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22.06.2025 | 10h13 Tamanho do texto A- A+

Parada celebra 'envelhecer LGBT' neste domingo em São Paulo

Parada do Orgulho LGBT+ realiza sua 29ª edição neste domingo (22), na avenida Paulista

Ruas de São Paulo serão tomadas neste domingo

Ruas de São Paulo serão tomadas neste domingo

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DA FOLHAPRESS

Cláudia Regina lembra bem como era viver sua homossexualidade lá pelos seus 16, 17 anos, na década de 1980. De forma quase clandestina.

 

A bebida da moda era a cuba libre, "os barzinhos de lésbica tocavam muita MPB", e poucos ousavam circular panfletos militantes.

 

"Eu frequentava, mas não lembro de se falar nada em direitos [LGBTQIA+]. Existia o medo da repressão, não queriam se associar [à causa]". Afinal, ainda era o Brasil da ditadura militar.

 

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Hoje Cláudia Regina, 62, é vice-presidente da Parada do Orgulho LGBT+, que realiza sua 29ª edição neste domingo (22), na avenida Paulista, na região central de São Paulo, às 10h.

 

O tema deste ano, "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro", faz Cláudia rememorar sua jornada pessoal nestas quase três décadas.

 

Ela só entrou para a organização em 2002, mas já havia ido antes ao que se transformaria no maior evento de diversidade sexual e de gênero do país.

 

Na sua juventude, diz, quem se montava não "podia sair maquiado de dia, só se soltava mesmo à noite nos bares". Beijo gay ou andar de mãos dadas em público, então, nem pensar. "Mesmo as travestis que faziam show iam desmontadas."

 

Cláudia diz que a aceitação "cresceu bastante" na sociedade de lá para cá, ao mesmo tempo em que recuos assustam. "Vieram aliados da comunidade hétero, mas o preconceito está vindo de outra forma. Antes era o Estado que nos limitava. Hoje tem cidadãos que fazem isso, por questão de crença, por questão partidária."

 

Emergiram também novos debates. Antes, praticamente, quase que só se falava em gay e lésbica. "Agora tem essa coisa binária, não binária, e a própria transsexualidade evoluiu bastante. Nos anos 1980 não se falava isso, a única conhecida da questão era a Roberta Close."

 

De fato, a programação desta parada espelha o quão amplo é esse arco de diversidade. Serão 17 trios elétricos, dedicados a temas como trans/travesti, lésbicas e famílias LGBTQIA+. Entre as atrações, Pedro Sampaio, Pepita e Banda Uó. Segundo a organização, a programação de trios elétricos deve começar às 12h30.

 

Valder Bastos, 55, estará por lá também.

 

Ele se formou primeiro em direito, depois na escola de teatro Macunaíma. Naquela época, distribuía flyers na porta da Nostromondo, castelinho na rua da Consolação conhecido como a noite LGBTQIA+ mais antiga da América do Sul --foi lá que confundiram Adriane Galisteu, em início da carreira, com uma drag queen.

 

Desde a virada do século ele encarna a drag queen Tchaka, pouco depois da primeira parada, de 1997. Essa edição seminal aconteceu sob o mote "somos muito, estamos em várias profissões".

 

Um convite da época usava a sigla GLT (gays, lésbicas e travestis) e propunha: "Venha montada, desmontada, fantasiada, casada, descasada, solteira, de bota ou de tamanco. Afinal, quem vai notar você no meio da multidão?". Estima-se que cerca de 2.000 pessoas compareceram.

 

Ao longo desses anos todos, " foram muitos desafios, ameaças de morte, de espancamento, de bomba", afirma Bastos. A hostilidade aumentou durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Como Tchaka, ele apareceu numa imagem segurando uma escultura de silicone da cabeça do então presidente.

 

A parada "é para chacoalhar a sociedade até ela entender que faz parte do problema da LGBTfobia, mas também faz parte da solução", diz o homem por trás da drag. "Por uma cidade mais tolerante e com oportunidades para todas as pessoas." Como diz o lema deste ano: por memória, resistência e futuro.




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