Baracat acusa Murilo de esquema e lavagem de dinheiro

Um esquema de desapropriação de áreas na cidade de Várzea Grande, conforme denúncia do site VG Notícias, teria financiado a campanha de reeleição do prefeito Murilo Domingos (PR), no ano passado. Um desses casos foi revelado, nesta terça-feira (21), pelo ex-secretário de Esporte e Lazer, Edilson Baracat, que teria recebido dinheiro da indenização, com a condição de utilizá-lo na compra de voto.

Ao MidiaNews, Edilson Baracat confirmou a veracidade dos fatos narrados pelo seu advogado, Jorge Luiz Siqueira Farias, porém ressaltou que não o liberou para falar sobre o assunto. "Não queria chegar a esse ponto e nem autorizei o advogado a falar. Quero somente receber o que tenho direito. Já fui prejudicado com isso. Essa cobrança é um dos motivos de não voltar para Secretaria de Esporte. Murilo levou o caso para o lado pessoal", afirmou Baracat.

O fato é que Edilson Baracat teve uma área localizada na Avenida Castelo Branco, no centro de Várzea Grande, desapropriada nos anos 90. No local, foi construído o Ginásio de Esportes Júlio Domingos de Campos, o "Fiotão". Por essa desapropriação, que não foi paga na época, Baracat fez um acerto com Murilo, no final de setembro de 2008, estabelecendo o valor de R$ 135 mil de indenização. Desse valor, foram pagos R$ 40 mil.

Conforme denunciado pelo advogado Jorge Luiz, os R$ 40 mil liberados pela Prefeitura para quitar a dívida, na verdade, foram repassados para Edilson Baracat utilizar na compra de "votos casados" entre Murilo Domingos e a candidata a vereadora Denize Baracat (PR), irmã de ex-secretário. O dinheiro foi liberado na véspera das eleições, no dia 2 de outubro, por meio do cheque nº 859362, em nome da Prefeitura e endossado a Edilson Baracat.

Jorge Luiz ainda denunciou que Murilo Domingos teria se comprometido a injetar mais R$ 40 mil no esquema para compra de votos para a irmã de Edilson, mas teria entregue metade do valor, por meio do secretário de Governo, Benedito Gonçalo de Figueiredo, o Dito Loro. A transação teria acontecido na casa de Toninho Domingos, irmão de Murilo. Com o dinheiro, Edilson Baracat conseguiu comprar cerca de 600 votos, segundo o advogado.

O advogado de Baracat promete entrar com uma ação junto à Justiça Federal denunciando o esquema de compra de voto. Jorge Luiz ainda revelou que seu cliente possui relatórios completos sobre os 600 votos comprados com o dinheiro recebido do prefeito, com nomes e números dos títulos dos eleitores captados. Jorge Luiz informou que espera tirar proveito da chamada delação premiada do seu cliente.

Outro lado

O secretário de Comunicação de Várzea Grande, Jefferson Missias, informou que a Prefeitura, assim que tomou conhecimento da denúncia, acionou a Procuradoria Municipal para fazer um levantamento do ocorrido e identificar toda a suposta negociação.

"Existiu o pagamento dessa desapropriação, mas, me parece que está havendo um desentendimento sobre o valor que foi firmado. Estão, agora, discordando do valor, mas isso será esclarecido", disse.

Com relação ao suposto esquema de compra de votos com dinheiro da Prefeitura, Jefferson Missias afirmou que isso "não procede" e que "estão inventando fatos para tentar prejudicar Murilo Domingos".

"Sabemos que a irmã do Edilson era candidata e que ele recebeu o dinheiro dessa área desapropriada. Agora, o que foi feito com o dinheiro é problema dele. Se o Edilson comprou voto para irmã, não temos controle sobre isso", declarou Messias.