Cuiabá, Segunda-Feira, 30 de Junho de 2025
PROPINA
12.05.2018 | 17h35 Tamanho do texto A- A+

Kobori diz que delatores armaram "trama ardilosa" contra ele

O empresário José Kobori depôs na sede do Gaeco durante todo a sexta-feira (11)

Alair Ribeiro/MídiaNews

José Kobori chegando na sede do Gaeco na sexta-feira

José Kobori chegando na sede do Gaeco na sexta-feira

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

A defesa do ex-presidente da EIG Mercados, José Kobori,  afirmou, em nota, que os delatores do esquema que culminou na segunda fase da Operação Bererê faltaram com a verdade e fizeram uma verdadeira armação contra ele.

 

José Kobori foi preso na quarta-feira (9) em Brasília (DF), quando foi deflagrada a segunda fase da Operação bererê, denominada Bônus. A operação apura esquema de fraude, desvio e lavagem de dinheiro no âmbito do Detran-MT, na ordem de R$ 30 milhões, que operou de 2009 a 2015. 

 

“Ficou evidente que os delatores, além de falsear a verdade e armar contra Sr. José Kobori, utilizaram-no de forma abominável e cruel, para se livrarem de seus múltiplos crimes - muito além dos já por ele confessados”, diz trecho da nota assinada pelo advogado Alvaro Silva.

 

O empresário ficou mais de 7 horas na sede do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na última sexta-feira (11). Já na chegada ao local, por volta das 9h, Kobori disse a imprensa que iria colaborar com as investigações.

Ficou evidente que os delatores, além de falsear a verdade e armar contra Sr. José Kobori, utilizaram-no de forma abominável e cruel, para se livrarem de seus múltiplos crimes - muito além dos já por ele confessados

 

Conforme a nota da defesa, o empresário se disponibilizou a entregar documentos e se comprometeu a colaborar com as autoridades.

 

Kobori foi apontado pelos empresários José Ferreira Neto e José Henrique Gonçalves, pai e filho sócios da EIG Mercados Ltda., que são réus confessos do esquema, como um dos responsáveis pelo recolhimento da propina.

 

Segundo eles, Kobori fazia a intermediação da propina que passou a ser paga na atual gestão do Governo do Estado para que o contrato fosse mantido no Detran. Os valores ilícitos, segundo eles, teriam como destinatário final o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques (também preso). 

 

Na nota, a defesa do empresário questionou as acusações e disse que a delação foi “ardilosa” e “farsesca”. Apesar de não citar nomes, o recado foi endereçado aos sócios da EIG, únicos réus que o ligaram diretamente ao esquema. 

 

“A defesa, novamente, desafia os delatores a provarem as suas afirmações caluniosas e tem a convicção de que uma trama tão ardilosa, tão farsesca como essa, não sobreviverá por muito tempo. José Kobori confia no Poder Judiciário do Mato Grosso”.

 

“Bônus”

 

A segunda fase da Operação Bereré resultou na prisão dos seguintes alvos: o deputado estadual Mauro Savi (DEM); o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques e seu irmão Pedro Jorge Taques; os empresários Roque Anildo Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, proprietários da Santos Treinamento; e o empresário José Kobori, ex-diretor-presidente da EIG Mercados.

 

De acordo com as investigações, entre os meses de julho e agosto do ano de 2009, quando Teodoro Moreira Lopes o “Dóia” ocupava o cargo de presidente do Detran, foi convocado para uma reunião no gabinete do deputado Mauro Savi. No local estavam presentes, além do parlamentar, Marcelo da Costa e Silva e Roque Anildo Reinheimer, ambos investigados no caso.

  

Na ocasião, Marcelo Silva e Roque Anildo teriam oferecido a Dóia a execução da atividade de registro junto ao Detran dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor dizendo que apresentariam ao então presidente da EIG Mercados.

 

Conforme, o MPE, na ocasião a empresa se oferecia a formular contrato administrativo com o Detran para prestar o serviço de registro de contratos junto à entidade de trânsito. Na oportunidade, um dos sócios da empresa, a fim de garantir a prestação de serviços, teria se comprometido a repassar o valor equivalente ao pagamento de um mês às campanhas eleitorais do deputado Mauro Savi e do então governador Silval Barbosa.

 

Os promotores dizem que a promessa teria sido cumprida no valor de R$ 750 mil para cada um dos candidatos, logo após a assinatura do contrato.

 

Para que a empresa fosse a vencedora do edital, na época o antigo presidente do Detran determinou que a comissão de licitações do Detran confeccionasse o edital de licitação nos mesmos moldes que a empresa FLD Fidúcia - hoje EIG Mercados - já havia vencido no Piauí. Desde então, segundo o MPE, a empresa é responsável pelo pagamento de propinas a organização ciminosa.

  

Consta nas investigações que após a assinatura do contrato administrativo, "Mauro Savi, Claudemir Pereira dos Santos, Teodoro Lopes e outros investigados se organizaram a fim de garantir a continuidade do contrato, formando uma rede de proteção em troca do recebimento de vantagens pecuniárias da parte da FDL, propina na ordem de 30% (trinta por cento) do valor recebido pela FDL do Detran repassado por intermédio de empresas fantasmas que foram criadas em nome dos integrantes da rede de proteção do contrato".

 

"Esquema que teve continuidade com a mudança de Governo e a participação de Paulo César Zamar Taques e seu irmão Pedro Jorge Zamar Taques", afirmou o MPE.

  

Os promotores explicam que no ano de 2015 - quando Silval da Barbosa deu lugar ao atual governador Pedro Taques -, ao ter informações do esquema de recebimento de propinas operado dentro do Detran, Paulo Taques e Pedro Zamar Taques - primos do governador - apropriaram-se do esquema de recebimentos,  com ajuda de Valter José Kobori.

  

Em depoimento colhido junto a um dos proprietários da empresa EIG Mercados Ltda, foi revelado ao MPE que após acertar os pagamentos com a antiga gestão Silval Barbosa a EIG Mercados contratou Valter Kobori como CEO (Chief Executive Officer). Desde então seria ele a pessoa responsável em receber pessoalmente a propina sob título de bônus pelos serviços pessoais prestados a empresa e repassar o dinheiro para Paulo Taques.

 

Segundo o depoimento as negociações foram feitas antes mesmo do resultado das eleições de 2014 onde Valter Kobori já havia combinado com Paulo Cesar Zamar Taques o auxílio para manutenção do esquema.

 

Confira a nota:

 

José Kobori prestou depoimento, ao longo de todo dia de hoje, ocasião que esclareceu todos as questões das autoridades policiais e do Ministério Público, tendo se disponibilizado a entregar documentos e se comprometido a colaborar com as autoridades no que for necessário. Com a tranquilidade de quem só falou a verdade, Kobori demonstrou que nunca transferiu qualquer recurso para agentes públicos e, ao contrário: ao longo de sua gestão extinguiu todas as práticas imorais existentes na empresa EIG (antiga FDL - FIDÚCIA).

 

Ficou evidente que os delatores, além de falsear a verdade e armar contra Sr. José Kobori, utilizaram-no de forma abominável e cruel, para se livrarem de seus múltiplos crimes - muito além dos já por ele confessados. A defesa, novamente, desafia os delatores a provarem as suas afirmações caluniosas e tem a convicção de que uma trama tão ardilosa, tão farsesca como essa, não sobreviverá por muito tempo. José Kobori confia no Poder Judiciário do Mato Grosso.

 

Alvaro Silva, do escritório de Advocacia Albuquerque e Silva

 

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JUSTICEIRO  14.05.18 08h10
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MARIA TAQUARA  13.05.18 10h34
TADINHO :~
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Maria  12.05.18 20h27
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Raimundo Nonato  12.05.18 19h32
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