KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
Quadrilhas estão usando o Pantanal Mato-grossense como mais uma alternativa para o tráfico internacional de drogas. A informação é do delegado Gustavo Francisco Garcia, da Delegacia de Repreensão à Entorpecente (DRE), em Cuiabá.
Em entrevista ao MidiaNews, nesta quinta-feira (8), Garcia revelou que traficantes ligados a facções internacionais têm usado, rotineiramente, fazendas no Pantanal, para entrar com a droga até o Brasil. O motivo da escolha é a aparente facilidade que eles encontram em passar livremente pelas fronteiras com aviões de pequeno porte carregados de cocaína.
Na manhã de quarta-feira (7), a DRE apreendeu um avião, modelo Cessna Airgraft, 210k, que tinha como destino a cidade de San Ignácio, na Bolívia, na fronteira Oeste do Brasil (Região da Grande Cáceres). A aeronave era pilotada por Wilson Carvalho, 28, que tinha como acompanhante Josivan Caetano dos Santos, 23. Os dois foram presos em flagrantes.
Com os traficantes, a Polícia encontrou armas de fogo e US$ 600 mil, equivalente a cerca de R$ 1,050 milhão. O dinheiro seria utilizado para comprar cocaína no país vizinho.
Carregamentos periódicos
Investigações da DRE mostram que os carregamentos costumam sair de países produtores de cocaína, como Bolívia e Peru, a cada dez dias. E entram no Brasil pelo Pantanal em Mato Grosso. Os aviões aterrissam em fazendas, nas cidades de Barão de Melgaço e Poconé (a 199 e 100 km, respectivamente, ao Sul de Cuiabá).
“A escolha dessa rota alternativa, que usa o Pantanal, é explicada pela facilidade que eles encontram em passar com grandes quantidades de drogas, cerca de 300 a 400 quilos por vez. O meio empregado não é o usual, mas passou a se repetir muito, ultimamente. É difícil para a Polícia monitorar ações como essa. O território é muito extenso, com grandes áreas alagadas e falta equipamento”, informou Garcia.
O delegado disse que a Operação Tuvira, iniciada em agosto de 2011, teve sucesso devido ao apoio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e da Delegacia de Meio Ambiente (Dema). As duas instituições cederam equipamentos como barcos, aviões e também profissionais, que auxiliaram no trabalho.
Seis investigadores da DRE trabalharam na ação. Outro fator determinante para o êxito foi a participação de moradores locais.
“Uma operação como essa, que abrange um grande território e que possui essa dificuldade de acesso, é essencial a participação da sociedade. Fomos norteados por moradores, que fizeram denúncias anônimas. Eles observaram a grande quantidade de aviões no local e acharam que isso era suspeito. Comunicaram o fato à Polícia e a outros órgãos, que nos avisaram. Começamos a investigar e tivemos a confirmação, que essa região é usada como rota de tráfico internacional”, explicou o policial.
Garcia disse ainda que vários indícios incriminam os presos, como atuantes no tráfico de drogas internacional. Com a dupla Wilson e Josivan, foram encontrado chips de operadoras de telefonia boliviana. Além de dinheiro boliviano e peruano. O delegado acredita que existe um grupo poderoso de traficantes internacionais injetando cocaína no Brasil, através do Pantanal.
“Sabemos que esses presos são apenas a ponta. Existem outras pessoas por trás deles, com maior poder aquisitivo. Essa prisão é apenas o começo, mas já vai abalar a estrutura desses traficantes. Cada carregamento custa cerca de R$ 1,2 milhão. São, pelo menos, 300 quilos de cocaína em cada travessia. O caso foi encaminhado para a Polícia Federal, por termos a certeza que foi comprovado tráfico internacional. Contamos com o auxilio da população para manter as denúncias”, disse o delegado.