Cuiabá, Domingo, 13 de Julho de 2025
CASO SPORTCARS
10.05.2019 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Empresário tenta reaver carro de luxo após prejuízo de R$ 400 mil

Land Rover do empresário foi negociada na SportCars e enviada para SP, mas ele não recebeu o pagamento

Alair Ribeiro/MidiaNews

De acordo com Jules Bortoli, manutenção do veículo é cara e ele teme prejuízos quando reavê-lo

De acordo com Jules Bortoli, manutenção do veículo é cara e ele teme prejuízos quando reavê-lo

BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO

Com um prejuízo de cerca de R$ 400 mil após deixar o carro da marca Land Rover à venda na SportCars, o empresário Jules Ignácio da Silva Bortoli, de 36 anos, tenta reaver o automóvel na Justiça. 

 

A SportsCar era localizada na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, e comercializava veículos de luxo. A empresa fechou repentinamente no dia 28 de março e causou revolta em clientes. Na Justiça, os donos da SportsCar alegaram dívida de R$ 11,3 milhões e pediram autofalência.

 

Ao MidiaNews, Jules contou que costumava fazer negócios de compra e venda de carros de luxo com o proprietário da SportCars, Marcelo Sixto Schiavenin. Ele deixou o veículo utilitário dele na empresa antes de fazer uma viagem de férias, em fevereiro deste ano.

 

"Eu preenchi o CRV [Certificado de Registro de Veículos] e meu advogado me orientou a deixar o documento no cofre da minha empresa. Quando o pagamento fosse confirmado, um funcionário faria a entrega do documento, já que eu estava viajando. Durante a viagem, Marcelo não falou comigo, falei com ele apenas uma vez e ele disse que estava negociando o carro", lembrou. 

 

Quando retornou ao Brasil, cerca de um mês depois, Jules e o advogado dele foram até a sede da SportCars para acompanhar a negociação do veículo. Chegando ao local, ele foi informado de que o carro dele - uma Land Rover Discovery - já havia sido vendido.

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Sportcars

A SportsCar fechou as portas em março e causou prejuízo a vários clientes

De acordo com Jules, Marcelo alegou que o carro já havia sido encaminhado para São Paulo e que o empresário precisava entregar o CRV - documento que permite a transferência de automóveis - para que o pagamento fosse depositado na conta dele.

 

"Decidi não entregar o recibo enquanto não recebesse o dinheiro da venda", contou. 

 

Dois dias depois, Jules retornou à SportCars e se deparou com outros clientes que estavam na mesma situação que a dele. Segundo o empresário, foi naquele momento que ele percebeu que havia algo errado. 

 

"Foi quando tudo degringolou. Quando íamos na garagem, 'choviam' cobradores. O Marcelo chegava a chorar, dizia que ia resolver, que estava fazendo um empréstimo ou vendendo um terreno. Só lamúrias. E isso foi até ele fechar a SportCars", disse. 

 

Sem conseguir chegar a um consenso com Marcelo, Jules começou a investigar e descobriu que seu carro estava à venda por R$ 429 mil em uma loja de carros de luxo de São Paulo, chamada PDK Motors.

 

Ele acionou a Justiça e, com um pedido de busca e apreensão em mãos, o empresário foi com seu advogado até São Paulo para tentar reaver o veículo. Quando chegaram ao local - acompanhados de um oficial de Justiça - foram informados pelo proprietário de que o carro já não estava mais lá. 

 

De acordo com Jules, Marcelo não possuía um contrato de consignação para autorizar o depósito do valor da venda na conta da SportCars. Ele ressaltou que a empresa deveria apenas intermediar a venda. 

 

"O dono da PDF disse que tinha a nota fiscal e um recibo emitido pela SportCars, mas como se o carro é meu? O papel do Marcelo e da SportCars era apenas de intermediar a venda. Mas ele recebeu e entregou o veículo", disse. 

 

Segundo Jules, quando questionado sobre o paradeiro da Land Rover Discovery, o proprietário da PDK afirmou que "se desse na telha, colocaria fogo no carro". 

 

A ameaça foi registrada pelo oficial de Justiça, bem como o não cumprimento do mandado de busca e apreensão, já que o veículo não foi encontrado no local e nem no depósito da empresa.

 

Veja fac-símile de trecho do documento registrado pelo oficial de Justiça:

 

Reprodução

Oficio - Sportcars

Oficial de Justiça registrou fala de dono da PDK, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão

 

 

De acordo com o documento do Tribunal de Justiça de São Paulo, o proprietário da garagem chegou a afirmar que, após tomar conhecimento do mandado, teria enviado o carro de Jules de volta para Cuiabá, onde estava em posse do advogado dele. 

 

"Ligamos para o advogado dele. Ele gaguejou, disse que conversaria com o cliente dele, desligou o telefone e não atendeu mais. Pelas investigações que fizemos, tudo leva a crer que esse carro está em São Paulo ainda. Mandar de volta é caro e arriscado, já que conseguimos uma restrição que impede o veículo de circular", avaliou Jules. 

 

A preocupação do empresário é de que o carro dele esteja sendo utilizado de forma incorreta. De acordo com ele, o custo de manutenção do automóvel é alto, tornando o prejuízo dele ainda maior em caso de danos.

 

"Ele [proprietário da PDK] tem meu carro e está cheio de raiva, um veículo que vale R$ 400 mil. Meu carro pode ser usado para tirar racha, gastar pneu e depreciar. Se levar uma multa hoje, quem leva os pontos sou eu. Se o meu carro for usado e atropelar alguém, vão olhar a placa do carro e chegar no meu nome, ou seja, é uma responsabilidade. Além disso, um carro com 10 mil km rodado é um preço, com 200 mil km é outro", avaliou Jules. 

 

Reprodução

ANUNCIO JULES

Empresário encontrou carro sendo anunciado por garagem em SP

Outro lado

 

O advogado do proprietário da PDK Motors, Jackson Mário de Souza, entrou com um agravo de instrumento para suspender os efeitos da liminar de busca e apreensão solicitada por Jules. 

 

De acordo com ele, a PDK Motors é mais uma vítima do golpe da SportCars e a venda aconteceu de maneira regular.

 

"Meu cliente comprou o carro e nós verificamos que o Jules havia entrado com uma ação de busca e apreensão. Como ele pegou a liminar, entrei com o agravo de instrumento na Justiça, mostrando que a PDK comprou, pagou, recebeu o carro e fez a vistoria. Meu cliente é terceiro de boa-fé", explicou Jackson. 

 

Conforme o pedido de agravo de instrumento da defesa da PDK Motors, a empresa depositou R$ 278 mil pela Land Rover Discovery. Um saldo remanescente, de R$ 80 mil, seria correspondente a despesas de multas, tributos, taxas, vistorias e quitações de pendências do veículo.

 

Com isso, a empresa conseguiu suspender liminarmente a ordem de busca e apreensão, até o julgamento do mérito.

  

A defesa de Jules, porém, questiona a veracidade dos recibos bancários anexados ao processo. Segundo o empresário, os documentos são unilaterais, já que foram emitidos pela própria PDK. 

 

"No processo será dada a oportunidade para provar e é muito simples. Basta apresentar o extrato bancário da PDK que mostra o pagamento e o juiz pede a quebra de sigilo da conta da SportCars. É uma coisa extremamente rápida de ser resolvida", avaliou Jackson. 

 

O advogado ainda informou que o veículo está em posse da PDK Motors. 

 

"O processo está começando agora e, infelizmente, não é rápido. Estamos solicitando à Justiça para que assim que tudo for definido, o veículo seja transferido para o nome da PDK Motors", explicou. 

 

Se levar uma multa hoje, quem leva os pontos sou eu. Se o meu carro for usado e atropelar alguém, vão olhar a placa do carro e chegar no meu nome, ou seja, é uma responsabilidade

Caso SportCars 

 

A empresa SportCars entrou com um pedido de autofalência na Vara Especializada de Falência e Recuperação de Empresas da Comarca da Capital no dia 27 de março. 

 

Segundo seus advogados, a SportCars hoje tem uma dívida de R$ 11.311.184,74, enquanto os ativos somam pouco mais de R$ 100 mil.

 

“Excelência, como podemos observar pelos números a situação econômica é crítica, sendo impossível a recuperação judicial da empresa, isso porque, após os atrasos nos pagamentos dos credores a credibilidade da Requerente e seu administrador no mercado foram fortemente abalada impossibilitando que consigam algum financiamento ou que tenham carros consignados para trabalhar”, consta no pedido de falência.

 

“Além disso, o administrador, Marcelo vem sofrendo ameaças fortíssimas, inclusive de vida, ao ponto de ser obrigado a contratar segurança privada, o que lhe impede de ter condições físicas e mentais para estar a frente da administração da empresa, não restando outra alternativa senão o pedido de falência”, disse.

 

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Paulo Barth  10.05.19 08h59
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