Cuiabá, Sábado, 5 de Julho de 2025
MORTE DE AGENTE
22.07.2022 | 11h25 Tamanho do texto A- A+

Inquérito: Paccola foi precipitado e agiu fora dos padrões da PM

Investigação apontou que “Japão” sacou arma a pedido da namorada e não representava perigo para ela

Rafael Medeiros

O corpo de Alexandre Miyagawa, que foi morto por Paccola

O corpo de Alexandre Miyagawa, que foi morto por Paccola

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

A Polícia Civil concluiu que o vereador Marcos Paccola (Republicanos) agiu de forma precipitada e fora dos padrões adotados pela Polícia Militar ao atirar por três vezes contra o agente socieducativo Alexandre Miyagawa, em Cuiabá.

 

A informação consta no relatório da investigação encaminhado pelo delegado Hercules Batista Gonçalves para o Ministério Público Estadual e Poder Judiciário na terça-feira (19). A investigação indiciou Paccola por homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa por parte da vítima.

 

Paccola interferiu em uma confusão que acontecia em frente a uma distribuidora do Bairro Quilombo, no dia 1º de julho. Na ocasião Myagawa, também conhecido como "Japão", estava com a arma na mão, atrás de sua namorada, Janaína Sá. 

 

O agente estava de costas, quando Paccola teria o ordenado que ele baixasse a arma. Como Myagawa não obedeceu, o PM atirou. 

 

Segundo a investigação, ficou constatado que o vereador – que é tenente-coronel da reserva da PM – deveria ter insistido nos comandos para que o agente abaixasse a arma antes de atirar.

 

“Importa consignar que a conduta adotada pelo suspeito não se amolda ao Procedimento Operacional Padrão - POP da própria Polícia Militar. [...] Em outras palavras, é possível concluir que o suspeito agiu de forma precipitada ao não insistir no gerenciamento da situação”, consta em trechos do documento.

 

A investigação ainda refuta as alegações de Paccola de que Myagawa representava um risco à namorada, com a arma em punho. Segundo o delegado, após análise de imagens das câmaras de seguranças e depoimentos de pessoas que estavam no local, constatou-se que o agente não apresentou comportamento violento contra ela.

 

“[...] Resta indene de dúvidas de que as imagens, os depoimentos e os laudos periciais evidenciam que a vítima estava de costas, sob o efeito de álcool e não fez nenhuma menção de girar o tronco quando foi atingida pelos disparos efetuados pelo suspeito”, consta no relatório.

 

E cita ainda que Janaina Sá, namorada do agente, sequer pediu ajuda às pessoas do local em razão de uma suposta violência que estaria sofrendo. “Pelo contrário, segundo o apurado, a vítima sacou sua arma de fogo a pedido da própria namorada, para ‘defendê-la’ e não para agredi-la”, consta em documento.

 

Testemunhas

 

O delegado Hércules Gonçalves revelou que os depoimentos das testemunhas apontam para um comportamento “extremamente alterado” da namorada do agente. Assim, ela teria induzido Miyagawa a sacar a arma para, supostamente, defendê-la de pessoas com as quais ela discutia.

 

“As testemunhas também foram coesas em afirmar que, durante a confusão, a própria Janaína, extremamente alterada, empurra por diversas vezes o braço da vítima que tentava apaziguar a situação. Aduzem ainda que Janaína foi quem incentivou/instigou que a vítima sacasse a arma de fogo que trazia na cintura a fim de intimidar as pessoas”.

 

“Não temos dúvida de ser esse o instante em que a vítima tira a pistola da cintura, levanta o braço para cima com a arma em punho e depois recolhe o braço junto ao corpo e, ato contínuo, sai andando atrás de Janaína que já atravessava a via pública”. 

 

A investigação ainda apontou que é possível que nesse momento Paccola tenha ouvido os gritos dos clientes da distribuidora. “‘Ele está armado!’, enquanto outras pessoas gritaram: ‘Ele vai matar ela!".

 

Paccola e o inquérito

 

Em nota, divulgada na manhã desta quinta-feira (21), o vereador afirmou que tomado conhecimento da conclusão do inquérito pela imprensa. Ele garantiu que o indiciamento não foi recebido como uma surpresa e que aguardará o processo para apresentar a defesa.

 

“Enquanto não tivermos acesso aos autos, não tem como fazer qualquer manifestação sobre algo o que não temos conhecimento”, afirmou.

 

“Conforme já manifestado pelo meu advogado, Ricardo Monteiro, o indiciamento é recebido com naturalidade já que existe autoria e materialidade definida. A fase da instrução processual é que será possível apresentar as razões de defesa e o contraditório”, acrescentou.

 

Por conta do assassinato do agente, Paccola é alvo de um pedido de afastamento imediato e outro de cassação do mandato.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

Polícia Civil indicia vereador Paccola por homicídio qualificado

 

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Robélio Orbe  23.07.22 09h59
Relembrando as matérias anteriores, e até as veiculadas por este site, e pelas imagens da câmrera de segurança, vou emitir minha opinião "Pelas imagens mostram um veículo branco cruzando uma via preferêncial em alta velocidade, tanto que o condutor do carro cinza nem deve ter visto o carro passar a sua frente e se fosse atingido, seria fatal." Lendo algumas matérias a condutora afirma que não havia encontrado vaga para estacionar e saiu a procura de uma, sendo que, ao lado do hotel Intercity possui um estacionamento. Após cruzar a via para bruscamente e sai em direção a distribuidora para fazer necessidades. Muito estranho esse comportamento. Sera que o ato praticado pela condutora não colaborou para os fatos? Apenas uma opinião imparcial.
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