DIÁRIO DE CUIABÁ
Cerca de dez dias após a estreia na rede, o blog do juiz federal Julier Sebastião da Silva já deu mostras de sua orientação política voltada à esquerda.
Os temas até agora citados pelo juiz – que, embora não fale publicamente, tem pretensões de se candidatar a cargo eletivo – envolvem críticas aos Estados Unidos e os escândalos do governo de Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil entre os anos de 1995 e 2002.
Em seu primeiro post, o magistrado cita uma de suas mais notórias decisões, a que determinou à Imigração brasileira que fizesse o registro fotográfico e biométrico de norte-americanos nos aeroportos do Brasil, assim como ocorre com os brasileiros recém-chegados aos Estados Unidos.
Na dica literária, Julier sugere ao internauta a leitura do livro “A Privataria Tucana”, de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Incensado na esquerda como a grande denúncia contra os anos FHC, a obra está entre as mais vendidas do Brasil.
“(...) o jornalista Amaury Ribeiro Jr. descreve, passo a passo, o percurso da lavagem de dinheiro e da utilização de valores oriundos de crimes nas privatizações ocorridas no período retro”, escreveu o magistrado. “Nesse contexto, destaca-se o uso de empresas offshore, paraísos fiscais e movimentações financeiras ilícitas, roteiro este bastante conhecido em Mato Grosso, que experimentou o domínio do crime organizado por longas décadas, até que o império viesse a cair a partir de decisões da Justiça Federal”.
Nesse trecho, Julier traça um ponto comum entre o esquema das privatizações e o do bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que também usou das offshores para fazer a lavagem do dinheiro obtido em suas atividades ilícitas.
O outro livro citado pelo magistrado é “Cara, cadê o meu país?”, escrito pelo documentarista Michael Moore, uma das vozes mais ativas da esquerda norte-americana. Para Julier, a obra é “uma importante crítica aos caminhos impostos ao mundo e aos Estados Unidos durante a era Bush”.
Nascido em Chapada dos Guimarães, Julier Sebastião da Silva tem 42 anos, 16 dos quais dedicados à Magistratura. Em 1991, ele se formou em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). No período de estudante, foi militante do PT.