Cuiabá, Quinta-Feira, 17 de Julho de 2025
LAVA JATO
16.04.2017 | 14h23 Tamanho do texto A- A+

Delator diz que Maria do Rosário sabia de caixa 2: 'Ela consentiu'

STF autorizou abertura de inquérito contra a deputada com base em delações do ex-diretor Alexandrino Alencar

Elza Fiúza/Agência Brasi

Maria do Rosário na época em que ocupava a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Maria do Rosário na época em que ocupava a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

DO G1

A deputada federal gaúcha Maria do Rosário, do PT, teria recebido R$ 150 mil em doações feitas por meio de caixa dois da Odebrecht, conforme o depoimento do delator Alexandrino de Alencar. Segundo ele, a parlamentar tinha pedido o dinheiro para financiar sua campanha em 2010, e recebeu a doação, mesmo sabendo que não seria contabilizada de forma oficial.

 

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura da investigação a partir do pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A PGR fez o pedido com base nas delações dos ex-executivos da Odebrecht.

 

De acordo com Alexandrino, o contato no qual Maria do Rosário pediu dinheiro ocorreu no escritório político da parlamentar, em Porto Alegre. “Ela, pedindo um apoio de campanha dela de deputada, para a reeleição dela de deputada, e nós demos esse apoio doando para ela R$ 150 mil em duas etapas. E nós fizemos essas doações naquela época via caixa dois. Ela pediu, e eu via nela um potencial importante. E nossa cota de doações já tinha terminado, então só tinha o veículo de caixa dois”, afirmou Alexandrino.

 

O delator foi ainda questionado se a deputada foi informada “expressamente” sobre a doação ser feita por meio de caixa dois, e ele respondeu: “Ela estava ciente que receberia via caixa dois (...) consentiu, tanto é que foi feito”.

 

Alexandrino afirmou que, apesar de não saber como os recursos foram entregues, uma vez que isso era feito pelo setor de operações estruturadas - conhecido como setor de propinas -, os repasses para a deputada constam nas planilhas do sistema “Drousys”, por meio do qual era feito o controle dos valores que eram repassados.

 

Conforme as informações apresentadas por Alexandrino, o codinome de Maria do Rosário era “Solução”, e ela teria recebido dois repasses: um de R$ 100 mil e outro de R$ 50 mil.

 

De acordo com as informações contidas na delação, o contato com a deputada teve início em 2008, uma vez que a empresa antevia o potencial de liderança que a parlamentar tinha no Rio Grande do Sul. “Tendo sido até candidata a prefeita na cidade (de Porto Alegre), ela exercia uma liderança bem interessante”, afirmou Alexandrino em seu depoimento.

 

O delator afirmou ainda que, na sua atividade, era fundamental o relacionamento político, tendo em vista o crescimento das empresas do grupo. ”E meu público alvo nisso eram os partidos políticos, políticos e agentes públicos, sempre alinhado com a sistemática de contribuições financeiras eleitorais”.

 

Ele disse ainda que sua visão sobre o potencial de Maria do Rosário se confirmou com a nomeação dela para a secretaria de Direitos Humanos no governo federal, pasta que ocupou entre 2011 e 2014.

 

Alexandrino também disse que, nesse período, se aproximou da então secretária por conta para a implementação de políticas de direitos humanos nas obras conduzidas pela empreiteira no interior do Maranhão.

 

“Nós mostrávamos o que estávamos fazendo, e ela mostrava projetos ligados aos direitos humanos em obras, porque imagina no interior do Maranhão a gente de direitos humanos como é que é... Então as políticas do governo foram levadas para as nossas obras lá no interior do Maranhão”, explicou Alexandrino sobre um comprovante de viagem em 2012 para reuniões com a então ministra em Brasília.

 

Posicionamento
 

Logo após a divulgação da abertura do pedido de investigação, na última terça-feira (11), a deputada disse à RBS TV ao desembarcar no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, que considerava um “absurdo estar sendo citada desse modo”, e negou ter solicitado recursos.

 

Depois, divulgou ainda nota: “Quem não deve, não teme. A medida é uma mera autorização do STF para apuração dos fatos sobre as delações da Odebrecht. No entanto, a mera citação de meu nome me deixa indignada. Não me calarei frente a este episódio e não me afastarei um milímetro sequer das causas que acredito e que o nosso trabalho representa. Vou disponibilizar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico ao STF tamanha é minha tranquilidade. Meu nome e minha vida não estão à disposição para serem enxovalhados por ninguém em nenhum lugar".

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