Em manifestação realizada neste domingo nas ruas de São Paulo, militantes do movimento feminista lembraram o Dia Internacional da Mulher pedindo soluções para a crise econômica mundial e a legalização do aborto.
"Não foram as mulheres que causaram a crise desse sistema capitalista e machista. Não somos nós que controlamos essa dinâmica e não somos nós que devemos pagar por ela", disse a pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Mariana Cestari, uma das coordenadoras da manifestação. Segundo ela, o movimento feminista luta hoje para que, apesar da crise econômica, o governo federal consiga desenvolver políticas para manutenção da estabilidade do emprego.
"Temos muito ainda a conquistar nesse universo de desigualdade em que vivemos no país", afirmou a coordenadora estadual da União Brasileira de Mulheres, Rosina Conceição de Jesus.
Presente na manifestação, a zeladora Carmen dos Santos, que usa cadeira de rodas para se locomover, considerou a data importante por marcar a luta das mulheres por seus valores. Para ela, a grande luta da mulher brasileira, nos dias de hoje, é a questão da violência. "A violência dos homens, dos maridos. As mulheres têm que lutar por esse direito [segurança] para ter mais valor."
O tema, por sinal, foi o principal alvo de protestos na manifestação feminista. De acordo com a pesquisadora Cestari, uma mulher é espancada a cada 15 segundos no Brasil, e 70% dos casos ocorrem dentro de casa. "Estamos nas ruas para denunciar e para encorajar as mulheres a denunciar a violência e para reivindicar políticas públicas amplas de combate à violência", disse ela.
Já a coordenadora Conceição de Jesus ressalta que, mesmo com a luta constante contra a violência, as mulheres ainda não estão totalmente seguras. "A Lei Maria da Penha é uma dessas grandes conquistas, mas ainda precisa ser de fato aplicada", disse Rosina.
Apesar de as mulheres terem sido maioria na manifestação, muitas crianças e homens acompanharam a caminhada. O sociólogo e professor Rodrigo de Carvalho, que carregava o filho Francisco no colo e acompanhava a mulher, participou da caminhada porque também defende igualdade de condições entre homens e mulheres.
"Acho que o principal problema da atualidade [para as mulheres] continua sendo o trabalho. Hoje, temos mais universitárias, mas isso não se reflete, por exemplo, no mercado de trabalho. Nem nos salários, porque normalmente existe uma redução do salário das mulheres", afirmou.
A passeata, que teve início na avenida Paulista e terminou com um ato em defesa da legalização do aborto no parque Ibirapuera, atraiu cerca de mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Aos 72 anos, a dona de casa Piedade Maria dos Reis era uma delas. Ela disse que, apesar da idade, "não se entrega" e continua lutando pela causa das mulheres.
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