O desaparecimento do aposentado Alziro Gonçalves Neto, de 79 anos, completa um ano nesta quinta-feira (11), ainda cercado de mistérios e incertezas. A família, que já perdeu as esperanças de encontrá-lo com vida, segue sendo assombrada diariamente pela cruel dúvida: “O que aconteceu com ele?”.
“Dentro de mim, tenho certeza que ele está morto, mas, ao mesmo tempo, o que nos entristece e adoece é não saber o que aconteceu, se teve algum sofrimento ou se passou por dificuldades na hora da partida”, afirmou a jornalista Silvana Tomazzoni Gonçalves, de 52 anos, filha de Alziro, ao MidiaNews.
Natural do Rio Grande do Sul, Alziro morava no Bairro Tijucal e desapareceu no dia 11 de setembro de 2024, quando saiu de casa para buscar atendimento médico após machucar o braço em uma queda.
A principal hipótese da Polícia é que ele tenha pego um ônibus errado do Centro em direção ao Pedra 90 e descido em uma região de matagal, vindo a se perder no local. A família, no entanto, já não acredita que ele tenha “simplesmente” se perdido, uma vez que não há nenhum indício do paradeiro.
“Não existe esse tipo de coisa, as pessoas não desaparecem assim. No mundo de hoje, com câmera em tudo quanto é lugar, com possibilidade de rastreamento de tudo e de todos, as pessoas não desaparecem”, disse Silvana.
Ela afirmou que a lembrança do pai é diária e, junto dela, também a do desaparecimento. Segundo a filha, é a falta de respostas às perguntas que mais assombra a família e impede que eles tenham paz.
“Tem sido bem difícil. A perda de um familiar já é dolorosa e quando você não tem um desfecho é muito ruim. Não acreditamos que ele simplesmente se perdeu. Nos questionamos: ele foi agredido? Caiu? Foi assaltado? Mataram ele? É horrível conviver com essa incerteza e não ter tido a possibilidade de nos despedir”, afirmou.
Victor Ostetti/MidiaNews
Silvana Tomazzoni Gonçalves, de 51 anos, é uma das filhas de idoso desaparecido
“A Polícia pode achar que esquecemos, porque está preocupada com muitos casos. Mas isso não é algo que você esquece. Nós não vamos esquecer nunca. Não vou me conformar nunca que meu pai desapareceu, nunca vamos deixar de esperar uma resposta”, acrescentou.
Sem respostas
O último retorno que a família teve da Polícia sobre o caso foi em março deste ano, quando ouviu que “não tinham nada”. Depois disso, Silvana pediu acesso ao inquérito por meio de um advogado, mas até o momento não obteve retorno.
“Não estou duvidando da capacidade da Polícia, mas eles partem do mesmo pressuposto e não encontram o corpo. Por que não buscam outros elementos que possam levar a outra linha investigativa? Existem muitas possibilidades. Não houve resposta, para mim, para os advogados, para ninguém. Isso é uma vergonha”, criticou.
Sem imagens de câmeras de segurança, sem testemunhas e, sobretudo, sem um corpo, a jornalista cobra mais sensibilidade das autoridades.
“Respeito muito as instituições do Estado. Acho que se dedicaram. Mas o que nos indigna é a falta de retorno. De dizer o que está acontecendo de fato. De, quando a gente pergunta, ter respostas”, afirmou.
“Na minha avaliação, existe uma falta de consideração, de entendimento de que do outro lado há pessoas esperando informações. Nem que seja para dizer: ‘Não conseguimos nada, não há mais nada que possamos fazer’. Falta um olhar mais sensível”, disse.
Apaixonado por Cuiabá
Alziro deixou a família no Rio Grande do Sul e se mudou para Cuiabá em 2001. No Bairro Tijucal, foi proprietário de um bar até 2010. Com a saúde debilitada, voltou a morar com a família no sul até 2019.
Depois de muitas idas e vindas, decidiu retornar a Mato Grosso, onde permaneceu. A família só foi informada do desaparecimento dez dias depois, o que dificultou o início das buscas.
Segundo Silvana, a conclusão do caso é necessária para dar tranquilidade à alma do pai e também à família. E, caso o desaparecimento tenha outras motivações, que se “faça justiça”.
“A ele [pai] eu pediria que ficasse em paz, mas também que nos desse um sinal divino de onde está e do que aconteceu com ele”, completou.
Outro lado
A Polícia Civil não entrou em detalhes sobre o inquérito, mas afirmou que o caso segue aberto, mas que as buscas foram esgotadas.
“Todos os casos de desaparecimento, caso a vítima não tenha sido localizada, seguem em aberto. Sobre o idoso Alziro Gonçalves Neto, de 78 anos, à época do desaparecimento foram esgotadas todas as possibilidades de buscas nas áreas suspeitas, com auxílio do Corpo de Bombeiros".
"Porém, caso haja novas informações, as buscas podem ser retomadas. Denúncias podem ser realizadas pelo número (65) 98173-0565, do Núcleo de Desaparecidos da DHPP”.
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