Cuiabá, Sexta-Feira, 8 de Agosto de 2025
INVESTIGAÇÃO
22.08.2017 | 10h00 Tamanho do texto A- A+

Taques: declarações de Alan Malouf são “sórdidas e mentirosas”

Gaeco pediu que investigação subisse para PGR; Taques diz que já prestou esclarecimentos

Alair Ribeiro/MidiaNews

O governador Pedro Taques, que voltou a rebater acusações de empresário

O governador Pedro Taques, que voltou a rebater acusações de empresário

DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO

O governador Pedro Taques (PSDB) voltou a contestar as acusações do empresário Alan Malouf, que afirmou, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), que o tucano tinha conhecimento do esquema de pagamento de propina na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e da existência de "caixa 2" na campanha eleitoral de 2014, quando concorreu ao Governo do Estado.

 

Por conta da declaração de Alan, o promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) pediram, no dia 03 de agosto, que a investigação subisse para a Procuradoria-Geral da República. O deputado federal Nilson Leitão (PSDB) também é citado (veja documento abaixo).

 

“O governador classifica as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-lo em ações criminosas das quais jamais teve conhecimento, tampouco delas deu ordem ou participou. Lamenta, ainda, que o investigado tente envolvê-lo nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação - com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si”, disse Taques na nota.

 

Ele afirmou já ter constituído advogados para atuar no processo judicial e que já prestou esclarecimentos à Procuradoria-Geral no dia 04 de maio de 2017.

 

E disse que se houve dinheiro movimentado por Malouf, não foi utilizado em sua campanha eleitoral.

 

O governador classifica as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-lo em ações criminosas das quais jamais teve conhecimento

“O governador afirma, ainda, que Alan Malouf jamais exerceu qualquer cargo ou delegação na arrecadação de fundos eleitorais, e que todas as doações, de pessoas físicas ou jurídicas (na época, permitidas) foram devidamente registradas. Portanto, caso haja qualquer valor que eventualmente tenha sido movimento pelo investigado e que não esteja contabilizado, não foi utilizado na campanha, cabendo apenas e tão somente ao investigado esclarecer origem e destino dos valores por ele mencionados”, afirmou.

 

“A verdade é uma só: Pedro Taques tem uma vida de luta contra a corrupção e os corruptos, já tento enfrentado e desmantelado inúmeras quadrilhas que agiam no Estado e no país, e jamais compactuaria com qualquer ato ilegal, especialmente relacionado a desvios de recursos públicos”, completou.

 

Veja a íntegra da nota:

 

NOTA À IMPRENSA

 

Acerca do pedido do Ministério Público de Mato Grosso de compartilhamento de provas da Operação Rêmora com a Procuradoria-Geral da República, o Governo de Mato Grosso vem a público esclarecer o que segue:

 

01) O governador Pedro Taques nega enfaticamente as afirmações levianas e absurdas do investigado Alan Malouf sobre a fantasiosa existência de valores não contabilizados (o chamado “caixa dois”) na campanha de 2014, e reitera que todas as movimentações financeiras do referido pleito eleitoral encontram-se devidamente registradas na Prestação de Contas do PDT, partido pelo qual Pedro Taques disputou aquelas eleições - inclusive as despesas ainda não pagas – sendo que a prestação de contas da campanha foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.

 

02) O governador afirma, ainda, que Alan Malouf jamais exerceu qualquer cargo ou delegação na arrecadação de fundos eleitorais, e que todas as doações, de pessoas físicas ou jurídicas (na época, permitidas) foram devidamente registradas. Portanto, caso haja qualquer valor que eventualmente tenha sido movimento pelo investigado e que não esteja contabilizado, não foi utilizado na campanha, cabendo apenas e tão somente ao investigado esclarecer origem e destino dos valores por ele mencionados.

 

03) O governador classifica as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-lo em ações criminosas das quais jamais teve conhecimento, tampouco delas deu ordem ou participou. Lamenta, ainda, que o investigado tente envolvê-lo nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação - com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si -, e informa que constituiu advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça. E a verdade é uma só: Pedro Taques tem uma vida de luta contra a corrupção e os corruptos, já tento enfrentado e desmantelado inúmeras quadrilhas que agiam no Estado e no país, e jamais compactuaria com qualquer ato ilegal, especialmente relacionado a desvios de recursos públicos.

 

04) O governador Pedro Taques já prestou, no dia 04 de maio de 2017, informações à Procuradoria Geral da República sobre a mesma Operação, apontando os equívocos do depoimento do empresário Alan Malouf, já narrados acima, e restabelecendo a verdade dos fatos.

 

05) Por fim, o Governo do Estado esclarece que, embora o investigado tenha mantido relacionamento social com Pedro Taques, suas empresas jamais venceram qualquer licitação ou contrato na administração estadual a partir de 01 de janeiro de 2015, uma vez que o governador, por estrita obediência às leis, nunca interferiu e jamais interferirá em qualquer processo de aquisição ou licitação no âmbito do Governo do Estado ou em qualquer outro Governo.

Cuiabá-MT, 21 de agosto de 2017.

 

GCOM – Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso

 

 

Veja o pedido do MPE:

 

 

As acusações

 

Em depoimento prestado ao Gaeco e à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, Alan declarou que a doação que fez para a campanha do governador Pedro Taques, no valor de mais de R$ 2 milhões, foi por meio de caixa 2 (dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral), e segundo ele, o tucano tinha conhecimento disso.

 

“O empréstimo não foi declarado. Não foi porque foi caixa 2. E o governador tem ciência disso. E a doação do Giovanni [Guizardi] também”, disse.   

              

“Existiu no final da campanha um valor a ser pago. Houve um rateio e eu participei desse pagamento. Era como se fosse um empréstimo para pagar a dívida. Obviamente com o conhecimento do governador. O pedido partiu do próprio governador”, afirmou.    

   

O empresário afirmou que após a prisão do empresário Giovanni Guizardi - delator do esquema -, em maio de 2016, ligou para o governador, que marcou uma reunião com ele no Palácio Paiaguás.

 

Segundo Alan, na reunião Taques disse para ele ficar tranquilo, pois iria conseguir a soltura de Guizardi.

 

“Quando foi deflagrada a operação e o Giovanni foi preso, eu passei uma mensagem para  o governador e pedi pra falar com ele. Ele estava em Brasília e me disse pra passar no Palácio à noite. Cheguei lá e estava ele e o Paulo Taques [ex-secretário da Casa Civil]", disse.   

               

“Eu falei que o Giovanni tinha feito a doação da campanha e estava fazendo isso pra pagar. Ele me disse que era pra eu ficar tranquilo que ia dar um jeito de resolver e soltá-lo. Mas isso não aconteceu, e veio e a prisão do Permínio [Pinto, ex-secretário de Educação]. Eu alertei de novo. Ele falou que era pra ficar tranquilo que ia soltá-los. Mas não aconteceu e veio minha prisão”, pontuou. 

        

Operação Rêmora

 

A denúncia derivada da 1ª fase da Operação Rêmora aponta crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação.

 

Na 1ª fase, foram presos o empresário Giovani Guizardi; os ex-servidores públicos Fábio Frigeri e Wander Luiz; e o servidor afastado Moisés Dias da Silva. Apenas Frigeri continua preso.

 

Em maio de 2016, o juiz Bruno D’Oliveira Marques, substituto da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, recebeu a denúncia.

 

Nesta fase, são réus na ação penal: Giovani Belato Guizardi, Luiz Fernando da Costa Rondon, Leonardo Guimarães Rodrigues, Moises Feltrin, Joel de Barros Fagundes Filho, Esper Haddad Neto, Jose Eduardo Nascimento da Silva, Luiz Carlos Ioris, Celso Cunha Ferraz, Clarice Maria da Rocha, Eder Alberto Francisco Meciano, Dilermano Sergio Chaves, Flavio Geraldo de Azevedo, Julio Hirochi Yamamoto filho, Sylvio Piva, Mário Lourenço Salem, Leonardo Botelho Leite, Benedito Sérgio Assunção Santos, Alexandre da Costa Rondon, Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva.

 

Na segunda fase da operação, foi preso o ex-secretário da Pasta, Permínio Pinto. Ele foi posteriormente denunciado junto com o ex-servidor Juliano Haddad.

 

Em dezembro do ano passado, foi deflagrada a terceira fase da operação, denominada “Grão Vizir”, que prendeu preventivamente Alan Malouf.

 

A detenção do empresário foi decorrente da delação premiada firmada entre o empresário Giovani Guizardi e o MPE, onde Guizardi afirmou que Malouf teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques no governo e tentado recuperar os valores por meio do esquema.

 

Os denunciados vão responder por constituição de organização criminosa e corrupção passiva.

 

O MPE apontou sete supostos fatos criminosos praticados pelo grupo envolvendo cobranças de propinas relativas a contratos firmados pela Seduc com as empresas Relumat Construções Ltda. e Aroeira Construções Ltda., das quais Ricardo Augusto Sguarezi é proprietário, e da Dínamo Construtora, de Guizardi.

 

Os valores cobrados mediante propina variavam de R$ 15 a R$ 50 mil.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

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elias  23.08.17 10h29
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ALZITE  23.08.17 07h53
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