Cuiabá, Sexta-Feira, 18 de Julho de 2025
NA ALÇA DE MIRA
11.11.2009 | 15h56 Tamanho do texto A- A+

PF investiga Deucimar por suposta ameaça de morte

Presidente da Câmara teria ameaçado seu primo, que comprava votos em sua campanha eleitoral

MidiaNews

O vereador Deucimar Silva, investigado pela Polícia Federal por suposta ameaça de morte

O vereador Deucimar Silva, investigado pela Polícia Federal por suposta ameaça de morte

DA REDAÇÃO

A Polícia Federal em Mato Grosso está investigando o presidente da Câmara de Cuiabá, Deucimar Silva (PP), que teria ameaçado de morte seu primo, Marivaldo Queiróz da Silva. O delegado da PF Fernando Biondo Salomão é o responsável pelo inquérito, que está em curso, e já ouviu, além de Marivaldo, sua esposa Luzinéia Silva Ribeiro.

O inquérito da PF foi iniciado após o promotor eleitoral Marcos Henrique Machado ter encaminhado, em 26 de março deste ano, o ofício nº 33/2009 ao superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Oslain Campos Santana. No ofício, Machado requere a instalação de um Inquérito Policial "visando apurar a conduta, em tese criminosa, atribuída ao vereador Deucimar Silva".

O promotor Marcos Machado relata que, segundo denúncia de Luzinéia Silva Ribeiro, feita ao promotor Ezequiel Borges, Deucimar teria convencido seu esposo, Marivaldo Queiróz da Sival, a abrir uma empresa para prestar serviço à Câmara, após as eleições, caso fosse vitorioso.

"A partir de então, Marivaldo, que é primo de Deucimar, teria passado a captar votos mediante o pagamento de R$ 30,00", diz trecho do ofício. Machado relata que, segundo a denúncia, depois de eleito, Deucimar "dispensou os serviços de Marivaldo, sob argumento de que a empresa não poderia ser contratada".

Com base nesse ofício, a Polícia Federal colheu o depoimento de Luzinéia Silva Ribeiro, no dia 29 de julho deste ano. À PF, ela não só confirmou a íntegra de seu depoimento ao Ministério Público Eleitoral, mas disse que, seguindo a orientação de Deucimar, seu marido abriu duas empresas: uma em seu nome e outra em nome de um ajudante seu.

Luzinéia disse ao delegado Fernando Biondo Salomão que seu marido teria comprado "em torno de 300 votos", pagando entre R$ 30,00 e R$ 40,00 cada um. Ela afirmou, também, que possui em sua casa documentos que comprovam a compra de votos por seu marido. Cópias dsses documentos já foram entregues à Polícia Federal.

Em seguida, ela afirma que, após eleito, Deucimar abandonou seu marido, que fez empréstimo em banco e vendeu dois carros para abrir as empresas. Segundo Luzinéia, em maio deste ano, sentindo-se pressionado pelo primo, Deucimar partiu para a ameaça.

"Ele perguntou se a gente tinha amor pelos nossos filhos. E nos ameaçou para não contar nada às autoridades", disse.

Compra de votos

No mesmo dia, Marivaldo foi ouvido pela Polícia Federal, e confirmou o teor do depoimento da esposa. Segundo ele, o dinheiro para a compra de votos "era repassado diretamente por Deucimar".

"O esquema funcionava da seguinte forma: os eleitores a serem comprados já estavam cadastrados pelo candidato, que passava uma lista de nomes e o dinheiro para o pagamento dos votos", diz o depoimento.

Segundo Marivaldo, os cadastros eram realizados no comitê político do candidato Deucimar, que funcionava no Bairro do CPA. "O esquema funcionava como uma pirâmide, posto que alguns dos eleitores das listas, por sua vez, também atuavam como compradores do voto de terceiros", diz trecho do depoimento.

Ele disse à PF que "o controle da negociata era feito através de holerites da empresa Lupa, de propriedade de Deucimar, os quais eram assinados (recibados) pelos eleitores que haviam vendido votos".

Marivaldo disse ainda que seu primo Deucimar ameaçou a ele e sua mulher, no sentido de que não contassem nada para as autoridades. Na oportunidade, segundo o depoimento colhido pela PF, Deucimar disse aos dois "que estava filmando a conversa e que iria encaminhar a gravação para a Polícia Federal, para que Marivaldo fosse preso por compra de voto".

Provas de compra de votos

No mesmo dia em que depôs, Marivaldo voltou à sede da Polícia Federal e entregou ao delegado cópia da documentação que comprovaria a compra de voto, assim como a abertura das empresas.

Ele também entregou cópias dos holerites em nome da empresa Lupa, que citou como prova de compra de votos; cópia da folha de uma agenda com nomes de eleitores e uma folha de papel original, com as iniciais "serviço de limpeza", em caneta da cor azul, cujas palavras foram escritas de punho pelo próprio Deucimar Silva.

Marivaldo também disse à PF, na ocasião, que os documentos originais da empresa que abriu permanecia em seu poder, e que na verdade abriu apenas uma empresa. Em relação à segunda empresa, ele apenas a regularizou, já que ela existia há dez anos e estava em seu nome.

Ele esclareceu ainda que "não possuía outros documentos que comprovam a compra de votos, e que as pessoas constantes nos holerites eram todas funcionários de Deucimar, da empresa Lupa, que também atuaram como compradores/vendedores de votos".

Pai ameaçado

Em 30 de setembro de 2009, Marivaldo Queiróz da Silva compareceu novamente à sede da Polícia Federal. Dessa vez, ele entregou ao delegado cópia de um Boletim de Ocorrência (nº 1.1020240.2009.1642), que fez em razão das ameaças sofridas por parte de seu primo Deucimar Silva.

Ele também relatou que Deucimar, ao saber que estava sendo investigado pela Polícia Federal, o procurou na casa de seu pai, Alvarino Gabriel da Silva. "O Deucimar falou para o meu pai que estava me procurando, e quando me encontrasse ia me matar", afirmou Marivaldo à Polícia Federal.

Diante da ameaça, Deucimar e Alvarino, que é seu tio por parte de pai, discutiram. Depois desse fato, Marivaldo disse que não conversou mais com Deucimar, mas que recebeu diversas ligações de um homem que se identificou como Alfredo, e dizia ser assessor de Deucimar.

Ele atendeu apenas uma das ligações, em que Alfredo pedia para marcar um encontro para falar sobre as denúncias feitas à Polícia Federal. Marivaldo afirma que não aceitou se encontrar com a pessoa que se identificou como Alfredo.

Outro lado

Procurado pela repórter Antonielle Costa, por telefone, para falar sobre o caso, no início da tarde de hoje, Deucimar não quis se pronunciar. "Vocês estão brincando com coisa séria. Pára com isso, eu sou pai de família. Estou com uma grande surpresa na mão", afirmou, sem esclarecer que surpresa seria essa.

Confira o primeiro depoimento de Marivaldo Queiroz da Silva à Polícia Federal:

Confira o segundo depoimento de Marivaldo, prestado no dia 30 de setembro de 2009:

Confira cópia do Boletim de Ocorrência registrado por Marivaldo, devido à ameaça que teria sofrido de seu primo Deucimar Silva: 

 

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COMENTÁRIOS
24 Comentário(s).

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aparecido  12.11.09 13h32
É seu deucimar, pensou que iria esconder por muito tempo a sujeira em baixo do tapete? Pois é agora vai provar do seu proprio veneno, chupa essa manga!
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jose de souza  12.11.09 10h36
deucimar na secao de hoje ebravejou com o pedido de cpi efetuado pelo chico 2000,se ele realmente zela pela tranparencia de sua administracao deveria junto com o pop e o toninho de souza assinarem a cpi,dando assim numero sufuciente para a instalacao da mema.quanto ao suposto ato de ameaca de morte o su tio e seu primo acredito que a PF TRARA TODA A VEDADE A TONA,o seja ameca veridica.
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alex bruno  12.11.09 01h07
Será que o Bin Laden nào está vendo o que está ocorrendo na Câmara Municipal de Cuiabá ?!?!?! Bem que ele podia mandar uns 2 aviões pra cá né... Niguém ia dar falta de ninguém.
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Rogério Cunha  12.11.09 00h21
Dr. Ney, sai da aba do Deucimar. Se a casa dele cair, leva junto você também.
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Ruth Gomes  12.11.09 00h17
Bomba bomba bomba. E agora vai falar que não sabia?
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