Considerado um dos caixas do PT em Mato Grosso, o empresário Valdebran Padilha foi preso na manhã desta quarta-feira (7) pela Polícia Federal, durante a Operação Hygeia.
Ele é acusado de receber dinheiro público para obras e não executá-las. O esquema envolve a Prefeitura Municipal de Santo Antonio de Leverger (27 km ao Sul de Cuiabá). Padilha está recolhido ao xadrez da Polinter.
O empresário é um dos principais personagens envolvidos na tentativa de compra de um dossiê contra tucanos nas eleições de 2006. O caso ficou conhecido como "Escândalo dos Aloprados", em 2006.
No escândalo do dossiê tucano, Padilha chegou a ficar preso em Cuiabá, mas foi solto poucos dias depois. Ele acabou expulso do PT. Ele teria ligações com o presidente do PT de Mato Grosso, Carlos Abicalil.
Ele e o irmão, o empresário Waldemir Padilha, proprietário da empresa Engesan Engenharia, foram presos temporariamente hoje pela manhã. O advogado Luiz Antônio Lourenço, que representa os dois irmãos, disse que os empresários negam o envolvimento no esquema, e classificou a prisão de “absurda”.
- A empresa [Engesan] realiza obras no Estado, mas eles negam qualquer envolvimento no esquema, e negam também a acusação de lavagem de dinheiro.
Valdebran ficou conhecido após ser preso com dinheiro em um quatro de hotel, em 2006. Ele e o então assessor da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gedimar Passos, disseram que o dinheiro seria usado para comprar um dossiê sobre corrupção contra os tucanos, material que seria usado por petistas. À época, o caso foi intitulado de "escândalo dos aloprados".
Além de Valdebran e do irmão, a PF já havia prendido outras 20 pessoas até o início da tarde na Operação Hygeia. O objetivo da ação é cumprir 35 mandados de prisão temporária – sendo 17 contra servidores públicos – nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Goiás, além do Distrito Federal.
De acordo com a PF, auditorias da CGU (Controladoria Geral da União) revelaram a existência de um esquema de desvio de dinheiro público que resultou em prejuízos estimados em R$ 51 milhões. A polícia estima, porém, que os valores podem ser ainda maiores e passem de R$ 200 milhões.
Outro lado
Em nota encaminhada à Redação, por meio de sua Assessoria de Imprensa, o presidente regional do PT, deputado Carlos Abicalil, negou que Valdebran Padilha seja seu assessor.
Para o parlamentar, a suposta ligação do seu nome com o engenheiro preso pela PF, hoje de manhã, "tem conotação político-partidária".
Confira a íntegra da nota do deputado Carlos Abicalil:
"Em função de notícias veiculadas em diversos sítios e veículos de informação de Mato Grosso, neste dia 07.04, concernente a Operação Hygeia, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal, o deputado federal Carlos Abicalil (PT), mesmo desconhecendo a abrangência da Operação, apóia e confia irrestritamente na apuração dos fatos levantados pela Controladoria Geral da União e encaminhados à Polícia Federal, dando continuidade ao trabalhado iniciado pelo governo Lula em 2003, no permanente combate a corrupção.
O deputado esclarece - uma vez mais - que o senhor Valdebran Padilha, jamais foi seu assessor parlamentar. Rechaça, portanto, as ilações sobre possível ligação de seu nome aos atos atribuídos ao engenheiro Padilha. As insinuações e afirmações em outro sentido têm nítida conotação político-eleitoral, tendo em vista as eleições internas do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso, no próximo dia 18/04.
Por fim, nos colocamos à disposição para apresentar os esclarecimentos que se façam necessários para restituir a verdade.
Cuiabá-MT, 07 de abril 2010.
Assessoria do deputado federal Carlos Abicalil (PT)"
Com informações do R7