Cuiabá, Quinta-Feira, 26 de Junho de 2025
EXCLUSIVO
16.07.2018 | 23h00 Tamanho do texto A- A+

Mãe de médico pode ter participação em morte e está foragida

Segundo o delegado Felipe Santoro, ela também é medica e teve o registro cassado pelo CRM do Rio

Reprodução/Instagram

O médico Denis Furtado, que está foragido; ao fundo, condomínio onde funcionava clinica clandestina

O médico Denis Furtado, que está foragido; ao fundo, condomínio onde funcionava clinica clandestina

RAMON MONTEAGUDO
DA REDAÇÃO

A mãe do médico Denis Furtado, indiciado por homicídio doloso pela morte da mato-grossense Lilian Calixto, pode ter participado do procedimento estético fatal.

 

Maria de Fátima Barros Furtado também é médica e teve o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro. A informação é do delegado Felipe Santoro, da 16ª Delegacia de Polícia Civil, na Barra da Tijuca.

 

Segundo ele, há indícios de que a mãe, que também está foragida, atuava ilegalmente com o filho, participando dos procedimentos estéticos ilegais.

 

Ela pode, inclusive, ter participação na morte de Lilian, de 46 anos, ocorrida na madruga de domingo (15). Mãe e filho estão com prisão temporária (de 30 dias) decretada pela Justiça.

 

Apesar de ter o CRM cassado, foram encontradas várias receitas de medicamentos controlados e carimbos com o nome dela

"Apesar de ter o CRM cassado, foram encontradas várias receitas de medicamentos controlados e carimbos com o nome dela no local do procedimento", disse Santoro.

 

Ele revelou ao MidiaNews que acompanhou a perícia feita no apartamento de cobertura de Denis, no condomínio Santa Mônica, na Barra, que servia como uma "clínica clandestina".

 

"Não há no local nenhuma estrutura minimamente adequada para a realização de procedimentos estéticos ou cirúrgicos. Haviam duas macas no apartamento, muitos medicamentos, inclusive mal armazenados, juntamente com alimentos, de modo completamente anti-higiênico", disse o delegado.

 

Ele contou que foram encontrados no apartamento vários remédios e embalagens, inclusive do PMMA (polimetilmetacrilato), um polímero, ou fibra sintética, em forma de gel, usado para o preenchimento dos glúteos da vítima.

 

namorada

A namorada e a ajudante: detidas e indiciadas

"Mas a maior quantidade de PMMA foi apreendida no interior de um veículo que estava no estacionamento do condomínio, provalvemente para tentar despistar a polícia", disse Felipe Santoro.

 

Associação para o crime

 

Segundo ele, mãe e filho, que foram indiciados por homicídio doloso qualificado e associação para o crime, utilizavam o apartamento para os procedimentos, já que não poderiam atuar no Rio sem o registro no CRM.

 

"Nenhum hospital ou clínica aceitariam os dois, que na verdade se uniam para praticar crimes. Por isso, eles usavam o local clandestino, onde passavam temporadas, atraindo grande concentração de mulheres em determinados dias da semana", afirmou Santoro.

 

O delegado contou que Denis Furtado não tem registro no CRM do Rio, mas apenas em Goiás e no Distrito Federal, por isso não poderia atuar no Estado.

 

"O estranho é que não há sequer um pedido de registro dele feito no CRM do Rio de Janeiro, embora ele seja carioca e atue aqui, divulgando inclusive seus contatos nas redes sociais", disse.

 

Nenhum hospital ou clínica aceitariam os dois, que na verdade se uniam para praticar crimes

O delegado afirmou que a namorada de Denis, chamada Renata Fernandes Cirne, e outra mulher, de nome Rosilane, provavelmente uma ajudante do médico, também foram indiciadas pelos mesmos crimes.

 

As duas continuam detidas na 16ª Delegacia de Polícia e, segundo Santoro, também serão alvos de pedidos de prisão.

 

"A namorada, que estava com os pertences de Lilian (jóias, documentos, celular, etc.), atuava como agenciadora, buscando clientes. Outras vítimas disseram que ela também indicava a quantidade de PMMA que seria usada em cada paciente", disse.

 

Barra D´Or 

 

O delegado contou ao MidiaNews que tomou conhecimento do caso a partir de uma comunicação feita pelo hospital Barra D´Or, para onde Lilian foi levada, na noite de sábado (14) após passar mal. O procedimento foi realizado por volta das 18 horas.

 

barra dor

Fachada do hospital Barra D´Or, para onde Lilian foi levada

"Eles deixaram a vítima lá e saíram rapidamente, provavelmente por saberem da gravidade da situação. Após o óbito, o hospital entrou em contato com o médico e comunicou o fato. Ele, então, desapareceu", disse. 

 

Denis Furtado, que já estava foragido, deu outra versão para familiares da vítima, no domingo: disse que Lilian e a equipe saíram para jantar logo depois do procedimento. E que ela teria passado mal em um restaurante, sendo levada em seguida para o Barra D´Or.

 

"Já solicitamos as imagens das câmaras de segurança para saber em quais condições a vítima entrou no apartamento, quanto tempo ficou lá, como saiu e com quem saiu, além das pessoas já identificadas", disse Santoro.

 

"O nosso objetivo agora é prendê-los e, em seguida, tomar todas as providências para os envolvidos na morte sejam julgados, condenados e, no caso do médico, perca seu registro no CRM", disse.  

 

Leia também:

 

Médico tem prisão decretada; namorada e enfermeira são detidas

 

Gerente do Bradesco de 46 anos morre após procedimento estético no RJ

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

cidadao  17.07.18 12h54
O crime de associação criminosa consiste no fato de "associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes" (CP, art. 288, caput). São dois os elementos que integram o delito: (1) a conduta de associarem três ou mais pessoas; (2) para o fim específico de cometer crimes. A redação original do art. 288 do Código Penal tipificava o crime de quadrilha ou bando. Com a entrada em vigor da Lei 12.850/2013 - Lei do Crime Organizado, o nomem iuris do delito for alterado para associação criminosa. A pena privativa de liberdade foi mantida (reclusão, de um a três anos), mas o número de pessoas para a configuração da associação criminosa é de apenas três pessoas, enquanto na quadrilha ou bando, exigiam-se pelo menos quatro indivíduos. Por se tratar de norma penal mais rigorosa, aplica-se somente aos fatos futuros.Trata-se de crime comum (aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa), plurissubsistente (costuma se realizar por meio de vários atos), comissivo (decorre de uma atividade positiva dos agentes "associarem-se") e, excepcionalmente, comissivo por omissão (quando o resultado deveria ser impedido pelos garantes – art. 13, § 2º, do CP), de forma livre (pode ser cometido por qualquer meio de execução), formal (se consuma sem a produção do resultado naturalístico, consistente na efetiva perturbação da paz pública), de perigo comum abstrato (aquele que coloca um número indeterminado de pessoas em perigo, mas não precisa ser demonstrado e provado, por ser presumido pela lei), permanente (a consumação se prolonga no tempo), plurissubjetivo (somente pode ser praticado por três ou mais pessoas), doloso (não há previsão de modalidade culposa), transeunte (costuma ser praticado de forma que não deixa vestígios, impossibilitando ou se tornando desnecessária a comprovação da materialidade por meio de prova pericial). Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
0
0
Rita  17.07.18 08h34
Uma verdadeira quadrilha. Fui a uma consulta em Brasília, onde ele atua como ortomolecular. Essa Renata, secretária, e a mãe do médico, Sra. Fátima, fazem um verdadeiro teatro para vender remédios e produtos. Sai de lá correndo!
0
0