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TIROS NA NOITE
06.07.2016 | 10h19 Tamanho do texto A- A+

"Pensei que seria meu último dia de vida", diz Pery Taborelli

Pery Taborelli conta como foi o tiroteio em que se envolveu na terça-feira à noite, em Cuiabá

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O tiroteio aconteceu na noite desta terça-feira, no Jardim das Américas

O tiroteio aconteceu na noite desta terça-feira, no Jardim das Américas

YURI RAMIRES
DA REDAÇÃO

O deputado estadual Pery Taborelli (PSC) afirmou que reagiu à abordagem de criminosos na noite de terça-feira (5), no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá, por instinto. E que temeu pela sua vida e de seus filhos. "Pensei que seria o meu último dia de vida", relembrou o parlamentar.

 

Este foi o quarto atentado à vida de Taborelli.

 

A troca de tiros começou após ele ouvir os bandidos dizendo que “passariam” (matariam) seus filhos.

 

Ao MidiaNews, o deputado contou que estava sentado no banco de trás do veículo, quando percebeu a chegada dos criminosos, que ele classificou como uma “abordagem incomum”.  

 

Taborelli estava em um veículo com os dois filhos e a nora. E em outro estavam dois de seus assessores. Pelas circunstâncias, ele acredita que estava sendo seguido desde que deixou a Assembleia Legislativa.

 

“Eles não vieram para roubar dois carros. Não foi uma abordagem comum e a forma de verbalizar foi diferente. Eles pediam por armas e separaram meus filhos de um lado e os assessores de outro”, contou o parlementar.

 

Segundo o deputado, os bandidos disseram: “Vamos passar vocês”. Quando ele ouviu isso, decidiu reagir em fração de segundos.

 

“Passar? Foi aí que eu percebi que não se tratava de roubo. E pensei que não ia deixar meus meninos padecerem. Foi aí que saltei do carro já atirando em direção a um cidadão”.

 

Após primeiros disparos, os outros criminosos começaram a revidar e o deputado ficou na mira de três armas.

 

“Um estava perto de mim, o outro do lado do motorista e outro na frente. O que eu acertei estava a meio metro, não estiquei nem o braço. Quando caí no chão, eles fugiram cada um para um lado”.

 

Apesar da ação instintiva, Taborelli, que também é coronel da PM, já havia passado por situações parecidas. E que o combate foi feito como forma de chamar atenção dos moradores do bairro para a situação vivenciada.

 

Segundo o parlamentar, da sua arma, uma pistola Taurus ponto 40, foram disparados nove tiros.

 

“Meu último dia”

 

A ação durou menos de 30 segundos, conforme o deputado. Mas foi o suficiente para ele pensar que aquele seria seu último dia de vida.

 

“Ontem me deu uma vontade, uma saudade de estar junto deles [filhos]. E desde cedo passamos o dia em uma reunião na Assembleia Legislativa. E depois, saímos nos dois carros”, disse.

 

Apesar da experiência acumulada nos anos na Polícia Militar, o coronel afirmou que foi um confronto forte.

 

“Sinceramente, ontem eu pensei que Deus estava preparado. Ontem era o dia. Pensei que seria o meu último dia de vida. Foi muito forte o combate, não tenho habilidade desse jeito, foi Deus".

 

Quando decidiu reagir, diz que pensou nos filhos e na família. “Não vou aliviar para esses marginais”.

 

Fragilizados

 

“Eu e minha família estamos abalados. Eu sou uma ponta da família. O clima que estamos vivendo hoje é esse, de fragilidade”, contou.

 

Taborelli reconhece que muitas outras pessoas não têm o mesmo “sucesso” ao reagir a uma abordagem de criminosos. Além disso, classificou o cenário atual da Segurança Pública como uma herança de outras gestões.

 

“Eu pergunto, quantos civis não perderam a vida por conta de não terrem uma arma, ou são mortos pela ineficiência do Estado. Eu fico decepcionado, pois é uma área pela qual tanto lutei e que sempre precisou de uma atenção dos governos e está do jeito que está hoje”.

 

Ele lembrou ainda que se tivesse morrido na ação – bem como os demais atentados sofridos pelos servidores da Segurança Pública nos últimos meses – só demonstra a fraqueza da sociedade e do Estado.

 

“Recebemos essa situação de herança de outros governos, que nunca se preocuparam com a própria sociedade, como é o caso da Segurança. Faltam ações, políticas sérias. O setor precisa ser fortalecido. Mas não, é empurrado com a barriga”, afirmou.

 

Pedido de segurança

 

Na manhã desta quarta-feira (6), na Assembleia Legislativa, o deputado pediu ao governador Pedro Taques (PSDB) e ao presidente da Casa de Leis, o deputado Guilherme Maluf (PSDB), proteção para ele e sua família.

 

“Quero proteção para minha família não só pelo ocorrido de ontem, mas pelo fato ocorrido um mês atrás, quando entraram na minha casa, em Várzea Grande. Eu estou preocupadíssimo com a segurança da minha família”.

 

Pery disse que não sabe como o Estado pode fazer isso. “No mínimo, o acompanhamento de policiais”.

 

Sobre o posicionamento do colega de parlamento, o deputado Emanuel Pinheiro, em acionar a Força Nacional de Segurança para atuar na cidade, Taborelli afirma que reluta, mas vai dar uma nova atenção ao tema.

 

“É um fato que vou discutir e pensar mais junto com as polícias militar e civil, para sentir neles a necessidade. Mas, não vejo a necessidade de trazer a Força Nacional”.

 

No que diz respeito a motivação do tiroteiro, o deputado afirma que vai aguardar as investigaçõs da polícia.

 

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COMENTÁRIOS
18 Comentário(s).

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Clarice  07.07.16 09h13
Sou a favor do porte de arma desde que o portador saiba usá-la devidamente e tenha preparação (inclusive psicologica) para enfrentar uma situação como esta. Lamentavelmente a segurança será reforçada SOMENTE para a família do Deputado enquanto que o restante da população fica á mercê de bandidos e da sorte. Que a segurança seja extensiva à TODOS!
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Galileu  06.07.16 21h12
Galileu, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
Moreira  06.07.16 19h40
Falta o trabalho OSTENSIVO da Policia. Não adianta aumentar o efetivo se não tem planejamento Preventivo. Eu faço uma pergunta: quantas vezes voce foi abordado na rua e teve uma revista (a popular GERAL) nos ultimos 90 dias ????
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alexandre  06.07.16 15h01
a consulta popular seria feita com a seguinte questão: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". Os eleitores puderam optar pela resposta "sim" ou "não", pelo voto em branco ou pelo voto nulo. O resultado final foi de 59.109.265 votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo "sim" (36,06%). Apesar de a maioria decidir pelo "não", sendo a favor da comercialização das armas e munições, a restrição continuou como estava desde o fim de 2003. O artigo 35 foi excluído do Estatuto do Desarmamento. É bom lembrar que ainda assim, de acordo com a lei, o porte de arma continua ilegal, salvo algumas raras exceções. O cidadão comum que deseja ter uma arma (a comercialização e a posse de arma estando permitidas) deverá mantê-la em seu domicílio, além de ter que registrá-la no momento da compra e passar por um processo burocrático que só aprovará o registro caso o cidadão não esteja no grupo considerado "de risco".
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fabio  06.07.16 14h17
O povo teve como escolher e escolheu não andar armado. Agora não adianta ficar chorando leite derramado. Nas ultimas eleições mais de 30% dos eleitores deixaram de votar e depois quer ficar reclamando, se abster de suas responsabilidades como cidadão é ser conivente com tudo que esta acontecendo. Falar que não votou para ficar dizendo depois "Ahhh eu tinha falado, ainda bem que não foi votar" é uma das maiores ignorâncias que se pode falar na vida. Mas, isso já faz parte da cultura humana lavar as mãos e deixar os outros escolherem por eles, para poderem reclamar depois.
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