araguaia, Barrado Bugres, Colíder, Diamantino, Juara, Mirassol, Nova Mutum, Nova Xavantina, Pontes e Lacerda, Sinop, Tangará e Vila Rica. Está com uns 15 mil estudantes, tem muitos doutores e mestres.

 

Em 2013 a Unemat passou a receber 2% da receita corrente líquida do estado. Isto aumentaria 0,1% ao ano até atingir, em 2018, 2.5% daquela receita. Seu orçamento para 2017, com 2.4% daquela receita, será de 320 milhões de reais. Tem hoje independência financeira e administrativa, portanto.

 

É interessante observar que a Unemat não está em nenhum município da Baixada Cuiabana e somente em Alto Araguaia no Sul do Estado.

 

Somando as populações de todos os municípios desses dois lugares dá algo como 1,5 milhões de habitantes. Ou seja, a Unemat praticamente não atende diretamente metade da população do estado.

É interessante observar que a Unemat não está em nenhum município da Baixada Cuiabana e somente em Alto Araguaia no Sul do Estado

É interessante observar também que a maior fatia da receita corrente líquida do estado vem do ICMS e são estas duas regiões que mais arrecadam esse imposto. Onde pontuam as três principais cidades do estado,Cuiabá com 585 mil habitantes, Várzea Grande com 271 mil e Roo com 239 mil.

 

Sempre se diz que a Unemat não iria onde estivesse a UFMT. A ideia era interiorizar mais a universidade estadual de preferência onde não houvesse educação superior pública por perto. Se a UFMT está em Cuiabá e Roo, em tese, não se teria a Unemat. Mas, contrariando isso, em Sinop tem Unemat e a UFMT.

 

Fala-se que a Unemat poderia ir para Várzea Grande, onde estará todo o setor de tecnologia da UFMT, também o Parque Tecnológico e o Instituto Federal de Educação. Será que vem mesmo?

 

É que se criou uma lenda de que se a Unemat viesse para essa região poderia, com o tempo, perder sua reitoria. Uma mentira repetida pode até fazer muita gente acreditar, mas esta não tem nenhum fundamento. A reitoria é em Cáceres e ponto final.

 

Aquela alegação da reitoria da Unemat de que não tem recursos para expandir não parece que convence. Quando aquela universidade tinha muito menos recurso, não tinha garantia nenhuma de receber automaticamente o que lhe é próprio, ela expandiu pelo estado inteiro.

 

Agora, com recursos próprios e garantidos, podendo ter planejamento de médio e longo prazo, não pode mais ir a lugar nenhum? Se não der no início para construir prédios, não daria para se alojar por um tempo em um de aluguel ou emprestado pelo poder público estadual ou municipal?

 

A frente parlamentar criada na Assembleia Legislativa em 2016, para tentar levar a Unemat para esta região e para o sul do Estado, não poderia encontrar alternativas para esse importante assunto?

 

Alfredo da Mota Menezes é professor universitário e analista político

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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3 Comentário(s).

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Andre  26.03.17 19h12
Parabéns ao articulista e professor phd. Lucidas e verdadeiras as ponderações. A Unemat presta um desserviço para Mato Grosso quando há cursos em cidades sem demanda, usada para contextos políticos! Veja o relatório de baixa demanda da Unemat em seu site, nada é feito!! Absurdo, enquanto isto a maioria dos mato-grossenses não usufruir do patrimonio intelectual da Unemat. Façam uma CPI, reorganizem a Unemat, ACORDEM GOVERNADOR E DEPUTADOS!!
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Oseias Carmo Neves  26.03.17 11h56
Evidentemente que o debate em torno da expansão da Unemat para regiões de grande adensamento populacional, como a baixada cuiabana, é uma questão tanto política, quanto econômica. Por outro lado, a Unemat cumpre com extremo brilhantismo seu papel de fomentador do desenvolvimento regional no interior. Não vejo que a baixada cuiabana sofra de escassez de ensino superior. Mas é evidente que a Unemat precisa fincar bases nessa metrópole para ampliar a oferta de ensino público e gratuito. Mas é preciso avaliar e equacionar justamente as questões que coloquei no início: os interesses políticos com a viabilidade econômica. O fato é que a Unemat tem que ser valorizada como patrimônio científico e cultural de nosso Estado. E certamente, essas questões passarão pelo debate no Congresso Universitário da Unemat que se realizará esse ano. Oportunidade ímpar para que os atores políticos e econômicos de Mato Grosso afinem esse diálogo. E oportunidade para a comunidade externa participar desse debate.
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Nivaldo Teodoro de Mello  26.03.17 10h59
Correta a leitura do Dr. Alfredo, é inadmissível que uma cidade como Rondonópolis não tenha um campus da Unemat, uma das maiores força política desse Estado, pra não dizer Econômica.
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