Cuiabá, Terça-Feira, 22 de Julho de 2025
NATAÇÃO E CIDADANIA
15.12.2024 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Ex-atleta olímpico cria projeto social para crianças em Cuiabá

O cuiabano Felipe Lima idealizou iniciativa que hoje atende 85 crianças na piscina da UFMT

Reprodução/Redes sociais

O ex-atleta olímpico Felipe Lima, que idealizou o Projeto Nadar, pelo Instituto Felipe Lima

O ex-atleta olímpico Felipe Lima, que idealizou o Projeto Nadar, pelo Instituto Felipe Lima

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

Após oito anos sonhando, o ex-atleta olímpico de natação, Felipe Lima, conseguiu colocar em prática o Projeto Nadar, uma ação social de seu instituto, que hoje atende 85 crianças e adolescentes de baixa renda, moradores da região do Coxipó, em Cuiabá. 

 

A criação do instituto era para me ajudar com patrocínios e ter melhores recursos para minha vida como atleta, com o intuito também, de lá na frente, ajudar outras pessoas através da natação

Cuiabano, Felipe, que se aposentou em 2022, é conhecido por ser um dos maiores atletas de natação do Estado. Os anos em competição, além dos obstáculos financeiros que enfrentou nesse período, fizeram com que ele enxergasse a prática por outra perspectiva.

 

Ao MidiaNews, o ex-atleta contou que sempre almejou fazer um projeto destinado a atender a população das comunidades, que dificilmente conseguiriam aprender a nadar, senão através de treino em academias, que geralmente têm um custo alto.

 

“A ideia do projeto é minha e do meu pai, lá em 2016, com a vinda da Lei de Incentivo ao Esporte. A criação do instituto era para me ajudar com patrocínios e ter melhores recursos para minha vida como atleta, com o intuito também, de lá na frente, ajudar outras pessoas através da natação”, contou Felipe.

 

“Em 2012 [Londres] eu fui para a minha primeira Olimpíada. Em 2021 [Tóquio] fui para a minha segunda Olimpíada e, depois que me aposentei, entramos a fundo nessa questão de ajustar o estatuto, a Lei Pelé, para a gente receber emendas parlamentares para poder ajudar jovens e crianças na prática da natação”, completou.

 

Assim, surgiu o Projeto Nadar, financiado por meio da LIE (Lei de Incentivo ao Esporte), que permite que pessoas físicas e jurídicas destinem parte do Imposto de Renda aos projetos esportivos, emendas parlamentares, patrocínios e doações diretas de apoiadores.

 

Hoje, as principais empresas colaboradoras do programa são o SportTV, Áster Máquinas, John Deere; os órgãos públicos incentivadores são o Ministério do Esporte e o Governo Federal.

 

Felipe contou que, após a publicação do edital, foram registradas mais de 500 inscrições por meio do qual foram selecionados 85 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O projeto teve início, então, na piscina da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), com quem o instituto conseguiu firmar parceria.

 

“Nós tivemos uma adesão muito grande no último dia 10 de outubro, quando foram abertas as inscrições, e tivemos mais de 500 inscritos em 24 horas, para 85 vagas apenas. Isso é legal e triste, porque a gente não tem vaga pra todo mundo”, disse.

Victor Ostetti/MidiaNews

Projeto Nadar

João Antônio Costa de Carvalho, de 9 anos, é um dos alunos do Projeto Nadar

 

“Foi até uma surpresa porque não esperávamos ter tanta adesão assim. Então, ficamos surpresos, e isso é até um bom número para a gente apresentar para futuros patrocinadores. E que eles tenham um olhar carinhoso para que a gente consiga fechar alguma parceria e ter oportunidade para mais crianças”.

 

Além do espaço, que é utilizado quatro vezes na semana, o instituto, através do programa, pôde oferecer materiais como maiô, sunga e touca, para que as crianças e adolescentes possam praticar a natação. Também são disponibilizadas garrafinhas de água, mochila e a camiseta do projeto.

 

O ex-atleta ainda enfatizou que o principal objetivo dessa "fase um" do projeto é a prevenção de afogamentos, a promoção da saúde e o desenvolvimento de habilidades para a vida adulta dessas crianças e adolescentes, como autoconfiança e a convivência, de forma benéfica, com outras pessoas.

  

“Nós tentamos, através do nosso site, das nossas redes sociais, informar como fazer a doação, dar esse fomento para o esporte, e a gente conseguir atingir pessoas que, muitas vezes, não têm a condição de praticar nenhum o esporte devido à baixa renda e a falta de oportunidade", disse.

 

"Assim, nós ocupamos o tempo ocioso que eles teriam de contraturno da escola e, em vez de estar em casa ou fazendo alguma coisa errada na rua, eles estão tirando proveito da prática esportiva", completou.

 

"Ano 2" do projeto

 

A ideia de Felipe para o ano que vem é ampliar não só a oferta de materiais, mas também trazer para atender às crianças uma pedagoga, para suprir as dificuldades escolares com aulas de reforço, além de uma nutricionista para fazer um cardápio de lanches e acompanhar a rotina alimentar.

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Projeto Nadar

Crianças do projeto nadando na piscina da UFMT

De materiais, o ex-atleta pretende oferecer vale-transporte, absorvente íntimo, protetor solar e itens escolares. "Atualmente, só oferecemos natação, mas para o ano dois desse projeto, que vai começar agora em maio do ano que vem, a intenção é oferecer tudo isso, caso a gente venha a arrecadar 100% do projeto", disse.

 

"Além da natação, queremos ter vale-transporte, pedagoga, nutricionista, o que vai fazer eles passarem uma manhã toda ou uma tarde toda lá, dependendo do contraturno escolar. Seria uma hora e meia da prática esportiva, e mais uma hora e meia desse reforço escolar. Talvez colocar uma aula de línguas para que essas crianças tenham a oportunidade de estarem desenvolvendo outras habilidades". 

 

Obstáculos financeiros e estruturais

 

Apesar da parceria com a UFMT, a falta de estrutura na Capital ainda é um obstáculo para expandir o projeto. O fato de terem tido um volume tão grande logo no lançamento do primeiro edital, com mais de 500 inscritos, fez com que o ex-atleta buscasse outros espaços, mas esbarou no impasse financeiro.

 

“Criar um instituto voltado para o esporte, em uma cidade como Cuiabá, é um projeto desafiador, devido à baixa adesão do público e também de patrocínio. A LIE é algo ainda novo, e as pessoas ainda têm baixo conhecimento em relação ao direcionamento das verbas. Muita gente fica com medo de apostar na gente”, contou Felipe.

 

"A universidade depende de recursos federais para que a piscina se mantenha em dia, e também precisa de reformas. O nosso projeto ainda não arrecadou 100% do valor que foi aprovado pelo Ministério de Esportes".

 

"Nós temos conversado com alguns outros clubes, como o Monte Líbano e o clube do Sargentos também, que, com o mínimo, ainda sobrevivemA gente buscou até mesmo o Governo do Estado, para a reforma da piscina ao lado do estádio da Arena Pantanal".

 

O ex-nadador garante que quando essas piscinas forem disponibilizadas e houver recursos, a ideia é atender um maior número de pessoas. "Com certeza iremos expandir para outros cantos da cidade e poderemos atingir outras comunidades".

 

Confira abaixo as entrevistas:

 

 

 

 

 

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