O delegado Luiz Henrique Damasceno, da Delegacia Regional de Cuiabá, afirmou na manhã desta sexta-feira (25) que as investigações da operação “Castelo de Areia” – que prendeu cinco pessoas – estão apenas começando. Segundo ele, nesta primeira fase, foi encontrada apenas “a ponta do iceberg”.
A investigação apura crimes de estelionato supostamente praticados pela empresa Soy Group em todo o Estado. O prejuízo ultrapassa R$ 50 milhões.
O cabeça da organização criminosa, conforme o delegado, era o ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel. Ele foi detido no Hospital Santa Rosa.

Além dele, tiveram a prisão decretada Shirlei Aparecida Matsuoka; Walter Dias Magalhães Júnior (marido de Shirlei); Evandro Goulart e Marcelo de Melo Costa (ex-candidato a deputado federal). A operação ainda cumpriu um mandado de condução coercitiva e sete de busca e apreensão. Os acusados vão responder por estelionato e organização criminosa.
"Já identificamos ações desse grupo em outros Estados como Paraná e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. Acredito que estamos mexendo apenas na ponta do iceberg, porque, com certeza, com a análise dos documentos apreendidos hoje, novos valores vão surgir, novas vítimas devem procurar a polícia. E com isso [haverá] novas prisões”, afirmou.
Até o momento, a investigação identificou quatro vítimas. Outras três já foram encontradas, mas ainda não prestaram depoimento.
Conforme o delegado, as vítimas são pessoas com poder aquisitivo alto, como produtores rurais, empreiteiros e empresários.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Delegados da Polícia Civil durante entrevista coletiva
“O prédio da empresa Soy, em Cuiabá, transmitia segurança e fazia com que as vítimas acreditassem na credibilidade do grupo. Algumas vítimas, inclusive, foram levadas para o Chile.Lá havia escritórios montados. Tudo com o objetivo de lubridiar essas pessoas”, afirmou o delegado.
Damasceno explicou que os golpes tiveram início em 2014.
“Essa quadrilha vinha atuando na captação de recursos, cometendo esses estelionatos desde 2014. Eles solicitavam um adiantamento para as vítimas com a promessa de juros reduzidos. As vítimas pagavam cerca de R$ 300 mil, R$ 400 mil e acabavam não tendo o retorno", disse.
"A empresa foi aberta para aplicar esses golpes. Já identificamos um golpe de R$ 50 milhões, outros de R$ 100 mil e R$ 300 mil. Temos a certeza que outras vítimas estão espalhadas em outras cidade de Mato Grosso e também em outros Estados", complementou.
De acordo com o delegado, a vítima só desconfiava do grupo depois deles "sangrá-las".
“Depois que as vítimas adiantavam todos os valores, que eles sangravam as vítimas, até a vítima se negar a adiantar qualquer valor, eles cortavam os contratos. Por isso havia diversos cobradores na porta da empresa diaramente", contou.
"Falso chinês"
Em um dos golpes, segundo o delegado, uma vítima afirmou que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para ludibriá-la em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que, juntas, somam o valor de R$ 50 milhões.
Segundo ele, o próprio João Emanuel era quem traduzia o que o "falso chinês" falava.
“O golpe principal era o oferecimento de juros baixos em condições especiais. Mas no golpe de R$ 50 milhões, por exemplo, era uma empresa de investimento de um grupo chinês, no qual a vítima entraria com esse aporte de R$ 50 milhões, e depois teria o retorno financeiro. Eles utilizaram um falso chinês nesse contexto. O retorno prometido era de R$ 180 milhões. Cerca de 7% ao ano”, pontuou.
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