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MATOU MENOR
27.05.2025 | 11h22 Tamanho do texto A- A+

Delegado: “Ele poderia não querer acertá-la, mas queria atirar”

Bruno Tomiello alegou tiro acidental, mas investigação aponta dolo eventual na morte de Ketlhyn Vitória

Reprodução

O médico Bruno Felisberto e a namorada, Ketlhyn Vitória de Souza

O médico Bruno Felisberto e a namorada, Ketlhyn Vitória de Souza

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

O delegado Waner dos Santos Neves, de Guarantã do Norte, afirmou que o tiro que matou a adolescente Ketlhyn Vitória de Souza, de 15 anos, não foi acidental e que o médico Bruno Felisberto do Nascimento Tomiello, de 29 anos, autor do disparo, “puxou efetivamente o gatilho” e que “queria atirar”.

 

Bruno matou Ketlhyn com um tiro na nuca na madrugada do dia 3 de maio, em Guarantã do Norte. O feminicídio aconteceu enquanto o casal estava no carro do médico, ambos alcoolizados.

 

O delegado explicou, em entrevista ao jornalista Beto Ribeiro, do canal do YouTube Crime, Comportamento e Mistério, que o médico foi indiciado por feminicídio com dolo eventual, quando a pessoa “assume o risco de provocar o resultado morte”, mesmo sem que, necessariamente, tenha a intenção de matar.

 

Na primeira versão de Bruno sobre o caso, em um áudio enviado ao irmão dele - e que foi juntado aos autos, segundo o delegado - o médico diz que Ketlhyn atirou na própria cabeça.


“Isso foi refutado pelo laudo pericial, tendo em vista que não se tratava de um tiro a curta distância. Então não teria como, naquela posição, ela atirar contra ela mesma. Depois ele já afirmou que disparou e disse que foi, no linguajar dele, um tiro acidental”, afirmou o delegado.


“Mas a gente sabe que não, que ele puxou efetivamente o gatilho, ele queria atirar, ele poderia não querer acertar ela, mas ele queria atirar. Então, ele, no nosso entender de Polícia Judiciária, assumiu o risco de matar a vítima e, por isso, ele vai responder, além dos outros seis crimes, foi indiciado por feminicídio”, completou.

 

Na dinâmica apresentada pelo médico, o casal saiu de um bar durante a madrugada e, em determinado momento do trajeto, a jovem teria pedido para assumir a direção. Bruno colocou a jovem no colo e, enquanto ela assumia a direção, ele efetuou o disparo.


“O que chama a atenção é a forma que ele dispara. Ele fala que queria dar um tiro para cima, entretanto, coloca a arma - não foi um tiro encostado - entre o corpo dele e o corpo dela e puxa o gatilho”, disse.

 

 

Laudo corrobora versão


O laudo da reprodução simulada do crime foi concluído nesta segunda-feira (26) e, conforme informou a Politec, “apresenta compatibilidade com os elementos constantes nos autos do inquérito policial, corroborando a dinâmica previamente estabelecida”, diz trecho da nota.

 

O documento, ainda segundo a Politec, corrobora a versão do suspeito. No entanto, segundo o delegado, em conversa com o MidiaNews, isso não significa que a morte tenha sido acidental. Waner afirma que ainda não teve acesso ao laudo.

  

“Ele foi indiciado por feminicídio, porque assumiu o risco de matar ao fazer o disparo de arma de fogo, mesmo que involuntariamente. No direito penal, existe o dolo direto, quando você atira, quer matar alguém, e o dolo eventual, quando você não quer matar, mas assume o risco de provocar esse resultado. Nesse caso, nós concluímos que houve o risco de produzir o resultado morte”, disse.

 

Bruno foi indiciado por feminicídio, dano ao patrimônio público, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo, dirigir veículo sob a influência de álcool, entregar veículo automotor a pessoa não habilitada e servir bebida alcoólica à adolescente.

 

Veja episódio completo: 

 

 

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