Conseguir um diploma de nível superior nunca foi tão fácil. Isso é que o garante a empresa Educacional Center, que, há uma semana, passou a oferecer diplomas de graduação de universidades federais e particulares de todo o país, desde que o interessado pague o preço estipulado.
A denúncia foi feita pelo site do jornal
O Globo, na manhã desta terça-feira (10). Confira
AQUI a íntegra da reportagem.
Em seu site (
http://educationalcenter.webs.com), a empresa garante a entrega do diploma “com total sigilo e segurança”.
Os diplomas são comercializados por valores a partir de R$ 410, que podem ser divididos em até duas vezes. Ou seja, pagando o preço, todos podem se tornar médicos, engenheiros e jornalistas, por exemplo, em menos de uma semana.
O site possui a logomarca do MEC (Ministério da Educação) para dar mais veracidade à empresa, além de listar mais de 100 instituições públicas e privadas que seriam atendidas e apontadas como vinculadas à EAD Center.
Apenas em Mato Grosso, oito instituições são listadas, entre elas, a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), a Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso), a Unic (universidade de Cuiabá), a Univag (Centro Universitário de Várzea Grande) e a Unirondon Centro Universitário.
Reprodução
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Um dos modelos de diplomas divulgado no site EAD Center, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Na página, a empresa ainda garante a inclusão de histórico com notas e número de registro acadêmico.
Apesar de não disponibilizar um telefone para contato, apenas um e-mail, o site recomenda o preenchimento de um formulário e envio de documentos para confecção do processo, iniciado após o pagamento da primeira parcela, que poderá ser feita via depósito bancário ou transferência online.
Serviço garantidoEm um trecho da página de perguntas frequentes, a empresa enaltece o fato de ser “a única a oferecer tal serviço com tamanha riqueza de detalhes, desde a solicitação até a entrega do diploma especificado”, até mesmo, contando com uma Central de Atendimento Telefônica para acompanhamento do processo.
No site, a empresa ainda garante que todos os diplomas são credenciados e licenciados pelo MEC (Ministério da Educação) e demais órgãos regionais de educação, afirmando que o documento é publicado no Diário Oficial.
“São diplomas emitidos por algumas instituições (públicas ou particulares) com a respectiva certificação de licença pela Secretaria Estadual de Educação, sendo assim licenciada pelo MEC para funcionamento. Consequentemente, o diploma e todo e qualquer documento emitido pela mesma será legal, sem nenhum risco”, afirma outro trecho do site.
A EAD Center afirma que, com os diplomas vendidos, os adquirentes podem, ainda, retirar sua carteira de registro profissional (como a OAB, para quem quer exercer a função de advogado). Mas, a empresa também orienta os clientes a comprarem os registros, caso possuam interesse.
"São diplomas emitidos por algumas instituições (públicas ou particulares) com a respectiva certificação de licença pela Secretaria Estadual de Educação, sendo assim licenciada pelo MEC para funcionamento", diz a empresa no site
“Se desejar, poderá também estar verificando a possibilidade da compra dos registros nos conselhos de classe, que são necessários para o exercício da função”, diz outro trecho.
A empresa possui ainda um espaço com depoimentos de possíveis “clientes” que teriam ficado satisfeitos com o serviço prestado -
Confira as imagens na galeria.
Outro ladoO
MidiaNews entrou em contato com as universidades citadas.
Ao jornal O Globo, o Ministério da Educação negou ter vínculo com a empresa e informou que vai acionar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para investigar o caso.
A
Unic informou, por meio de nota enviada pela assessoria, que não possui vínculos com a empresa e que desconhece a prática ilícita.
A universidade vai acompanhar a investigação solicitada pelo MEC.
Confira a íntegra da nota abaixo:
"A Universidade de Cuiabá (UNIC) informa que não possui nenhum vínculo com a EAD Center Diplomas e que desconhece essa prática ilícita supostamente exercitada pela empresa com instituições públicas e privadas em todo o Brasil. Sempre zelando pela transparência das ações, a UNIC esclarece que todos os atos praticados pela instituição estão de acordo com a regulamentação do ensino superior vigente no país e que acompanhará a investigação do caso solicitada pelo Ministério da Educação (MEC) ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF) para tomar todas as providências legais cabíveis".
A assessoria da Unemat, por sua vez, também negou qualquer vínculo com a empresa EAD Center e afirmou que irá tomar as providências legais cabíveis.
Confira a íntegra da nota abaixo:
"A Universidade do Estado de Mato Grosso comunica que não mantém qualquer vínculo com os responsáveis pelo site e, até então, não tinha nenhum conhecimento do esquema de venda de diplomas pela internet. A reitoria da Unemat afirmou que vai tomar as providências legais cabíveis. Conforme a assessoria jurídica, a Unemat vai registrar Boletim de Ocorrência e acionar o Ministério Público para investigar o caso. A Unemat investe constantemente na segurança de diplomas e certificados emitidos pela Instituição".
A vice-reitoria da Univag respondeu, também por meio de nota, que não conhece esta empresa e que não mantém vínculos do tipo com qualquer instituição que promova a venda de certificações. O Centro Universitário deve tomar providências jurídicas a respeito do caso.
Confira a íntegra da nota a seguir:
"O Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG não conhece esta empresa e não mantém nenhum tipo de vínculo com esta ou qualquer instituição que ofereça este tipo de serviço. Analisaremos o caso para possíveis providências jurídicas".
A UFMT também negou vínculos com a empresa EAD Center e afirmou que já acionou a Procuradoria Federal para que as providências cabíveis sejam tomadas. A instituição ressaltou que os diplomas passam por um processo rigoroso antes de serem emitidos e entregues pessoalmente aos graduados.
Confira a íntegra da nota enviada pela assessoria:
"A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) esclarece que os diplomas emitidos pela instituição passam por um rigoroso processo, que começa com a solicitação protocolada pelo aluno e termina com a retirada do diploma feita pessoalmente pelo graduado ou por um responsável nomeado por procuração. A Coordenação de Administração Escolar, ao receber a solicitação, verifica toda a documentação do curso, o histórico escolar do aluno, a comprovação de conclusão do curso emitido pelos coordenadores de cursos e a existência ou não de pendências em outros setores, como a biblioteca, por exemplo. Uma vez comprovado o cumprimento de todas as normas necessárias, o diploma é confeccionado, registrado, assinado pelos servidores responsáveis e encaminhado à Reitoria para a assinatura. A UFMT declara ainda que não mantém qualquer vínculo com a empresa denunciada e que já acionou a Procuradoria Federal para as providências cabíveis".
A Unirondon enviou o seu posicionamento na manhã desta quinta-feira (11), onde nega qualquer contato com empresas "que oferecem este tipo de serviço ilícito".
Confira a íntegra da nota abaixo:
"Comprometida com os valores de transparência e excelência de ensino, o Centro Universitário Unirondon comunica que desconhece a prática exercitada pela EAD Center Diplomas e não possui nenhum tipo de vínculo com a empresa ou qualquer outra companhia que oferece este tipo de serviço ilícito. A instituição ainda informa que todas as ações realizadas pela Unirondon estão de acordo com a regulamentação do ensino superior vigente no país e que acompanhará a investigação do caso para tomar as providências legais cabíveis".
Comentários (1)
Os que vendem e os que compram esses diplomas cometem um hediondo crime. Coisas de PaÃs onde campeia livremente a impunidade. Mas, cá prá nós tem muita \"universidade\" por aà que, de forma diferente e sob o guarda-chuva da legalidade, quase comete igual delito, de tão ruim é o ensino ministrado e o nÃvel da maioria dos alunos matriculados. E assim o Brasil vai perdendo o bonde do desenvolvimento educacional, cientÃfico e tecnológico. Uma pena!
enviada por: João Menna Neto Data: 11/10/2012 08:08:58