Um rapaz morto em troca de tiros com policiais militares durante uma abordagem no bairro 23 de Setembro, em Várzea Grande, foi enterrado na semana passada como indigente. O crime ocorreu no dia 12 de julho e desde então, passados quase três meses, familiar algum procurou o Instituto de Medicina Legal para fazer o reconhecimento. A sua identificação deverá ser feita através de exame da arcada dentária ou DNA.
Técnicos em necropsia acreditam que o jovem não tenha parente na Grande Cuiabá, mas o estranho é que nem consulta de fora foi realizada, pois se estava mesmo preso, algum familiar o teria visitado recentemente.
As investigações, nesse período, também não avançaram. O local do crime não teria sido preservado e um morador próximo teria se encarregado de lavar onde ocorreu o confronto, destruindo as provas e prejudicando os trabalhos dos peritos do Instituto de Criminalística que fizeram o laudo de local.
Para complicar, quem atendeu a ocorrência não foi a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e sim a Central de Flagrantes de Várzea Grande. Na DHPP, o responsável pela redistribuição de inquéritos não soube dizer se o caso foi devolvido pela Delegacia Distrital do Jardim Glória.
Conforme o boletim de ocorrência, Gordinho seria ex-presidiário e estava em companhia de mais quatro jovens num Corsa branco e na abordagem, o motorista acelerou, mas foram alcançados. Os PMs explicaram que os outros quatro se renderam, mas Gordinho saiu correndo e atirando. No confronto, ele foi baleado e morreu após passar pelo box de emergência do Pronto Socorro de Várzea Grande.
Com o suspeito, os policiais apreenderam uma pistola ponto 40 com numeração raspada – um tipo de arma usada somente por policiais. No porta-malas carro, foram apreendidas quatro trouxinhas de pasta-base de cocaína, além de um revólver de brinquedo.
Os quatro ocupantes do carro disseram não saber o nome de Gordinho, mas informaram que ele é ex-presidiário – saindo quatro dias antes de uma unidade prisional da Grande Cuiabá. Os policiais suspeitam que os ocupantes do carro iriam praticar algum assalto nas proximidades.
Aos policiais, os jovens disseram que estavam passeando e fariam uso de entorpecentes. Eles negaram que iriam praticar assalto alegando não saber que Gordinho estava armado. Acrescentaram que não sabem nem o primeiro nome da vítima, uma vez que é conhecido apenas como Gordinho.
Como a pistola está com a numeração raspada, os policiais disseram ter dificuldades em saber quem era o proprietário da arma. Uma das suspeitas é que a pistola tenha sido roubada de algum policial recentemente.