Cuiabá, Domingo, 6 de Julho de 2025
TORTURA A ALUNO
13.04.2019 | 10h57 Tamanho do texto A- A+

Conselho: Ledur reúne condições de permanecer nos Bombeiros

Documento foi anexado ao processo criminal ao qual oficial responde na Justiça

Gilberto Leite/RDNEWS

A ten Izadora Ledur, que atualmente trabalha no setor administrativo do Corpo de Bombeiros

A ten Izadora Ledur, que atualmente trabalha no setor administrativo do Corpo de Bombeiros

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

O Conselho de Justificação do Corpo de Bombeiros concluiu que a tenente Izadora Ledur Souza Dechamps reúne condições para continuar na corporação.

 

A oficial é acusada de torturar o aluno Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, que morreu em novembro de 2016, durante um treinamento na Lagoa Trevisan.

 

Em 2017, o procedimento administrativo interno foi aberto contra a tenente para apurar o caso. 

 

O Conselho de Justificação é formado pelo tenente-coronel Lahel Rodrigues da Silva Major, que atua como presidente; o major Mario Henrique Faro Ferreira, que é o relator; e o capitão Donato Coelho de Almeida, que é o escrivão.

 

Um conselho julga, por meio de processos especiais, a capacidade de um militar continuar - ou não - na corporação.

 

O grupo julgou que a tenente é inocente em quatro dos cinco itens dos quais era acusada. Ela foi declarada culpada por desferir golpes de nadadeiras contra os alunos durante o treinamento.

 

Salvo melhor juízo reúne condições de permanecer na ativa do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso

"Que a justificante 1º ten bm Izadora Ledur Souza Dechamps, é culpada da acusação de ter desferido golpes com a nadadeiras em alguns alunos. [...] Salvo melhor juízo, reúne condições de permanecer na ativa do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso", consta na decisão do conselho.

 

A decisão é do dia 20 de fevereiro. E foi anexada ao processo criminal ao qual a tenente Ledur responde e que corre na 11ª Vara Militar de Cuiabá, sob a titularidade do juiz Marcos Faleiros.

 

Na próxima terça-feira (16), a tenente vaio depor ao juízo militar sobre o caso no Fórum de Cuiabá.

 

A tenente voltou aos trabalhos em janeiro deste ano, após dois anos afastada por problemas de saúde. Ela está atuando na parte administrativa da Diretoria de Segurança Contra Incêndio e Pânico. 

 

Acusações

 

A tenente era acusada administrativamente de ter sido negligente com a segurança dos alunos no dia do treinamento que culminou na morte do aspirante Rodrigo Claro.

 

Bem como de não ter tomado os devidos cuidados ao liberar Rodrigo Claro para ir embora do treinamento, sem devido acompanhamento médico. Em ambas as acusações, a tenente foi julgada inocente.

  

Como comandante e instrutora de salvamento aquático do 2º Pelotão, não cumpriu com o que prescrevia o Projeto Pedagógico do Curso em relação aos objetivos da disciplina e nem seguiu o fiel cumprimento da ementa da disciplina, bem como não obedeceu à norma específica e plano de segurança/curso/disciplina.

 

Foi negligente com a segurança ao não fazer a previsão de viaturas e materiais de apoio à instrução de salvamento aquático, ao ministrar a instrução sem meios de segurança adequados.

 

Foi negligente ao liberar o aluno para se deslocar com meios próprios até a coordenação do curso, mesmo ciente que o militar sentia fortes dores de cabeça.

 

Expôs de forma negativa a imagem institucional, "pois a repercussão do fato ganhou a mídia estadual antecipando-se a qualquer procedimento apuratório, gerou uma instabilidade institucional junto à população mato-grossense".

 

Relembre o caso

 

A morte do aspirante ocorreu em novembro de 2016, após intenso treinamento na Lagoa Trevisan.

 

Ele chegou a ser levado para o Hospital Jardim Cuiabá, na Capital, onde permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por cinco dias.

 

Em depoimento, colegas de curso informaram que Rodrigo vinha sendo submetido a diversos "caldos" e que chegou a reclamar de dores de cabeça e exaustão.

 

Ainda assim, ele teria sido obrigado a continuar na aula pela tenente, que na época era responsável pelos treinamentos dos novos soldados da corporação.

 

A tenente foi afastada logo após a morte. No entanto, segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cézar Rodrigues, esta não foi a primeira vez que ela estava sendo investigada por cometer excessos nos treinamentos.

 

Da primeira vez ela foi acusada - em uma denúncia anônima ao Ministério Público Estadual (MPE) - de fazer pressão psicológica em alunos durante os treinos do 15º curso de formação dos bombeiros.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

"Meu filho sonhava em salvar vidas e teve esse sonho roubado"

 

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COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

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Roberto Roberto  14.04.19 11h26
Parabéns Midia News vocês são os únicos que estão mantendo essa reportagem viva, e que precisa ficar na mente das pessoas.
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Robélio Orbe  13.04.19 11h33
A questão não é estar em condições de permanecer, mas estar sob judice e não ser promovida até o transito em julgado, devendo exercer atividades administrativas.
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