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10.02.2019 | 16h32 Tamanho do texto A- A+

Cuiabá tem “ilhas” onde temperaturas são até 10º C mais quentes

"Ilhas de calor" são resultado do processo de urbanização e surgem a partir da retirada de vegetação

Reprodução

Teste apontou temperatura até 10º C mais quente na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, na Capital

Teste apontou temperatura até 10º C mais quente na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, na Capital

DA REDAÇÃO

Pesquisas realizadas pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) apontaram a existência de "ilhas de calor" em Cuiabá - espaços dentro da cidade com temperaturas ainda mais elevadas do que o entorno.

 

A diferença, em alguns casos, é de até 10ºC e contribuem para colocar Cuiabá no rol das 10 cidades mais quentes do Brasil.

 

As ilhas de calor, segundo os pesquisadores, surgem diante do processo de urbanização que substitui materiais naturais por materiais construtivos, retira vegetação e aumenta a área de construções civis. 

 
Dentro de Cuiabá, encontram-se ilhas de calor no Centro da cidade, nos conjuntos habitacionais densamente ocupados, como os bairros Santa Terezinha, Residencial Alice Novack, Residencial Nilce Paes Barreto, e também na região da Morada da Serra (grande CPA), conforme apontam pesquisas.
 

O surgimento de uma ilha de calor em Cuiabá provoca muito mais impacto na vida das pessoas do que o surgimento em cidades de clima temperado, por exemplo

“O surgimento de uma ilha de calor em Cuiabá provoca muito mais impacto na vida das pessoas do que o surgimento em cidades de clima temperado, por exemplo. Em Cuiabá, temos desconforto térmico ao longo de todo o ano pelas próprias características naturais do nosso ambiente, então quando surge uma ilha de calor e provoca o aumento de temperatura, isso faz com que esse desconforto seja inclusive perigoso para as pessoas, com agressão fisiológica”, explica o professor e coordenador do programa, José Carlos Ugeda Júnior.
 
Em 1994, pesquisadores da universidade identificaram uma ilha de calor no Centro de Cuiabá com amplitude de graus na escala Celsius – diferença de temperatura classificada como de média intensidade.
 
Estudos mais recentes já identificaram amplitude de até 10ºC, o que significa alta intensidade e impacto muito negativo na vida da população, de acordo com Ugeda.
 
Os indícios científicos foram comprovados de forma empírica com o auxílio de servidores do Juizado Volante Ambiental (Juvam) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No dia 31 de janeiro, o aparelho psicrômetro do Inmet aferiu a temperatura atmosférica de 37,4º C na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, por volta de 14h30, e 27,6ºC dentro do Parque Mãe Bonifácia, por volta das 15h do mesmo dia.
 
A presença de vegetação também pode chegar a diminuir até 15º C a temperatura da superfície da terra, conforme apontou o termômetro de sensor de superfície do Juvam. No solo gramado, aferiu-se a temperatura de 30º C, enquanto que, no concreto, a temperatura foi de 45ºC, ambas dentro do Parque Mãe Bonifácia aferidas no mesmo dia.
 
Nesse contexto, a arborização urbana surge como a melhor maneira de amenizar os problemas ocasionados pelas ilhas de calor e outros fenômenos do clima urbano, conforme destaca o professor Ugeda.
 
Os principais benefícios são inibir o aquecimento da superfície, provocar melhoria da umidade do ar pelo processo de evapotranspiração, trazer melhorias estéticas para a cidade e ainda colaborar com a redução do impacto das fortes chuvas, por conta da permeabilidade do solo necessária para a existência das árvores.
 
“A vegetação é a primeira ação que o poder público deveria tomar para provocar não só uma amenização térmica, mas de maneira geral uma melhoria na qualidade ambiental urbana. É a intervenção pública menos onerosa que a prefeitura municipal pode fazer”, defende o pesquisador.
 
 

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COMENTÁRIOS
5 Comentário(s).

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Virgínia Pereira Salgado  11.02.19 15h37
Deveria ser obrigatório na calçada de cada casa de Cuiabá uma árvore do lado que não possue poste de luz, e mais que urgente replantarem as árvores que foram arrancadas da avenida para fazerem o VLT que nunca saiu... o ministério público estadual tem o dever de cobrar a reposição dessas árvores por parte das autoridades local... ensinar nas escolas públicas as crianças a plantaram árvores nas praças e nos lugares de acesso comum a população...
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alexandre  11.02.19 09h10
e é impressionante a mentalidade do cidadão. se acha que a árvore está atrapalhando, não pensa duas e corta. a poda que fazem, então, deixam somente o tronco. sou conhecido onde moro porque há anos defendo um resquício de mata natural numa quadra que é particular, mas os vizinhos do local acham "perigoso" e volta e meia a prefeitura notifica o dono a baixar a vegetação. infelizmente os animais do local (muitos anteriormente) sofrem. sei que será tempo para ser vendido o local e construírem casas, mas até lá não é inteligente manter as árvores? nesse ritmo daqui dez, vinte anos, será extremamente desagradável viver aqui. clima de deserto na época da seca e sem árvores.
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HUGO SCHNEIDER  11.02.19 04h22
A falta de arvores. falta mais verde,sombras.... jah sao 300 anos...athe quando ....
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Sérgio   10.02.19 18h11
Tá quente agora? Imagina daqui uns 20 anos quando se transformar numa metrópole...nem o capeta vai aguentar.
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Ricardo  10.02.19 18h03
Cuiabá consegue ser desagradável 365 dias por ano. Calor, buraco, poeira e calçada abandonada.
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