Se os personagens de Machado de Assis conhecessem os detetives particulares, "Dom Casmurro" poderia ter um final diferente. Na vida assim como nas artes, a traição chama a atenção do público e gera debates.
O detetive particular que se identifica apenas como "Holmes", em homenagem ao personagem de Arthur Conan Doyle, sabe bem disso. Com 6 anos de experiência em Cuiabá e tendo atendido cerca de 100 casos de investigação conjugal, ele afirma que a traição é mais comum do que podemos imaginar. Com sua experiência, o detetive ensina que o cônjuge muitas vezes dá sinais de que está escondendo algo.
“No trabalho de investigação conjugal não investigamos somente se existe ou não uma infidelidade, mas também investigamos quando o parceiro apresenta comportamentos estranhos. Em muitas situações onde nosso cliente desconfiava haver uma infidelidade, na verdade existiam outros problemas como o vício em drogas e jogos de azar”, declara Holmes.
Cachimbos, lupas e disfarces pitorescos não fazem parte do uniforme de trabalho dos investigadores. Apesar de estar envolta por estereótipos, a prática de investigações particulares para coleta de dados e informações de interesse privado é regulamentada desde a promulgação da lei Nº 13.432, de 11 de abril de 2017.
"Nós, detetives particulares, atuamos em investigações privadas, como o próprio nome sugere. Trabalhamos coletando informações, provas e analisando situações específicas que irão atender a demanda do cliente. Nesse rol de atividades estão incluídas a investigação conjugal, a localização de pessoas desaparecidas, investigação familiar, levantamento de informações e outros", afirma.
No caso das relações conjugais, o detetive alerta para sinais frequentes dados pelo próprio traidor ou traidora. Entre eles está a mudança repentina de comportamento, a mudança de senhas de dispositivos móveis como celulares e computadores, diminuição do uso dos celulares perto do parceiro ou parceira, bem como a falta de sinal telefônico quando está longe do cônjuge. Contudo, entre os sinais, o maior ponto de alerta, conforme o investigador, é o ciúme constante.
“O maior indício é o excesso de ciúmes com a vida do companheiro. Geralmente quem trai adota esse comportamento ciumento por desconfiar que a outra pessoa possa estar fazendo o mesmo que ele faz. Na nossa prática profissional, os maiores ciumentos são os que mais traem os relacionamentos”, declara.
A maioria das investigações que o detetive cuiabano atende começam a partir de uma suspeita do cliente que observa mudanças drásticas de comportamento. Após a coleta de informações importantes, o profissional produz um dossiê com as possíveis provas para comprovar o ato de infidelidade.
"Geralmente os casos de traição acontecem na hora do almoço, no intervalo do trabalho, onde geralmente o cônjuge não vai para casa e aproveita esse momento para trair. Na maior parte das vezes com pessoas do mesmo lugar onde trabalha. Já pegamos muitos casos onde os adúlteros iam almoçar no motel", relembra.
Os danos para o parceiro
Acervo pessoal
Lucyelly Ameida aborda os danos da traição
Considerado caso judicial no Brasil, o adultério impulsiona divórcios e, segundo a psicóloga e especialista em terapia cognitiva comportamental, Lucyelly Almeida, pode ser prejudicial à autoestima de quem é vítima da traição.
“É comum que as pessoas se sintam inferiores e culpadas perante uma situação de traição. Isso ocorre pela dificuldade que o indivíduo tem em reconhecer seu amor-próprio, qualidades, valores... Uma pessoa traída pode desempenhar um papel de humilhação perante seu parceiro por conta do medo de ser rejeitada”, declara a psicóloga.
Segundo a especialista, o ato de trair pode estar relacionado a diversos fatores. Eles podem variar desde diversão momentânea, a uma tentativa de vingança diante a falta de atenção do parceiro.
“Geralmente, quando a pessoa tem baixa autoestima, a traição pode ter ligação com o indivíduo sentir que foi tratado com indiferença pelo seu parceiro, ou não recebeu carinho e atenção como gostaria, reagindo a essas circunstâncias como uma vingança ao ato do companheiro”, afirma.
A psicóloga afirma que a reação do traidor diante do ato pode ser variada, como indiferença ou arrependimento. Já para os traídos, a falta de fidelidade pode gerar traumas, danos à autoestima e sentimentos de raiva, tristeza, culpa e inferioridade.
Para superar os sentimentos negativos e o término de um relacionamento conturbado pela sombra de uma traição, a psicóloga afirma que a autoconfiança e o autocuidado são essenciais.
“Foque nos seus objetivos pessoais e profissionais, faça atividades que gerem alegria, pratique atividade física, saia com os amigos, cuide do seu visual, se presenteie, estude, viaje, conheça pessoas novas, medite, conecte-se com sua espiritualidade” .
‘Não crie expectativa em relação a sua felicidade a partir de outra pessoa. A sua felicidade está dentro de você. Faça o que tem vontade com respeito ao outro, porém, viva sua vida por você e para você, se permita ser feliz sem depender do amor do outro. Seja seu próprio amor, aplauda a cada conquista sua, será sua maior fã”, finaliza.
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