Apaixonado por antiguidades, o casal Marília Bonna, de 35 anos, e Thiago Sinohara, 36, são os proprietários do sebo e antiquário Rua Antiga, um comércio afetivo que vende, compra e troca antiguidades - ou, como eles mesmo preferem dizer - das “memórias dos outros”.
A loja, que agora está localizada em Chapada dos Guimarães, começou dentro de um Fusca 1969, em 2016. O casal escolhia um ponto estratégico, estacionava o carro, ligava uma vitrola e oferecia um cafezinho aos clientes que se aproximavam, além de uma boa prosa.
Na época, a lojinha de lembranças viajante levava o seu acervo de ”memórias” para vários lugares diferentes.
O nome “Rua Antiga” veio com a percepção do casal de que eles tinham uma extraordinária capacidade de transformar qualquer lugar onde estacionassem em uma rua antiga.
Não tardou para que o Rua Antiga começasse a crescer. Algumas memórias começaram a partir e muitas foram chegando, cada vez mais.
Até que em determinado momento, depois de ocupar cada centímetro do Fusquinha, o acervo precisou de mais e mais espaço.
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O sebo e antiquário agora em Chapada dos Guimarães
“O ano era 2018 e começamos a receber as pessoas na nossa casinha (na casa do Fusca). Depois de abrir a porta do nosso Fusquinha, passamos a abrir a porta da nossa casinha”, conta Marília, livreira e escritora, com formação em Jornalismo e Letras.
No ano seguinte, o casal sentiu que era o momento de uma nova mudança. Eles reabriram o sebo no até então espaço cultural Metade Cheio, na Rua Comandante Costa, em Cuiabá.
No ano passado o casal decidiu mudar os ares e abrir o Rua Antiga em Chapada dos Guimarães, o que levou quase um ano até que encontrassem o ponto ideal. A mudança nada impede, no entanto, que o casal leve a Rua Antiga para a capital, ocasionalmente, para eventos pontuais.
O casal conta que a ideia de levar a lojinha para Chapada dos Guimarães já era um plano antigo. O desejo de se mudar para lá surgiu de uma necessidade de estar mais perto da 'memória do mundo', do 'fóssil', do 'esqueleto das coisas'”.
“Ainda que remota, a Chapada também é ‘logo ali’, o que permitiria que a gente continuasse conectado com nossa história em Cuiabá, com as pessoas com quem mantivemos relações ao longo desses seis anos de estrada”, pontuam.
Entre os livros, discos e antiguidades, a carioca e o cuiabano estão juntos há quase dez anos, e há mais de seis atuam na área de venda de antiguidades.
“As coisas chegam até nós, das mais diversas maneiras. Somos um ponto pra onde as memórias convergem, porém não perderemos nunca o hábito - e, mais que isso, o prazer de ir atrás. É um exercício do olhar. Um passeio nunca é só um passeio; uma viagem ou visita ou encontro, também não”
O casal conta que nunca teve a intenção de ser só um comércio, e acredita que seja possível praticar um comércio afetivo, que se preocupa com o destino das coisas.
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“A gente trabalha com a memória dos outros - com coisas que estão há gerações na mesma família ou que fizeram parte da infância, da história, de alguém. Dito isso, não há como manter uma relação puramente comercial com nossos produtos e, claro, isso se estende também às relações com os clientes”.
Entre os “achados” mais antigos do casal estão papéis diversos do século XVIII, além de postais e recibos de compra do começo do século XIX.
Há também uma máquina de costura antiga, onde uma mulher indígena aprendeu a costurar as primeiras roupas de algodão; um álbum de selos de um colecionador cuidadoso; um livro com uma carta de amor dentro; um alambique feito sob encomenda; um disco do grupo "Jacildo e seus Rapazes", a primeira banda de rock cuiabana da década de 60, que fez história também na cena nacional.
O sebo e antiquário está localizado na Rua Quinco Caldas, número 885, em Chapada dos Guimarães.
Para mais informações: (65) 99954-9163
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