Parada desde março de 2018, a obra de requalificação Mané Pinto, em Cuiabá, já consumiu R$ 17,9 milhões dos cofres públicos. E apesar do gasto milionário, o que se vê no local é um completo abandono e deterioração.
Em uma rápida visita ao local, é possível notar o desperdício do dinheiro público. Com o valor, por exemplo, poderiam ser construídas quase 200 casas populares ao custo de R$ 90 mil cada.
De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), a obra ainda prevê gasto total de R$ 26 milhões na extensão do córrego, que já demanda reparos emergenciais em sua estrutura. Na semana passada, uma encosta desabou, provocando a interdição parcial da Avenida Oito de Abril, que margeia o leito.
A obra deveria ter sido entregue antes da Copa do Mundo de 2014.
Com 33% dos serviços pendentes, as melhorias no córrego agora dependem da retomada das obras por parte do Grupo Engeglobal, que abandonou o serviço e entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2018, informando dívidas de R$ 48,7 milhões. O Governo então rescindiu o contrato.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Parte da pista foi "engolida" após encosta do Córrego Mané Pinto desabar
Segundo a Sinfra, a Justiça determinou a suspensão da rescisão do contrato com a construtora em abril deste ano.
O contrato previa melhorias como urbanização do canal, implantação do coletor tronco, calçadas, cinco rotatórias ao longo da Avenida 8 de Abril e uma pequena ponte com retorno à Rua Joaquim Murtinho, no Centro de Cuiabá.
“Projetos deficientes, inconsistentes e mal elaborados”
No pedido de recuperação judicial, o Grupo Engeglobal se eximia da culpa pelos atrasos e afirmava ser vítima de "projetos deficientes, inconsistentes e mal elaborados" que, ao longo da execução das obras "abalaram a saúde da empresa".
Além de problemas relacionados aos projetos, o grupo ainda cita 14 fatores que acarretaram no desequilíbrio financeiro.
O excesso de aditivos, por exemplo, teria obrigado empresas "a executarem serviços não previstos quando da contratação".
O atraso nos pagamentos também foi mencionado como justificativa no pedido.
"(...) Um desses atrasos perdurou por quase 10 (dez) meses, e, assim mesmo, as obras não foram paralisadas, fato que gerou a inadimplência do grupo de encargos fiscais e previdenciários, que impediram o recebimento de recursos por serviços já prestados por conta das certidões positivas de débito", consta em trecho do pedido de recuperação judicial.
Vencedora de diversas licitações relacionadas às obras da Copa do Mundo de 2014, o grupo também não concluiu a reforma e ampliação do Aeroporto Marechal Rondon e os Centros Oficiais de Treinamento (COTs) do Pari e da Universidade Federal de Mato Grosso.
Demanda antiga
Durante visita ao Córrego Mané Pinto em 2018, o MidiaNews constatou rachaduras profundas nas encostas, calçadas e pontes.
Após o desabamento de parte da encosta do local, a reportagem foi novamente ao local, que mesmo depois de um ano, ainda tem os mesmos problemas de rachaduras e desabamentos.
Próximo ao cruzamento entre as avenidas Oito de Abril e São Sebastião, por exemplo, a calçada já foi completamente "engolida" pelo desmoronamento da encosta.
Para conseguir passar no local, pedestres precisam andar no meio-fio, dividindo espaço com os veículos que passam na avenida.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Outros trechos do córrego apresentam os mesmos deslizamentos de terra
Síndica de um dos condomínios localizados na região, a moradora Denia Bogado contou que os desabamentos no Córrego Mané Pinto são constantes.
"Da primeira vez eles chegaram de arrumar, fizeram um serviço 'bem mal feito'. Já tinha desmoronado antes e tem outros pedaços do córrego que também estão extremamente comprometidos. A falta de manutenção agrava cada vez mais a situação", contou Denia.
Moradora da região, ela contou que é comum que veículos caiam no Córrego Mané Pinto.
A preocupação dos moradores é de que a Avenida 8 de Abril e o Córrego Mané Pinto sejam permanentemente comprometidos pela falta de manutenção correta.
"É uma via de acesso com bastante mobilidade, então com esse período de chuvas corremos risco diário, já que tudo pode alagar ou desabar a qualquer momento. Vão esperar alguém morrer para resolver tomar providências?", questionou Denia.
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3 Comentário(s).
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Cristiane 10.05.19 10h19 | ||||
Minha cachorra faz “obras” extraordinárias, melhores que essa aí... kd a justiça que não toma providência? Tem que cobrar dos responsáveis... | ||||
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Nascimento 10.05.19 07h59 | ||||
A DÚVIDA QUE FICA É QUE SE PARA EFETUAR OS PAGAMENTOS NÃO TEM QUE TER UM LAUDO DE VISTORIA?? CASO POSITIVO QUEM FOI OS SERVIDORES QUE ASSINARAM ESTES LAUDOS?? | ||||
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Luciano Ramalho 09.05.19 19h54 | ||||
É curioso como uma empresa quebra e os donos estão com o patrimônio pessoal cada vez maior, a família dos donos está com a sai de financeira em dia. Está obra desde de antes da copa já era uma piada,parecia que pedreiros de fim de semana estavam fazendo remendos em suas calçadas, dado o serviço de péssima qualidade executado(Quem passou a beira desse desse córrego todos os dias desde o começo viu). Se tivessem feito a canalização com galerias como na Prainha, o resultado seria muito melhor,pois uma avenida central como essa sendo sub-utilizada por total falta de salubridade em sua extensão, um mal cheiro insuportável todo final da tarde que não permite que comércios se instalem no curso dessa avenida. Não existe um projeto que ligue essa via a outras avenidas e assim melhore o tráfego tão sofrido nos horários de pico. Enfim , povo sem fundo,vergonha! | ||||
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