Cuiabá, Domingo, 15 de Junho de 2025
"ATÉ QUANDO?"
15.06.2025 | 09h30 Tamanho do texto A- A+

Do horror ao esplendor: Pantanal "ressuscita" após anos infernais

Após arder por quatro anos, bioma surpreende com floradas e vitórias-régias

José Medeiros

Registro de José Medeiros no Pantanal após longo período de estiagem

Registro de José Medeiros no Pantanal após longo período de estiagem

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

Se uma imagem vale mais que mil palavras, o que dizer quando comparamos duas? Há um ano, o Pantanal ardia em chamas e tinha aproximadamente 17% do seu território convertido em cinzas. Hoje tem pontos que mais parecem cenários saídos de um conto de fantasias.

A cena de hoje é uma coisa de louco, espetacular! A beleza do Pantanal é surpreendente

 

Registros do fotógrafo e documentarista de Cuiabá José Medeiros mostram a gritante diferença entre um cenário e outro, no intervalo de aproximadamente um ano. Ele, que atualmente está em uma região de tríplice fronteira - entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bolívia -, documenta o Pantanal há mais de três décadas.

 

Diferente dos últimos anos, em que a seca predominou e castigou o bioma, em 2025 as chuvas voltaram com força na bacia pantaneira.

 

“Ontem teve chuva. E no ano passado, nessa região, já estava pegando fogo. A cena de hoje é uma coisa de louco, espetacular! A beleza do Pantanal é surpreendente. Cada dia uma surpresa. Deu uma superflorada das piúvas, tem colônias de vitórias-régias, que faz tempo não aparece, e uma floresta, morros lindos, cor de rosa das floradas”, relata.

 

Como descreve Medeiros, o cenário é de encher os olhos. Diferentes tons de verde são salpicados por um rosa suave e, ao mesmo tempo, marcante, que de repente são cortados por corixos - canais que se formam nas áreas alagadas, criando caminhos sinuosos por entre o verde a perder de vista.

 

O cenário em nada se parece com as fotos divulgadas em 8 de julho de 2024 pela Secom-MT (Secretaria de Estado de Comunicação Social), que mostram o trabalho do Corpo de Bombeiros para conter os focos de incêndio em uma área já parcialmente devastada pelo fogo.

 

 

Diferente das recentes fotos e vídeos de Medeiros, os registros de Michel Alvim, da Secom, trazem um verde pálido que definha e é cortado por porções de terra visíveis aos olhos. Em outros registros, militares lutam para conter os focos em um cenário cinzento e ainda fumegante.

 

Apesar da beleza

 

Medeiros está imerso no cotidiano do pantaneiro e traz, em suas produções, um pouco dessa realidade que nem sempre é tão bela quanto a paisagem. Para ele, é preciso refletir além da beleza do Pantanal e se dar conta dos perigos que o cercam.

Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

Militares do Corpo de Bombeiros no Pantanal em 2024

 

“Hoje está lindo, excepcional, pulsando. O Pantanal pulsa, mas até que ponto ele vai pulsar? Até que ponto esse coração, esse pulmão vai aguentar? Esse é um alerta da natureza”.

 

“O Pantanal é resiliente, se transforma. Mas a natureza nos mostra que podemos estar perdendo esse bioma e indo pelo caminho errado. Está mostrando que o Pantanal ainda resiste, que ainda dá tempo”, diz.

 

Entre as várias ameaças que cercam o Pantanal, Medeiros cita a contaminação das águas. “Estamos numa planície, o Pantanal não tem nascente. A nascente é no planalto, no cerrado, onde está a maior área agrícola. Somos o maior produtor de grãos do mundo e parte disso contamina essas águas”.

 

Mata ciliar desmatada, poluição que desce o Rio Cuiabá - e outros - e tudo isso vai direto para o copo e para as panelas dos pantaneiros.

 

Apesar da existência de programas sociais, segundo moradores, saindo de Porto Jofre até Corumbá, ao menos 70% da região não tem tratamento de água. A água consumida vem do rio e é filtrada em filtros de barro. Nem sempre o organismo responde bem.

 

Pantanal +10

 

Os registros de Medeiros fazem parte do projeto Pantanal +10, que acompanha a realidade dos pantaneiros, o impacto ambiental e os reflexos das mudanças climáticas.

 

Medeiros conta que esse é um projeto que começou em 2020, com as queimadas que castigaram a região naquele ano. O objetivo é retratar as transformações do bioma durante 10 anos, a partir daquela tragédia.

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

Militar em incêndio no Pantanal em 2020

 

“O Pantanal já vinha passando por uma seca tremenda, um período longo de estiagem. Aquilo foi um estopim, um dos maiores incêndios, o terceiro maior do mundo”, disse. 

 

Medeiros, que estava na região produzindo um filme sobre a pandemia, foi um dos primeiros fotógrafos a documentar o incêndio. A reportagem também traz alguns desses registros feitos em 2020, que mostram um cenário de horror.

 

Fogo intenso, fagulhas para todo lado e uma cortina de fumaça é o que mostram os registros. Em meio ao cenário, chama atenção também a captura do olhar de um militar que combatia as chamas.

 

“De lá pra cá, o Pantanal veio queimando de ano em ano, 2021, 22, 23 e 24. E agora veio essa chuva, porque isso é ciclo”, diz.

 

Os registros dos dois primeiros anos do projeto foram publicados no livro "Céu e Inferno em Terras Alagadas". Nessa primeira fase, Medeiros apresenta a destruição do Pantanal com os incêndios de 2020 e o período de seca em 2021.

 

A segunda fase do projeto, chamada "No Tempo das Águas", traz questionamentos profundos: “Qual é o tempo do Pantanal? Que tempo nós temos? Que tempo o Pantanal tem?” e mostra como o bioma vem se moldando após a tragédia de 2020.

 

A reportagem reúne, então, registros de Medeiros dos incêndios de 2020, os retratos da continuidade das queimadas em 2024, com imagens de Michel Alvim, e a atual regeneração do Pantanal, No Tempo das Águas, em fotos e vídeos também de Medeiros.

 

Veja:

 

 

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GALERIA DE FOTOS
Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

Michel Avin/SecomMT

Combate ao incêndio no Pantanal 2024

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros

José Medeiros/Arquivo Pessoal

Pantanal José Medeiros




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