Na busca por realizar o sonho da casa própria, o autônomo V.I.F., de 30 anos, investiu em um ano R$ 100 mil com a empresária Taiza Tossat Eleotério da Silva, proprietária da DT Investimentos, que foi presa na última quinta-feira (31) por suspeita de esquema de pirâmide financeira.
“Esse dinheiro era o que eu tinha para comprar minha casa própria. Isso me afetou de todas as formas negativas possíveis, porque foi toda a minha renda de anos, que guardei para garantir o meu futuro, e coloquei ali. Quando conheci eles, pensei que era uma forma de adiantar esse sonho… Fiquei muito abalado", disse ele em conversa com o MidiaNews.
Taiza é investigada pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor de Cuiabá, e foi detida em Sinop, na Operação Cleópatra. Além dela, seu ex-marido, o policial federal Ricardo Mancinelli Souto Ratola, e o cirurgião-geral Diego Rodrigues Flores, são investigados.
“Eu conheci a Taiza junto com o esposo dela, em um aniversário de um amigo em comum. Ele comentou que ela trabalhava com investimentos e fiquei interessado. Marcaram reunião comigo no outro dia, numa sexta-feira. No dia, o sócio dela, o médico, e o esposo que era policial federal, estavam lá. Então, passaram muita credibilidade para mim”, contou V.I.F..
O primeiro encontro deles ocorreu no escritório de Taiza, no Helbor Business em Cuiabá, em março de 2021. Segundo a vítima, a sala da empresária era um local sofisticado, o que o fez acreditar nas palavras da mulher bem-sucedida que comandava a DT Investimentos, e prometia retorno de 5% ao mês pelo investimento.
Assim, V.I.F., que na época trabalhava como gerente de loja, inicialmente, investiu R$ 15 mil. Nos meses seguintes, o aporte injetado por ele chegou a R$ 100 mil. O valor, segundo o rapaz, era uma economia de cerca de 10 anos, que tinha como objetivo a compra de uma casa para viver com a filha recém-nascida.
“O dinheiro que eu ganhava, investia novamente. Por isso foi virando uma bola de neve. Eu não fazia retirada. Acho que se fiz duas ou três vezes, foi muito. Daí, quando percebi que era golpe, foi o momento que o meu amigo falou que ela não estava pagando, e eu também já não estava recebendo”.
“Vou tentar até o final conseguir esse dinheiro de volta. Hoje, minha filha tem três anos, moro em uma quitinete, com sala, cozinha, quarto e um banheiro. Esse dinheiro faria uma grande diferença na minha vida”, disse.
V.I.F. ainda relatou que Taiza sabia a finalidade do investimento dele e que prometia e o incentivava a continuar injetando mais valores para conseguir aumentar os rendimentos. Ele também disse que o ex-esposo da empresária, o ex-policial federal Ricardo Ratola, assim como o cirurgião-geral Diego Flores também o encorajaram.
“O médico fez uma apresentação de cinema. Até estranhei quando ele deu a entrevista e falou que não sabia do que se tratava a empresa. Eu estava lá e ele se apresentou como sócio. Ela sabia do sonho da minha casa, da minha filha e inclusive foi convidada para o aniversário da minha filha”, afirmou a vítima.
Arquivo pessoal
Cláusula do contrato firmado entre Taiza Tossat Eleotério da Silva, por meio de sua empresa, que na época tinha o nome de TR Investimentos
“A Taiza sempre me mandava mensagem, falava que gostava muito de mim, que era um menino especial, o melhor cliente que ela teve. Fez publicação no Instagram com o meu nome, falando que eu era novo e bem centrado em questão de investimento. E depois ela começou a me mandar mensagem falando que estava com problema no banco, mas que iria resolver”, contou.
No momento em que parou de receber a correção mensal em seu aporte, V.I.F. relatou que se reuniu com Taiza e conheceu também o atual esposo dela, que foi apresentado como um “empresário milionário”. Ela prometia o retorno dos pagamentos, porém realizou somente um, no valor de R$ 5 mil, depois desapareceu.
“Ela estava me enrolando, falou que ia me pagar tal dia, aí postava que estava com um problema no banco, no Instagram a mesma coisa. A primeira vez, ela falou que fez uma aplicação errada e apreenderam R$ 7 milhões da conta, por algum desentendimento com o sócio dela”, afirmou.
“Eu tive reunião com o atual marido dela e ela, que me juraram que iriam me pagar, que iam fazer parcelas de R$ 10 mil e acabou que a única parcela que me pagaram foi R$ 5 mil a última vez. Mas aí eu já tinha entrado com ação contra eles. Acho que um dia ou dois depois disso, o oficial de Justiça foi lá, e aí nunca mais tive retorno”, explicou.
V.I.F., assim como seu amigo que também investiu com Taiza, entraram com uma ação na Justiça contra ela e os demais sócios. Entretanto, ele disse crer que não irá reaver o valor perdido. "Tento não contar com esse dinheiro, porque acho que, se depender das leis, ela vai sair, pegar esse dinheiro e vai curtir a vida", disse.
Arquivo pessoal
Documento enviado por Taiza Tossat Eleotério da Silva à vítima V.I.F., sobre o cálculo de aporte feito por ele na empresa de investimento
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