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10.08.2025 | 15h39 Tamanho do texto A- A+

Sanção de Trump extrapola Moraes e coloca STF sob pressão

Trump aplicou contra Moraes sanções econômicas via Lei Magnitsky

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Palácio do Supremo Tribunal Federal na Praça dos Três poderes em Brasília

Palácio do Supremo Tribunal Federal na Praça dos Três poderes em Brasília

DA FOLHAPRESS

 Embora voltada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a aplicação da Lei Magnitsky pelos EUA extrapola o magistrado e gera tensão inédita na corte e no Poder Judiciário, avaliam especialistas ouvidos pela Folha.

 

Eles também falam em ataque à soberania e projetam que a medida não deve mudar o comportamento do Supremo na ação penal que julga a tentativa de golpe de 2022 -liderada, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

O governo do presidente Donald Trump aplicou contra Moraes sanções econômicas via Lei Magnitsky, legislação do país voltada a violadores de direitos humanos e líderes acusados de corrupção. Ao anunciar a medida, no final de julho, os EUA afirmaram que Moraes usou sua posição de magistrado para "autorizar detenções arbitrárias" e "suprimir a liberdade de expressão".

 

Antes da aplicação da Lei Magnitsky, o governo americano já havia proibido a entrada de Moraes e de outros ministros do STF nos Estados Unidos. Na sequência, anunciou o tarifaço de 50% a produtos brasileiros, este também associado ao julgamento de Bolsonaro na corte.

 

Na última quinta-feira (7) a embaixada dos Estados Unidos afirmou em publicação nas redes sociais que "aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas" também podem ser punidos. Logo após a aplicação da Magnitsky, o Supremo lançou nota de apoio ao magistrado.

 

No comunicado, a instituição ressaltou que "não se desviará do papel de cumprir a Constituição e as leis do país" e que o julgamento de crimes como os imputados ao ex-presidente é de exclusiva competência da Justiça.

 

O recado também foi dado durante sessão de abertura do semestre do Judiciário, quando prevaleceu o discurso sobre a independência da Justiça brasileira.

 

A reação pública dos ministros da corte de apoio a Moraes foi, porém, abalada depois que o magistrado decretou de ofício, no início deste mês, a prisão domiciliar de Bolsonaro. Segundo o juiz, Bolsonaro desrespeitou medida cautelar que o proibia de usar as redes sociais ao participar de manifestações por intermédio de terceiros.

 

A prisão domiciliar renovou à máxima potência o esforço pelo impeachment do ministro vindo de bolsonaristas, que chegaram a se amotinar no Congresso. Também parte dos ministros do STF desaprovaram a medida, embora alguns deles, como Gilmar Mendes, tenham mantido apoio público às ações do magistrado.

 

Para Diego Nunes, professor de direito da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a decisão inédita de aplicar a lei Magnitsky contra uma autoridade brasileira não deve concretamente interferir no julgamento de Bolsonaro. A avaliação do especialista vai em direção à manifestação de magistrados da corte ouvidos pela Folha.

 

Eles refutam a ideia de que as sanções interfiram na ação penal e falam na possibilidade de o julgamento ser permeado por discurso de soberania. Nunes classifica o episódio como uma tentativa internacional de descrédito da Justiça brasileira.

 

Para o especialista, os Estados Unidos aplicaram mal a legislação, que foi desenhada para punir ditadores, traficantes e terroristas. "Eventualmente pode-se discordar de uma ou outra decisão de Moraes, mas elas não acarretaram graves violações de direitos humanos e muito menos se referem a atos de corrupção", diz.

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