O senador eleito Jaime Campos (DEM) voltou a defender nesta quinta-feira (29) a taxação do agronegócio. Segundo ele, a medida é a única capaz de acabar com a crise fiscal e promover o desenvolvimento econômico e social do Estado.
Jaime afirmou que os grandes produtores de commodities devem colaborar mais para que o Estado deixe de ser essencialmente agrícola.
Uma das saídas, segundo ele, seria incentivar fortemente a agroindústria, gerando mais emprego e renda, por meio da taxação do agro.
“Eu não quero Mato Grosso seja um fazendão particular e, sobretudo, eu espero que os filhos dos mato-grossenses não sejam eternamentes peões. Quero que eles tenham as mesmas oportunidades dos filhos de muitos que chegaram aqui. O cidadão mato-grossense também tem direito de ser patrão, não dá para ser só empregado dos barões”, disse.
A declaração de Jaime foi dada durante audiência pública na Assembleia Legislativa, com o objetivo de debater a taxação do campo em Mato Grosso.
O senador eleito declarou que a Lei Kandir - que isenta de ICMS os produtos primários de exportação - já cumpriu o seu papel e precisa ser urgentemente revista.
"Quando o Governo Federal implantou essa política da lei Kandir, ele tinha intenção de incentivar a produção, sobretudo da região do Centro-Oeste do Brasil em relação à da produção através das commodities. Todavia eu acho que esse papel já foi cumprido. O que nós não queremos em hipótese alguma é dizer que o Estado é muito rico na sua produção, maior produtor de soja de algodão, de milho, do maior rebanho bovino do País mas que lamentavelmente essa riqueza não chegou ao alcance das pessoas desse Estado, sobretudo da classe trabalhadora", afirmou.
Ele citou que Mato Grosso pode seguir o exemplo da política que é usada em Mato Grosso Sul.
Pela legislação do Estado vizinho, as empresas do agro devem destinar para o mercado interno o corrrespondente a 50% daquilo que exportam.
“Você viu quanto foi a receita de Mato Grosso do Sul até dia 30 de setembro: R$ 9,2 bilhões de ICMS. Em Mato Grosso, com sua atividade econômica três vezes maior, arrecadou R$ 10,3 bilhões”, disse.
“Algo de errado tem. Se eu vendo mais do que você três vezes e arrecadei R$ 10,3 bilhões, e você ganhou R$ 9,2 bilhões, algo está errado. Vamos ser justos aqui. Alguém está ganhando muito e não está pagando nada”, acrescentou.
Segundo o senador eleito, "grandes barões" do agronegócio precisam ser taxados imediatamente. Já para os pequenos e médios produtores, ele defendeu a tributação de forma progressiva.
“Nós temos que aumentar a arrecadação de Mato Grosso. Há um nicho tão grande aí na praça para a arrecadação melhorar. Tudo isso temos que passar a limpo. Caso contrário, o que adianta Mato Grosso ser rico, mas não ter saúde, não ter educação, não ter segurança? E quem paga a conta nesse momento também é só o servidor público", disse, referindo-se à dificuldade que o Estado tem para pagar os salários do funcionalismo em razão da crise de caixa.
Jaime ainda defendeu que é necessário que o Estado atue contra os produtores rurais que sonegam impostos na venda de produtos agrícolas no mercado interno.
“Temos que ver de forma muita clara também o combate à sonegação, sobretudo daqueles que dizem que estão exportando, mas na verdade estão deixando no mercado interno. Pelos dados são mais de 30%”, disse.
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13 Comentário(s).
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Erivaldo 30.11.18 13h54 | ||||
Realmente, a Lei Kandir já cumpriu seu propósito! a lei tem que ser revista urgentemente! Bancos, tradings, e sojicultores lucram. Mas é uma questao a ser estudada e discutida pelos dois lados. Redução da maquina publica, Corte nos cargos comissionados, reducao de duodécimos para ASSEMBLEIA tbm sao saidas para reducao de despesas e aumento da receita. A Assembleia tem despesas que fogem da finalidade de fiscalizar e legislar, como a TV ASSEMBLEIA. E tenho dito! | ||||
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Otavio 30.11.18 11h33 | ||||
Vocês já sabem o tamanho do duodécimo da Assembleia legislatura e o quanto ela recebe por mês e ano. Quanto custa um Sr. Deputado. Vamos diminuir o Estado. Todo o mundo só está querendo aumentar salários, repasses e etc. o Estado não aguenta não. O Agro que já sustenta o Estado e faz e paga suas estradas não suporta ter que carregar o Estado sozinho nas costas | ||||
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José Gonçalves 30.11.18 10h35 | ||||
Eu apoio o JC nessa...mas gostaria de saber como é a tributação do agro em outros estados em relação ao mato grosso, só pra gente traçar um paralelo. | ||||
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jorge 30.11.18 09h13 | ||||
Dificil entender como o nobre senador eleito que possui negócios no Agro não consegue ter a visão de quem compra o nossa soja, não está interessado em comprar farelo e/ou comprar carnes porque quer gerar empregos no pais deles, principalmente na China. Ao inves de taxar o produto que traz riquezas para o Mato Grosso, deveria unir forças com os empresários e governo para convencer os paises compradores a abrir o mercado para os nosso produtos de maior valor agregado, reduzir os custos de produção, melhorar a nossa infraestrutura, acabar com os privilégios que dilapidam o patrimonio publico,combater a sonegação e a corrupção. Aumentar a taxação somente vai inviabilizar diversas regiões produtoras, vai reduzir a produção e ao inves de ter aumento de arrecadação, teremos perda de competitividade. | ||||
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Tadeu 30.11.18 08h24 | ||||
Corretíssimo senador Jaime e os demais que defendem a devida contribuição do setor do agronegócio para com o estado! Mato Grosso é o celeiro do Brasil, como tal, nada mais justo que a parcela devida fique para o estado, em prol dos matogrossensses! | ||||
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