Cuiabá, Segunda-Feira, 11 de Agosto de 2025
OPERAÇÃO BERERÉ
27.02.2018 | 17h13 Tamanho do texto A- A+

Advogado repassou R$ 3 milhões em 538 cheques a funcionária

Investigação do MPE e Delegacia Fazendária revelou que motorista do advogado recebeu R$ 225 mil

Alair Ribeiro/MidiaNews

O advogado Antonio Eduardo da Costa e Silva (detalhe), cujo escritório foi alvo de mandado

O advogado Antonio Eduardo da Costa e Silva (detalhe), cujo escritório foi alvo de mandado

DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO

As investigações do Ministério Público Estadual (MPE) e da Delegacia Fazendária na Operação Bereré, deflagrada no dia 19 deste mês, revelou que o advogado Antonio Eduardo da Costa e Silva repassou R$ 3,044 milhões para uma funcionária de seu escritório.

 

O MPE afirma que a movimentação bancária comprova uma das formas de lavar o dinheiro oriundo de um esquema de fraudes no contrato entre o Detran-MT e a empresa EIG Mercados.

 

Antonio Eduardo compõe o quadro societário da Santos Treinamento e Capacitação de Pessoal, uma empresa que, segundo o MPE, seria de fachada para a lavagem de dinheiro. A sede da empresa ficava no escritório de advocacia de Antonio, na região central de Cuiabá.

 

De acordo com as investigações, a funcionária Rebeca Maria de Sousa Arruda recebeu, de dezembro de 2010 a outubro de 2015, 538 cheques, em valores que, somados, chegam a R$ 3.044.510,76.

 

Constata-se que Rebeca Maria de Sousa Arruda se encontra numa sequência de atos destinados a esconder origem ilícita do dinheiro provindo da EIG (FDL)

“Nota-se atividade explícita de lavagem do dinheiro público oriundo do Detran-MT, em razão do contrato ilícito mantido com a EIG Mercados, antiga FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda”, diz trecho do documento do MPE.

 

“Com base nestas provas e informações, constata-se que Rebeca Maria de Sousa Arruda se encontra numa sequência de atos destinados a esconder origem ilícita do dinheiro provindo da FDL, razão porque sua prisão temporária é necessária para o esclarecimento de tais circunstâncias”, afirma.

 

Motorista: 55 cheques

Outro funcionário de Antonio que recebeu cheques foi Fernando Izidoro da Costa Neto, que, segundo o MPE, seria motorista de carro de passeio do advogado, com salário de R$ 993,71.

 

As investigações revelaram que ele recebeu 55 cheques que totalizam R$ 225,2 mil.

 

O Ministério Público pediu a prisão temporária de Rebeca Maria e Antonio Eduardo, mas não de Fernando Izidoro. Os pedidos foram negados pelo desembargador José Zuquim Nogueira.

 

Apesar disso, o magistrado autorizou busca e apreensão ao escritório da advocacia Costa e Silva Advogados Associados e na empresa Santos Treinamentos e Capacitação de Pessoal.

 

No decisão de busca, o desembargador exigiu que houvesse o acompanhamento de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil.

 

Veja fac-símile:

 

 

A operação

 

A operação foi desencadeada em Cuiabá, Sorriso e Brasília (DF), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, em imóveis e escritórios, além da sede da empresa em Brasília.

 

Foram alvos da operação o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o ex-deputado federal Pedro Henry, servidores públicos, empresas e particulares.

 

A operação é desdobramento da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o "Dóia".

 

Ele revelou esquemas de corrupção na autarquia, iniciados em 2009, e que renderiam, ao menos, R$ 1 milhão por mês.

 

A EIG Mercados (antiga FDL) venceu uma licitação, em 2009, para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos, por um período de vinte anos.

 

Até julho de 2015, a empresa ficava com 90% da arrecadação anual - estimada em R$ 25 milhões - e o órgão com 10%.

 

Em julho de 2015, já na gestão Pedro Taques (PSDB), o Detran-MT fez um termo aditivo ao contrato, passando a receber 50% da arrecadação.

 

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Humberto Tavares   27.02.18 22h50
Humberto Tavares , seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas