A maioria das mulheres vítimas de violência doméstica em Cuiabá é solteira, de cor parda, com idade entre 35 a 45 anos, com ensino médio completo, desempregada e ex-convivente do agressor.
O perfil foi traçado no 2º Anuário Estatístico da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher da Cuiabá e usa dados referentes ao ano de 2018.
De acordo com a delegada titular da unidade especializada, Jozirlethe Aparecida Magalhães Criveletto, os dados mostram a necessidade de políticas públicas para o acolhimento dessas vítimas.
De acordo com o anuário, 1.577 vítimas não souberam definir suas profissões e encontram-se em situação de subemprego, ou seja, exercendo empregos não qualificados, de remuneração baixa, informais ou sem vínculo e garatias trabalhistas.
A delegada titular da unidade especializada, Jozirlethe Aparecida Magalhães Criveletto, definiu a situação como "problemática" e chamou atenção para a necessidade de assistências sociais para as mulheres vítimas de violência.
"Elas não querem ser enquadradas como 'do lar', mas não tem uma profissão definida, então colocamos como 'não identificado'. A taxa de subemprego que temos hoje em mulheres vítimas de violência é muito alta. A maioria delas se encontra desempregada ou se encontra em nível de subemprego, precisando de politicas públicas nessa área", avaliou.
Perfil
A maioria das mulheres atendidas pelas equipes da unidade especializada se declara "solteira" com relação ao estado civil, num total de 1.214 vítimas. De acordo com a delegada, isso acontece pelo fato de que muitas delas já não possuem mais nenhum tipo de relacionamento com o autor das agressões.
Em seguida, 565 se declaram casadas e 491 informaram que conviviam com o agressor.
Com relação a cor da pele das vítimas, conforme o anuário, existe dificuldade por parte das mulheres atendidas autodefinirem o quesito, fazendo com que a maior taxa registrada seja "não informado", somando 1.463 delas.
Mesmo diante da dificuldade para preencher este campo, a maioria da vítimas atendidas em 2018 se definiu como "parda", sendo 916 mulheres.
Ainda com relação a cor da pele, 487 das mulheres que registraram denúncias naquele ano eram brancas, 126 negras e 62 "amarelas".
A faixa etária das vítimas relacionada no anuário demonstra que 802 delas possuíam entre 35 e 45 anos, sendo a maior taxa de registros de ocorrências relacionadas a agressão contra mulheres.
Porém, conforme apontado pela delegada, a média de idade das vítimas agredidas fica em torno de 25 a 45 anos, somando 1.786 dos Boletins de Ocorrência registrados em 2018.
Quanto a escolaridade das vítimas, 1.027 delas informaram ter concluído o ensino médio, seguido por aquelas possuíam apenas o ensino fundamental, sendo 527. Em terceiro lugar, o anuário apontou mulheres com ensino superior completo, sendo 493.
Dependência financeira
Ainda de acordo com o anuário, 234 mulheres informaram estar desempregadas e 214 se definiram como donas de casa.
Mulheres que possuem ensino médio completo são maioria entre as vítimas - totalizando 1.027 -, mas a maior parte das que buscaram a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher da Capital em 2018 se encontra em situação de vulnerabilidade financeira.
Filhos com o agressor
Conforme o anuário, a maioria das vítimas de violência doméstica em 2018 informaram possuir um filho com o agressor, somando 599 das mulheres atendidas.
Em segundo lugar aparecem as ocorrências registradas por mulheres que possuíam dois filhos com o agressor. Apesar disso, o maior índice de registros também é o "não informado", com 1.503 vítimas.
Tempo de relacionamento
O anuário coletou ainda dados acerca do tempo de relacionamento entre vítima e agressor, sendo que, na maioria das ocorrências registradas em 2018, as mulheres atendidas pela delegacia informaram não possuir vínculos com o suspeito, somando cerca de 1.432 mulheres naquele ano.
Conforme a delegada, o fato de a maioria das mulheres não possuírem vínculos com o agressor é justificado pelo relacionamento já ter sido encerrado, ou seja, quando a mulher consegue "quebrar" a conexão com o agressor e pelo fato da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher da Cuiabá realizar atendimentos com vítimas de violência de genêro, onde vítima e suspeito não possuem ligações.
"Quando fazemos explanações sobre violência doméstica fala-se muito em 'quebrar' o vínculo, mas e essas mulheres que já 'quebraram' o vínculo e ainda continuam sendo vítimas desses agressores?", explicou.
Foram listados vínculos de um dia a nove anos entre a vítima e o agressor, sendo que 542 mulheres afirmaram se relacionar com o suspeito há mais de nove anos.
Com relação ao tempo de separação entre as partes, foi constatado que a maioria das mulheres, totalizando 333 das ocorrências, haviam se afastado do agressor entre cinco meses e um ano.
Porém, prevaleceram o número de de registros em que a mulher afirmou não possuir vínculo conjugal com o agressor ou não informou, sendo 1.681 delas.
Quanto ao tipo de relacionamento entre vítima e agressor, os dados coletados pelo anuários demonstraram que, em 361 dos Boletins de Ocorrência registrados na unidade especializada, o homem era ex-convivente da mulher agredida, ou seja, ambos já haviam "quebrado" o vínculo entre eles.
"O anuário traz vários vínculos como 'sobrinho' e até mesmo odontólogo. Mas, quem mais registrou denúncias em 2018 foram as ex-companheiras, seguido por ex-maridos e vizinhos [somando 103 e 63 das ocorrências respectivamente], já que a Delegacia da Mulher trabalha com todos os tipos de violência de gênero", disse a delegada.
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