A Justiça Federal dos Estados Unidos condenou a Autoridade Metropolitana de Transporte (MTA, na sigla em inglês), agência pública responsável pela circulação metroviária de Nova York, a indenizar uma brasileira que perdeu um braço e uma perna, após acidente em uma estação do metrô, em 2016.
Luísa Janssen Harger da Silva será indenizada em US$ 81,7 milhões (cerca de R$ 440 milhões na atual cotação do dólar).
A decisão da Justiça norte-americana, proferida na semana passada, foi divulgada pelo jornal New York Post, e confirmada ao UOL pelo advogado da brasileira, David Roth.
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Natural de Santa Catarina, Luísa tinha 21 anos quando sofreu o acidente que amputou seus membros. Na ocasião, ela estava a passeio em Nova York, desmaiou enquanto aguardava o trem na estação da Atlantic Avenue-Barclays Cnter, no bairro do Brooklyn, caiu sobre os trilhos e foi atingida por um trem.
Trem decepou o braço esquerdo e a perna esquerda de Luísa. Ela ficou quase um mês internada no Hospital Bellevue, foi submetida a diversas cirurgias e realizou enxertos de pele para reparar os ferimentos. Atualmente, ela usa próteses nos membros arrancados no acidente.
Após se recuperar, ela processou a MTA sob a justificativa de que o acidente era evitável. Na semana passada, a Justiça entendeu que a agência responsável pelos trens de Nova York agiu de forma "negligente", a declarou culpada e estipulou a indenização milionária.
MTA foi responsabilizada por não instalar barreiras nas plataformas que poderiam impedir que os passageiros caíssem sobre os trilhos. Nos autos do processo, a defesa da brasileira argumento que outras pessoas também se machucaram ao cair nos trilhos do metrô da cidade de Nova York por falta de segurança nas estações.
"As autoridades sabiam que, se instalassem portas de borda de plataforma — ou qualquer outro equipamento de segurança na borda, como grades — isso impediria que pessoas fossem gravemente feridas ou mortas, porque seria praticamente impossível que alguém caísse nos trilhos", argumentou a defesa de Luísa.
Agência novaiorquina nunca instalou portas de plataforma nas estações do metrô devido ao alto custo, segundo o NY Post. Relatório encomendado pela companhia para analisar a possibilidade de colocar o equipamento de segurança concluiu que a infraestrutura seria "cara demais" para ser instalada em todas as plataformas das 472 estações do metrô da cidade.
Defesa de Luísa juntou aos autos do processo documentos que comprovam que a MTA estudava colocar os equipamentos de segurança ao menos desde 2011.
Naquele ano, cinco empresas privadas teriam se oferecido para instalar o equipamento gratuitamente em troca de receita obtida com publicidade nas portas, mas o MTA teria recusado a oferta, ainda de acordo com o NY Post.
Apenas no ano passado, a MTA instalou barreiras fixas em trechos de plataformas em cerca de 100 estações. Medida só ocorreu após uma série de acidentes ocorrido em seus trilhos. De acordo com a defesa da brasileira, uma média de três a cinco pessoas se acidenta semanalmente nas estações administradas pela MTA.
Defesa de Luísa de Da Silva destacou que a MTA "tem consciência desse risco" dos passageiros se acidentarem em suas plataformas. Segundo o advogado, a MTA também sabia "que havia soluções viáveis e não fez nada" para evitar esse tipo de acidente.
"Como resultado dessa negligência, nossa cliente e milhares de outras pessoas em Nova York ao longo das últimas décadas sofreram ferimentos catastróficos ou morreram — e tudo isso era evitável", afirma.
O advogado David Roth celebrou a indenização estipulada pela Justiça. "Finalmente houve responsabilização pelo que aconteceu com ela. Finalmente essa longa jornada por justiça chegou ao fim após anos de luta".
O UOL não conseguiu contato com a MTA. À imprensa norte-americana, um porta-voz da agência disse estar "desapontado com o veredito" e afirmou que vai recorrer da decisão.
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