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16.11.2025 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Psicóloga lista profissões suscetíveis ao burnout: “Muito estresse”

Carolina Gomes disse que mais de 500 mil pessoas foram afastadas por saúde mental no ano passado

Yasmin Silva/MidiaNews

A psicóloga Carolina Gomes, que atua no setor de medicina preventiva da Unimed Cuiabá

A psicóloga Carolina Gomes, que atua no setor de medicina preventiva da Unimed Cuiabá

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

Enfermeiros, médicos, professores e policiais são mais suscetíveis à síndrome de burnout devido à intensa carga de estresse a que são submetidos, revelou a psicóloga Carolina Gomes, que atua no setor de medicina preventiva da Unimed Cuiabá.

Algumas pesquisas relacionadas à síndrome de burnout falam que, por exemplo, os profissionais de saúde - enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem -, os professores e os policiais costumam ter esse diagnóstico

 

O burnout é uma síndrome causada pelo estresse crônico e prolongado no trabalho, levando a uma exaustão extrema que incapacita a pessoa de desempenhar atividades corriqueiras. Entre os principais sintomas estão insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, apatia, dores de cabeça frequentes e problemas gastrointestinais.

 

“Algumas pesquisas relacionadas à síndrome de burnout falam que, por exemplo, os profissionais de saúde - enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem -, os professores e os policiais costumam ter esse diagnóstico. É uma realidade mais próxima dessas profissões, mas isso não significa que outras não possam ter o diagnóstico. Profissões com muito estresse, muita cobrança, muitas responsabilidades e um contexto de trabalho muito estressante costumam ser as que mais aparecem no consultório”, explicou em entrevista ao MidiaNews

 

Segundo Gomes, no ano passado, o Ministério da Previdência Social afastou quase 500 mil pessoas por questões de saúde mental. Conforme ela, as mulheres são as mais afetadas. 

 

"É um número alarmante, que tem chamado muita atenção tanto dos profissionais quanto do governo, e percebemos que no consultório chegam cada vez mais pessoas exaustas física e mentalmente", disse.

 

A psicóloga falou também sobre os pilares do tratamento em meio à cultura da produtividade e aos memes da internet.

 

Confira os principais trechos da entrevista: 

 

MidiaNews - O que é de fato o burnout?

 

Carolina Gomes - O burnout hoje é considerado uma síndrome que inicialmente teve uma relação muito próxima com questões de trabalho. Hoje a gente sabe que ele vem de uma exaustão muito grande com relação ao trabalho e, com o tempo, percebemos que está em outras áreas da vida. Vem se falando do burnout materno, por exemplo, que é esse excesso de atividades, de funções e responsabilidades que as pessoas assumem e que muitas vezes vai causando esse esgotamento físico e mental. Gera uma série de sintomas, como dificuldade de concentração, quando você já não consegue mais realizar as atividades produtivas de trabalho, da vida, da forma como se fazia antes. A pessoa vai adoecendo tanto fisicamente quanto mentalmente, porque hoje a gente já não consegue mais separar uma coisa da outra.

 

MidiaNews - Quais são os principais sintomas? O burnout pode chegar a um suicídio?

 

Carolina Gomes - Muitas pessoas desenvolvem problemas gastrointestinais, dificuldade de concentração, dificuldade de produtividade, aquele cansaço extremo, em que a pessoa dorme, mas não consegue se sentir descansada no dia seguinte. Então ela vai trabalhar e se sente extremamente cansada. Muitas pessoas costumam relatar também problemas de insônia: ou elas sentem muito sono, ou não conseguem dormir. Têm um cansaço físico e mental, mas não conseguem dormir. Esses são alguns sintomas.

 

Muitas pessoas vão levando isso, não dão a devida seriedade no começo e, então, a questão vai se agravando até o ponto em que muitas vezes elas precisam ser afastadas do trabalho ou mudar o ambiente para, de fato, tratar isso de forma adequada.

 

Sim, pode chegar [a um suicídio], porque muitas pessoas que tentam suicídio não conseguem encontrar alternativas para solucionar esse sofrimento, não conseguem avaliar possibilidades ou pedir ajuda. Quando você fala de uma exaustão mental tão forte, que se junta com esse impacto físico, às vezes elas acham que a única alternativa é o suicídio.

 

 

 

MidiaNews - O que diferencia o burnout de um simples cansaço físico, mental ou emocional?

 

Carolina Gomes - O burnout é considerado um cansaço extremo. Aquele cansaço do dia a dia, quando você está num período de demanda maior no trabalho e se sente cansado, isso é normal, faz parte das demandas da vida. A grande questão é quando a sua qualidade de vida é afetada e você tem uma diminuição dela. Algumas pessoas costumam definir o burnout como aquela estafa, aquela exaustão em que a pessoa já tem todas as áreas da vida afetadas.

 

MidiaNews - Há sinais iniciais que costumam ser ignorados pelas pessoas até que o quadro se agrave?

 

Carolina Gomes - O coração acelerado, muitas vezes, quando você vai trabalhar ou quando vai dormir; a própria insônia; a dificuldade para dormir, que vai sendo levada ao longo do tempo até chegar a uma qualidade de sono muito baixa. Toda hora a pessoa tem dor de cabeça, dor de estômago, não consegue se concentrar em mais nada, um desânimo muito grande para trabalhar ou fazer outras atividades.

 

E, conforme a vida vai ficando mais acelerada e demandando mais responsabilidades, as pessoas começaram a normalizar esses sintomas e vão postergando até chegar a um ponto em que muitas vezes não conseguem mais desempenhar suas funções ou assumir responsabilidades do trabalho ou da vida — e acabam precisando ser afastadas. 

 

MidiaNews - Quais profissões ou ambientes de trabalho estão mais suscetíveis à síndrome?

 

Carolina Gomes - Algumas pesquisas relacionadas à síndrome de burnout falam que, por exemplo, os profissionais de saúde - enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem -, os professores e os policiais costumam ter esse diagnóstico. É uma realidade mais próxima dessas profissões, mas isso não significa que outras não possam ter o diagnóstico. Profissões com muito estresse, muita cobrança, muitas responsabilidades e um contexto de trabalho muito estressante costumam ser as que mais aparecem no consultório.

 

 

 

MidiaNews - A síndrome tem mais a ver com a atividade profissional ou com o modo como as pessoas lidam com ela?

 

Carolina Gomes - Algumas pessoas têm um perfil que pode ser mais propenso ao diagnóstico de burnout. Claro que os fatores laborais podem potencializar isso. Por exemplo, se você tem um trabalho que não oferece muita qualidade de vida, há um potencial de desenvolver essa exaustão extrema. Porém, algumas pessoas têm esse perfil por acreditarem que são muito produtivas, “workaholic”. Isso também aumenta a propensão de desenvolver burnout, porque, no contexto atual, é comum que se valorize quem trabalha demais, dorme pouco, assume excesso de atividades. Isso pode contribuir para o adoecimento.

 

MidiaNews - Tem notado um aumento no número de casos nos últimos anos? Atinge mais homens ou mulheres?

 

Carolina Gomes - A gente percebe, sim, um aumento desses casos. No ano passado, o Ministério da Previdência Social afastou quase 500 mil pessoas por questões de saúde mental. É um número alarmante, que tem chamado muita atenção tanto dos profissionais quanto do governo, e percebemos que no consultório chegam cada vez mais pessoas exaustas física e mentalmente.

 

A tendência é que as mulheres sejam mais afetadas, justamente por terem muitas demandas além das profissionais, demandas familiares, pessoais, e uma autocobrança muito grande para dar conta de tudo. Então, as mulheres normalmente são muito afetadas pelo burnout e costumam aparecer mais no consultório.

 

MidiaNews - O burnout virou febre nas redes, alvo de memes, tema na novela Vale Tudo. Qual o impacto disso na discussão real do tema?

 

Carolina Gomes - É importante falar de forma mais aberta sobre isso. Eu, enquanto profissional, costumo dizer que quanto mais abertura temos para falar sobre assuntos como esse, mais conseguimos ampliar a discussão, trazer as pessoas para perto e acabar com preconceitos. Mas é importante dar a devida seriedade à síndrome, porque ela de fato incapacita a pessoa a ponto de ser afastada. Quando falamos de saúde mental, é sempre importante tratar o assunto com seriedade, senão vira meme.

 

 

 

MidiaNews - Não acha que, por conta desse "sucesso" em rodas de discussão, ela seja minimizada como doença no dia a dia profissional?

 

Carolina Gomes - Eu acredito que muitas pessoas ainda desconhecem o tema. Com essa discussão nas redes sociais, muitos podem ter uma visão equivocada do que seria o burnout. As pessoas podem se aprofundar mais sobre o que é a síndrome, como tratar, com quem buscar ajuda e também estar mais atentas às pessoas próximas. Pessoas podem estar convivendo com alguém que vive isso e não se identificar. Pode haver banalização, sim, mas é importante buscar entender e dar a devida seriedade ao tema.

 

MidiaNews - Como o avanço da tecnologia, com o trabalho remoto e a hiperconectividade, tem impactado o equilíbrio entre vida pessoal e profissional?

 

Carolina Gomes - Muitas vezes o burnout ainda vem como um resquício da pandemia. Na época, muitas pessoas passaram a trabalhar de casa, o que facilitou algumas demandas, como diminuir o tempo de deslocamento. Porém, eu costumo dizer que o trabalho invadiu o ambiente de casa. Quando você trabalha presencialmente, é como se o trabalho se encerrasse ali: deu o horário, você vai embora. No home office, você acaba deixando que o trabalho invada seu espaço. Muitas pessoas não conseguem definir horário para parar, ou colocam mais atividades durante o expediente — fazer almoço, lavar roupa — porque estão em casa.

 

Quando você trabalha presencialmente, é como se o trabalho se encerrasse ali: deu o horário, você vai embora. No home office, você acaba deixando que o trabalho invada seu espaço

Assim, você aumenta as demandas e responsabilidades justamente por estar em um único ambiente. É importante, para quem trabalha em home office, conseguir separar e diferenciar o que é trabalho e o que é casa, porque a tendência é aumentar ainda mais as demandas.

 

MidiaNews - O que uma pessoa que suspeita estar vivendo burnout pode fazer? Como é o tratamento?

 

Carolina Gomes - Quando ela percebe que pode estar com exaustão, é importante procurar um psicólogo e um psiquiatra. O psiquiatra pode indicar medicação e o psicólogo vai tentar ajustar o fator que gerou essa exaustão e o gatilho que faz a pessoa ficar cada vez mais cansada.

 

A junção dos dois faz muita diferença. É preciso ter mudanças de hábitos de vida — não tem como falar de burnout sem mudar nada na rotina. Pode haver prescrição medicamentosa, que vem para colaborar, e sempre recomendamos melhorar alimentação, praticar atividade física — é uma mudança de hábitos mesmo. Psicoterapia, acompanhamento médico e psiquiátrico formam a base do tratamento. Pode ser que não haja indicação de medicação, mas a maioria das pessoas precisa, porque chegam ao consultório com sintomas já agravados.

 

MidiaNews - Tem quem não tenha condições de procurar apoio psicológico ou até tenha preconceito. O que a pessoa pode fazer por conta própria para frear a síndrome?

 

Carolina Gomes - É importante mudar os hábitos de vida. Se percebe que está ficando cada vez mais cansada, que sua qualidade de vida está diminuindo, que não está dormindo direito, que chega o fim de semana e você só pensa em trabalho, não consegue se dedicar a outras atividades, não consegue tempo para a família ou para fazer algo que cause prazer e divertimento, é importante olhar para esse cenário e avaliar o que é possível mudar.

 

Claro que muitas vezes não conseguimos viver no mundo ideal e dizer: “Se o trabalho está te adoecendo, saia dele”. Às vezes não há essa possibilidade, mas há como lidar de forma diferente com esse trabalho que está exigindo demais.

 

Proporcionar situações de descanso, diminuir o uso do celular — que tem gerado muito cansaço mental —, evitar passar horas nas redes sociais, o que também cansa muito o cérebro. Isso, associado às demandas da vida e do trabalho, tem um potencial ainda maior de gerar cansaço. É mudança de vida, de hábitos, de contexto.

 

MidiaNews - Há casos em que a pessoa consegue se recuperar sem fazer uma pausa?

 

Carolina Gomes - Na maioria dos casos, quando a pessoa procura ajuda ela já não consegue mais manter as atividades de trabalho. Então, o grande fator é conseguir identificar quando você ainda está no percurso desse cansaço extremo. A maioria, quando chega, já tem diagnóstico da síndrome de burnout e precisa ser afastada.

 

MidiaNews - É possível mensurar o tempo de recuperação? É possível falar em cura?

 

Carolina Gomes - Na psicologia, é muito difícil mensurar tempo, porque cada um tem um processo para lidar com suas questões. Depende do engajamento da pessoa no tratamento. Costumamos dizer que leva meses para conseguir se restabelecer.

 

Dentro do contexto psicológico, também é difícil falar em cura, porque não estamos falando necessariamente de uma doença, mas de uma síndrome. Mas quando a pessoa faz um tratamento adequado e se engaja, é possível restabelecer qualidade de vida, voltar às atividades laborais e ter uma vida mais equilibrada e saudável.

 

 

 

MidiaNews - Que impactos ou sequelas o burnout pode deixar a longo prazo?

 

Carolina Gomes - A pessoa pode desenvolver outros transtornos mentais: síndrome do pânico, depressão, transtorno de ansiedade generalizada. A atenção precisa ser voltada para evitar impactos negativos de longo prazo, como necessidade de medicação por mais tempo, insônia persistente, problemas gastrointestinais crônicos, como gastrite, dores de cabeça. Tudo isso pode ocorrer caso a pessoa não faça um tratamento adequado.

 

MidiaNews - A pessoa consegue voltar a ser quem era depois de tratar a síndrome, ou essa experiência muda para sempre o indivíduo?

 

Carolina Gomes - Toda situação como essa gera uma marca na vida da pessoa. Se em algum momento ela teve uma síndrome de burnout, significa que, a partir dali, precisa ser muito mais vigilante em relação ao comportamento diante de responsabilidades, à forma como lida com o trabalho e com as questões da vida, porque a chance de ter um novo episódio é maior. É uma vigilância e um trabalho constante de cuidado pessoal, de como lidar com o trabalho e aceitar as demandas da vida — porque a vida continua e traz diversas responsabilidades.

 

MidiaNews - Quais práticas cotidianas ajudam a prevenir o burnout?

 

Carolina Gomes - É importante, no dia a dia, separar um tempo para descansar. Pode parecer simples, mas a maioria das pessoas não faz isso. Descansar é não ter responsabilidades ou ter tempo para fazer o que gosta. Hoje, as pessoas usam o tempo de descanso para ficar no celular. Ficar horas rolando redes sociais não é descanso, é sobrecarregar ainda mais o cérebro com estímulos e luz azul.

 

Eu acredito que pode ser um reflexo coletivo e também está relacionado ao perfil de algumas pessoas que têm tendência a desenvolver burnout

Atividade física, atividades prazerosas, tempo em família ou até mesmo não fazer nada, tudo isso pode ser descanso. Às vezes, as pessoas saem do trabalho e já colocam atividades domésticas para fazer, e isso não é descanso. Ler um livro, fazer um curso, uma atividade manual ou não fazer absolutamente nada,  algo que hoje, no cenário que a gente vive, é quase um crime, uma ofensa, mas são práticas importantes. O corpo precisa diminuir o nível de estímulo para restabelecer sua bateria corporal para uma próxima atividade.

 

MidiaNews - E o que você diria para as pessoas que sentem culpa por descansar?

 

Carolina Gomes - A culpa é uma mochila pesada que carregamos e que não ajuda em nada. Sentir culpa não colabora; na verdade, atrapalha. É um peso levado ao longo da vida que não traz resposta positiva. As pessoas precisam entender que, apesar do cenário atual de muita cobrança e estímulos, continuamos sendo seres humanos que precisam descansar e ter qualidade de vida.

 

É importante identificar o que é primordial para seu descanso e qualidade de vida e manter isso. Se você conclui que atividade física é imprescindível, então isso não pode ser negociável com outras atividades. A culpa não leva a lugar nenhum, deixe essa mochila pesada de lado, porque o descanso é necessário e recomendado pelos profissionais de saúde.

 

MidiaNews - Você acredita que o burnout é um sintoma individual ou um reflexo coletivo da forma como a sociedade se organiza em torno do trabalho?

 

Carolina Gomes - Eu acredito que pode ser um reflexo coletivo e também está relacionado ao perfil de algumas pessoas que têm tendência a desenvolver burnout. Mas há um reflexo muito forte das cobranças e demandas da sociedade atual, dessa rapidez em tudo. Hoje, a gente já não consegue ouvir um áudio no 1.0 porque parece devagar. Então nos colocamos em situações em que tudo precisa ser rápido, e o trabalho acompanha essa urgência.

 

MidiaNews - O movimento "Vida Além do Trabalho" defende a redução da carga horária e o fim da escala 6x1. A senhora é a favor do movimento? Acredita que isso seja um sintoma social?

 

Carolina Gomes - Em muitas situações, as pessoas não conseguem visualizar a vida além do trabalho, porque é uma atividade que ocupa a maior parte do tempo. Muitas vezes passamos mais tempo com colegas de trabalho do que com a família. Para muitas pessoas, o trabalho acaba virando tudo. Mas, de fato, existe vida além do trabalho. A grande dificuldade e onde o adoecimento surge  é quando essa vida não é cuidada com a mesma intensidade que o trabalho. Eu sou a favor de que as pessoas tenham mais tempo para descansar. Sei que é um grande desafio para empresas e empresários, mas, olhando para o colaborador, a tendência é trazer mais qualidade de vida.

 

Quando pensamos que há várias responsabilidades além do trabalho, atividades domésticas, cuidados com a saúde, exames, check-up, e colocamos na balança o 6x1, o peso é muito maior. É muito complicado que, dentro desse único dia de descanso, a pessoa ainda consiga se divertir e descansar de verdade.

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