Da alimentação ao uso de medicamentos, passando pela idade da gestante, diversos fatores podem trazer riscos à gravidez e exigem atenção redobrada, conforme a médica obstetra Caroline Paccola. Entre eles, destacam-se a gestação após os 40 anos, o consumo de anti-inflamatórios e o ganho excessivo de peso.

Em entrevista ao MidiaNews, a especialista revelou que as mulheres têm engravidado cada vez mais tarde no Brasil, segundo estudo do IBGE com base nos censos de 2000, 2010 e 2022, o que aumenta a necessidade de cuidados para garantir uma gestação saudável.
Ela informou que a gestação acima dos 40 anos pode ser considerada de risco, por isso o ideal é que as mulheres engravidem antes disso. No entanto, esta preferência não significa que a gestante vai ter problemas durante o período, mas que ela deve tomar mais cuidado para manter a gravidez saudável.
“Como as mulheres com mais de 40 tendem a ter mais diabetes gestacional, mais hipertensão gestacional, as complicações da gravidez podem fazer com que as consultas tenham que ser mais frequentes, que ela tenha que usar mais medicações”, disse Caroline.
O ganho de peso é outro fator crucial e esta independe da idade. Durante a gestação, muitas mulheres relaxam a alimentação por causa dos hormônios e dos conhecidos “desejos de grávida”, que pode trazer graves consequências, como a pré-eclâmpsia (hipertensão acompanhada de excesso de proteína na urina e até disfunção em outros órgãos), diabetes gestacional e outras doenças que levam riscos para a mãe e o filho.
Para evitar o sobrepeso, ela orientou que as gestantes façam refeições pequenas a cada duas ou três horas, sempre com variedade de frutas, legumes, verduras, carboidratos e proteínas.
“O ganho de peso ideal na gestação é, em média, de 8 a 12 kg. Para as mulheres que já engravidam com sobrepeso ou obesas, o ganho de peso deve ser menor, 8/6 kg. Para mulheres que têm um índice de Massa Corporal (IMC) menor, que já são bem magrinhas, o ganho de peso pode ser um pouco maior, 12/14 kg”.
Riscos do anti-inflamatório

Na entrevista, a médica reforçou ainda a importância do cuidado com medicamentos, especialmente anti-inflamatórios, que não devem ser consumidos por gestantes.
“Não é incomum que a gente receba paciente que, às vezes, é internada no hospital por conta de diminuição abrupta do líquido amniótico porque fez consumo de anti-inflamatórios. Tem alguns anti-inflamatórios que diminuem muito o líquido e elas não sabem, vão na farmácia, o farmacêutico dá um anti-inflamatório e isso pode trazer consequências bem ruins”, disse a médica.
Conforme ela, analgésicos simples podem ser utilizados com orientação, e antibióticos devem sempre ser prescritos por um médico.
E as outras medicações específicas, anti-hipertensivos, antidiabéticos, todos têm indicações específicas para a gestante. Tem alguns que podem ser usados na gravidez e outros que não podem”, complementou.
Atividade físicas

Além disso, a médica reforçou a importância das atividades físicas, inclusive, para a diminuição das dores durante a gravidez, o que pode até mesmo diminuir a quantidade de medicamentos.
“Se ela conseguir ter uma prática de atividade física com exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, ela vai diminuir muito o edema, as dores nas costas. Se ela tiver acesso à fisioterapia pélvica, que eu acho que é um serviço que deveria ser ampliado mais na assistência de pré-natal em toda a cidade e Estado, ajuda muito a fortalecer a musculatura e diminuir as dores que ela pode ter ali no final da gestação”, disse.
Para que as mulheres tenham uma gestação saudável é essencial que haja acesso ao pré-natal desde o início da gravidez, a fim de conhecer as limitações e necessidades que devem enfrentar no período.
“O pré-natal multidisciplinar é muito importante para que ela seja olhada de todas as formas. A enfermagem obstétrica tem muito o olhar em relação ao cuidado, ao quanto essa mulher precisa se cuidar, cuidar do seu bebê. E o pré-natal médico é muito importante para rastrear todos os fatores de risco e possibilitar o tratamento de todas as afecções que ela pode ter durante a gravidez”, finalizou.
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