Obra experimental que retrata o amor entre irmãos em pequenos gestos cotidianos, o filme “Esquecimento” ganhou um prêmio latino-americano em Santa Catarina e apresentou o cineasta cuiabano Uri Bezerra, de 20 anos, ao rol de diretores nacionais.
Fã desde a infância de filmes de ficção científica e entusiasta de longas intimistas que retratam conflitos internos, o estudante do terceiro semestre do curso de Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sempre gostou de conhecer lugares, pessoas e desvendar as emoções por meio do audiovisual.
Mas apesar do interesse antigo pelos filmes, Uri reconhece que o amor pelo universo das gravações nasceu apenas com um uma atividade escolar, durante o segundo ano do seu Ensino Médio.
Com o apoio dos pais e com o auxílio da madrasta, que atua no ramo de fotografia, ele foi aos poucos adquirindo o conhecimento básico sobre manulseio de câmeras e edição de imagens, para aplicar em seus primeiros trabalhos como cineasta.
Atualmente, além da diração de projetos autorais, Uri trabalha com o registro documental de aniversários, casamentos e eventos. Ele viu no trabalho uma estratégia para conquistar sua independência financeira e comprar os equipamentos necessários para a produção de seus filmes.
Apesar do crescimento do cinema regional, o jovem reconhece que os recursos financeiros são limitados para a produção cinematografica no Estado.
“As pessoas têm trabalhado com o que elas têm. Nós, universitários, por exemplo, estamos produzindo só com o que a gente tem. Temos dificuldades, mas tentamos trabalhar em cima dela”, afirma.
Adepto da frase “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” difundida pelo cineasta Glauber Rocha, Uri gosta de se expressar por meio das filmagens.
“Fazer filme está ligado ao meu sonho de criança de viver do que eu gosto e de ter a oportunidade de ir para outros lugares”, diz.
Com pouco tempo na Universidade, Uri se deparou com a vontade de colocar os conhecimentos adquiridos na sala de aula em prática, por meio de projetos experimentais. Foi assim que junto com alguns colegas de faculdade, ele se juntou à produtora universitaria Mangueira Filmes.
“Durante o curso, meus colegas produziram algumas coisas. Eu sou o cara que tem a câmera, então, eu sempre mexia e estava na área de captação de vídeo e de filmagem”, declara o cineasta.
Esse foi um dos pontapés iniciais para que ele fundasse a sua própria produtora. Intitulado URS filmes, o espaço possibilitou ao cineasta trabalhar no documentário que lançou Uri para a seleta lista de jovens cineastas já premiados.
Com “Esquecimento”, a primeira produção 100% autoral, Uri virou destaque na II edição do Festival Audiovisual Latino-Americano de São Francisco do Sul, no útimo dia 24 de junho, em Santa Catarina.
Conhecido também como Fala São Chico, o festival é uma mostra de cinema brasileiro de cinema e audiovisual que reúne obras autorais e independentes de países da América Latina.
Inspirado em filmes do gênero “coming of age”, temática que retrata a transição da infância/adolescencia para a fase adulta, e na obra “Perto de Casa”, de Sérgio Borges, "Esquecimento" nasce da força do amor.
“As duas coisas que mais me motivaram a fazer 'Esquecimento' e seguir em frente com ele foram o meu amor pelo cinema e o amor que sinto pelo meu irmão Miguel”, declara Uri.
No filme, Miguel, de 6 anos, tenta plantar uma pequena muda de árvore. Em meio a ação, os irmãos trocam diálogos, letras de músicas e até mesmo brincadeiras. Apesar do enquadramento intimista que retrata a relação dos dois, Uri reforça que a gravação nasceu de uma obra experimental.
“Depois que eu fui montando e desenvolvendo, foi que percebi que é um filme observativo, mas também intintimista. Mostra o que sinto pelo meu irmão, pela forma que o filmo e como o vejo. 'Esquecimento' é sobre o amor. O que era um experimento dele filmando uma plantinha se transformou em algo muito maior”.
Andrelina Braz/ MidiaNews
"Esquecimento" foi a primeira obra profissional de Uri e, apesar do sucesso da produção, não foi pensada para ser divulgada em festivais. De acordo com o estudante, a vitória de Melhor Filme Infanto-juvenil pelo Júri Oficial foi uma grande surpresa.
“Acho que até hoje eu estou meio supreso. Desde que começou o curso eu não imaginava [ganhar um prêmio]. Eu sei que tenho habilidades e potencial, mas eu não imaginava que consiguiria tão cedo assim. Isso abre muitas vagas para mim no audiovisual”, diz.
Assim como a jornada de Uri no cinema está só começando, a história de 'Esquecimento' ainda está longe do fim. O filme ainda deve participar de outras mostras de cinema ao longo do ano, entre elas a 22º Maual (Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina), organizada pelo Cineclube Coxiponés, da UFMT.
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