Assim como os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), os governadores que deixarão os cargos até 2 de abril para disputar o Senado também correm para inaugurar "obras" -- muitas inexistentes até no papel- antes de saírem. Assim, promovem a si e a seus candidatos à sucessão. Os governos negam que os eventos tenham caráter eleitoral.
Em todo o país, são pelo menos 160 obras até o fim do prazo de desincompatibilização.
Só no Rio Grande do Norte, governado por Wilma de Faria (PSB), a intenção é inaugurar cerca de cem obras até o fim do mês. O candidato de Wilma à sucessão, o vice Iberê Ferreira (PSB), luta contra o favoritismo de Rosalba Ciarlini (DEM).
"Está todo mundo feito doido aqui, ninguém dorme, ninguém faz mais nada", disse Frederico Mesquita, do Gabinete Civil.
Para eleger o sucessor, o atual vice Antonio Anastasia, o governador mineiro Aécio Neves (PSDB) também cumpre intensa agenda. Até para "inaugurar" uma unidade de saúde em São João del Rei que deve funcionar apenas em maio.
Até o final do mês, ele participa de pelo menos outras duas inaugurações. Na agenda, também estão anúncios de obras em duas fábricas e visitas a pelo menos seis cidades do interior.
Em Santa Catarina, desde o início do ano o governador Luiz Henrique (PMDB) vai a cerimônias -muitas de assinatura de ordens de serviço e entrega de terrenos para futuras obras.
No dia 30, ele inaugura 29 obras de melhorias em escolas da região de Blumenau -- algumas delas, porém, já estão prontas desde 2007.
A agenda do governador chegou a incluir, no fim do mês, a inauguração da mesma quadra de esportes aberta ontem pelo vice Leonel Pavan (PSDB), que é pré-candidato ao governo.
O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), só anuncia no fim de março se disputará o Senado. Enquanto isso, programou duas cerimônias para lançar obras que serão entregues em 2011 e 2012.
Pré-candidato ao Senado, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), investe em cerimônias parecidas a comícios. Ao lado do vice e pré-candidato ao governo, Silval Barbosa (PMDB), percorre o Estado para entregar máquinas agrícolas a prefeitos.
Blairo chegou a inaugurar em dezembro -- um ano antes do previsto -- um trecho de uma rodovia que, três meses após o descerramento da placa, não foi entregue. Pior: o asfalto não resistiu às chuvas, cedeu e há buracos em vários trechos.
Obras inacabadas
No Amazonas, o governador Eduardo Braga (PMDB), pré-candidato ao Senado, deve inaugurar uma estação de tratamento de água que ainda não tem concluída a parte elétrica e a rede de distribuição.
Ele também deve inaugurar um hospital cujo anexo, que será destinado ao atendimento das mulheres, não está pronto.
Em Rondônia, as chuvas fizeram com que o governador Ivo Cassol (PP) só tenha na agenda a inauguração de um aeroporto. Ele esperava inaugurar também um centro administrativo nos moldes do construído por Aécio em Minas, mas promete só fazer a festa se a empreiteira vencer o mau tempo.
Sua assessoria afirmou que ele só inaugura "obra pronta e não plaquinha ou maquete".
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), também intensificou sua agenda. No primeiro trimestre, ele deverá participar de 50% mais inaugurações do que no mesmo período do ano passado. Seu pré-candidato ao governo é o também peemedebista e atual vice Orlando Pessuti.
Outro lado
Os Estados negaram que haja interesse eleitoral na agenda de inaugurações.
Segundo a assessoria de Wilma de Faria (RN), a "maratona" de cerimônias ocorre desde 2009". A assessoria de Aécio Neves (MG) disse que suas ações não têm caráter eleitoral. Sobre a unidade de saúde que será aberta em maio, a assessoria disse que seu funcionamento depende da prefeitura e do SUS.
Em Santa Catarina, a inauguração de obras prontas é justificada pela "falta de espaço na agenda" de Luiz Henrique. Quanto à dupla inauguração da quadra de esportes, a alegação do governo é que o evento foi adiantado para ontem e deixado a cargo do vice-governador.
Segundo a assessoria, as cerimônias servem para dar satisfação à população.
Em Mato Grosso, o governo disse que "se surpreendeu" com a aparição de "anomalias" na estrada inaugurada com um ano de antecedência e disse que a cerimônia não foi precipitada.
Segundo a assessoria de Paulo Hartung, a participação dele em cerimônias de início de obras é rotineira.
O governo de Rondônia e do Piauí também negaram interesses eleitorais nos eventos. No Paraná, o governo disse que as cerimônias seguem programação normal. O Estado do Amazonas não se manifestou.
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5 Comentário(s).
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Eduarda Mello 13.03.10 09h13 | ||||
Mas não adianta responsabilizar somente o GOVERNADOR MAGICO. Onde estão os Órgãos Fiscalizados????? Qual punição esses Órgãos darão a este "Governo"???? Será que oque foi colocado no papel (material empregado) condiz com oque foi feito nas estradas? Alguém tirou um pedacinho do asfalto para conferir??? Esse é o Brasil, a safadeza deita e rola e nós bocoiós pagamos a conta. | ||||
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PITTER JOHNSON DA SILVA CAMPOS 12.03.10 16h06 | ||||
Lastimável essa postura plasmada pelos governantes do Brasil, obras devem ser inauguradas durante todo o mandato e não na véspera da eleição. | ||||
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Paulo Antônio 12.03.10 15h28 | ||||
Vai para estrada que liga Barra do Bugres a Cáceres, asfaltaram 8 km de barra a Porto Estrela, aliás até a entrada da FAzenda do falecido Renê Barbour, com o pior asfalto do mundo, que não aguentou um ano, e já está todo esburacado. Parecem que as empreiteras fazem o asfalto como querem... | ||||
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Jacira Martins 12.03.10 15h20 | ||||
Ao invés de inaugurarem obras inexistentes, deveriam concluir muitas obras que estão paradas há muitos anos, como o Hospital Central no Centro Político Administrativo. Passo em frente diariamente e acho lastimável um hospital daquele tamanho, inacabado e abandonado, enquanto a população mato-grossense que depende da saúde pública sofre diariamente. | ||||
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carlos eduardo 12.03.10 14h45 | ||||
pois sr. governador alem de nao fazer qase nada pra saúde e educação ainda faz asfalta pra enganar bobo, isso nao pega, mato grosso nao precisa so de estrada.... | ||||
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